Sunday, November 04, 2012

Relevo favorece cataclismos

Pedro J. Bondaczuk

A República Popular de Bangladesh, que se tornou independente do Paquistão em 26 de março de 1971, cujo nome, no idioma bengali, que é o nacional, é “Gana Projatantri Bangladesh”, tem como principais características a extrema miséria do seu povo, a violência política e os freqüentes desastres naturais.

Foi nesse território, por exemplo, que se deu o maior cataclismo deste século, em 1984, oportunidade em que um arