Thursday, June 08, 2006

TOQUE DE LETRA



Pedro J. Bondaczuk



MORRE UM MITO DO RÁDIO

O rádio esportivo brasileiro acaba de sofrer uma perda irreparável, com a morte, aos 77 anos de idade, nesta madrugada (no Hospital Alvorada de São Paulo) do narrador esportivo Fiori Gigliotti, “o moço que veio de Lins”, usando a mesma forma carinhosa que ele consagrou para caracterizar os jogadores, em suas narrações, declinando suas cidades de origem. Abordar sua brilhante carreira é desnecessário, pois os amantes do esporte conhecem, de sobejo, sua vitoriosa trajetória. Entre outras realizações, por exemplo, cobriu dez Copas do Mundo como narrador e outras três como comentarista. Fez escola no rádio, onde se constituía num ícone, num paradigma, num mito. Como radialista e como cronista esportivo que fui (ou que sou, pois essa condição não depende de estar ou não em atividade) não posso deixar de registrar (e de lamentar, é claro) esta perda irreparável. Faço minhas as palavras que o site Uol utilizou para noticiar a sua morte: “fecham-se as cortinas e termina o espetáculo”. Que Deus o acolha em sua glória, caríssimo Fiori.

CANTINHO DA SAUDADE

Fiori Gigliotti apresentou, por mais de três décadas consecutivas, em várias emissoras, um programa de enorme audiência aos domingos, antes das jornadas esportivas, chamado de “Cantinho da Saudade”. Nele, lembrava craques do passado, jogos inesquecíveis e momentos comoventes envolvendo os principais personagens do futebol. O narrador trabalhou em poucas, mas nas principais emissoras de São Paulo. Consagrou-se, na verdade, na Bandeirantes (onde tive o orgulho de trabalhar, posto que em Campinas, quando a rádio ainda se chamava Educadora), ao lado de grandes feras, como Edson Leite, Pedro Luiz, Mário Moraes, Mauro Pinheiro e tantos e tantos outros profissionais brilhantes, que se espelhavam no seu exemplo. Trabalhou, também, na Panamericana (atual Jovem Pan), na Record, na Tupi e na Capital, onde estava atualmente. Sua trajetória, certamente, ficará gravada para sempre, de forma indelével, no “cantinho da saudade” do rádio brasileiro, notadamente do paulista.

FIM DA LUA-DE-MEL

Faltando apenas cinco dias para a estréia da Seleção Brasileira na Copa do Mundo da Alemanha, tudo leva a crer que chegou ao fim a lua-de-mel entre a imprensa nacional e os integrantes do esquadrão canarinho (esse clichê é ótimo!). Os jornalistas reclamam das restrições impostas ao seu trabalho. Os jogadores devolvem a reclamação, queixando-se do excesso de assédio, num momento em que precisam se concentrar, mais do que nunca, na competição. Essa é uma das raras situações de conflito em que as duas partes têm razão. É para lá de óbvio que a Seleção Brasileira é notícia, não somente no Brasil, mas em qualquer parte do mundo. Daí a presença maciça da imprensa, onde quer que ela vá. Ocorre que os jogadores são apenas 23 e os jornalistas que os querem entrevistar são mais de mil! Vai daí...Com um pouquinho de flexibilidade, de parte a parte, as coisas podem se resolver.

URUCUBACA DO FENÔMENO

Ronaldinho, o Fenômeno, atravessa uma fase que pode ser classificada de “urucubaca”, como diria o presidente Lula. Tão logo chegou a Wegis, na Suíça, por exemplo, teve que explicar mais de mil vezes, para os mais de mil jornalistas que cobrem as atividades da Seleção Brasileira, que não está “gordo”, como se apregoa, mas que ganhou massa muscular. A seguir, precisou dar explicações sobre o flagrante de fotógrafos suíços, que publicaram fotos suas na balada em uma boate, num dia de folga dos atletas, fazendo o papel de “crooner”. Nem bem esse assunto havia esfriado, surgiram as tais bolhas nos seus pés, que impediram que tivesse uma performance melhor no amistoso contra a Nova Zelândia, disputado em Genebra (embora tivesse feito um gol e chutado uma bola na trave). Hoje, Ronaldo acordou febril e foi poupado do treino da Seleção, aberto ao público. Que maré! Tomara que, em contrapartida, o Fenômeno tenha toda a sorte do mundo na hora do vamos ver e seja o fator de desequilíbrio que permita que o Brasil conquiste o hexa.

ELÁSTICO DOLORIDO

Ronadinho Gaúcho levou, ontem, um “elástico”, nos treinos da Seleção Brasileira na Alemanha. Não se tratou, porém, como algum desavisado pode pensar, do tal drible, consagrado por Rivelino, que leva esse nome. Trata-se de uma espécie de cinta elástica que é utilizada para treinos de força e resistência pelos atletas. A de Ronaldinho Gaúcho arrebentou e voltou com tudo contra o seu corpo, acertando, caprichosamente, as suas nádegas. A dor deve ter sido enorme, pois o atleta ficou alguns minutos rolando no chão, até que o massagista lhe aplicasse uma pomadinha anestésica no bumbum. O incidente, todavia, não teve maiores conseqüências, a não ser um enorme vergão no lugar atingido. Só que, depois da elasticada que tomou, o jogador se tornou alvo das gozações dos companheiros, notadamente do Fenômeno e, principalmente, do Robinho, que não perde uma única oportunidade para tirar sarro dos companheiros. Ronaldinho prometeu que haverá volta.

HUMILDADE E SOLICITUDE

Por falar no Ronaldinho Gaúcho, os jornalistas que cobrem as atividades da Seleção Brasileira foram unânimes em apontar o melhor jogador do mundo, ao lado do lateral-esquerdo Roberto Carlos, como os dois atletas que mais colaboram com a imprensa. Os demais, fogem dos microfones, gravadores, câmeras etc. como o diabo foge da cruz. A maioria faz que sequer vê os repórteres e passa ao largo. Como homem de imprensa, sei o quanto essa humildade e essa solicitude são importantes para o nosso trabalho. Afinal, nenhum jornalista está ali para brincar, mas para cumprir pautas, com horários rigorosíssimos e com a obrigação de abastecer ao máximo o noticiário das emissoras de rádio e televisão, dos jornais e dos portais da internet. Só não entendo a razão da imprensa estar se mostrando tão severa com o craque que defende as cores do Barcelona. Será que é para desafiar Ronaldinho a fazer chover (é só o que lhe falta!) durante a Copa? Só pode ser!!!

RESPINGOS...

· E Waguinho Dias dançou, mesmo, no Guarani. Embora tirando água de pedra do limitado elenco que tinha em mãos, nos dez primeiros jogos do Bugre no Campeonato Brasileiro da Série B, o treinador recebeu o clássico bilhete azul da nova diretoria do clube.
· A expectativa, pelos lados do Moisés Lucarelli, é quanto ao anúncio do nome do novo responsável pelo futebol profissional da Macaca. Há dois fortes candidatos, ambos de peso: Sebastião Lapola e Pedro Rocha.
· Crescem os rumores no Brinco de Ouro de que Osvaldo Alvarez, o Vadão, que deixou recentemente o comando técnico da Ponte Preta, estaria com um pé no Guarani. Não deixa de ser um excelente nome para substituir Waguinho.
· Marco Aurélio Moreira promete olhar com carinho os jogadores das categorias de base da Ponte Preta. Já começou dando chances a Nei, Caio e Vanderley, convocando Wellington para o banco de reservas e promete aproveitar ainda vários outros atletas no momento que julgar adequado. É a Macaca voltando às origens.
· Terminou com um final feliz a novela da escolha do novo presidente do Guarani. Leonel Martins de Oliveira vai, mesmo, comandar o clube até o final de 2007. Que tenha toda a sorte do mundo!!

* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


pedrojbk@hotmail.com

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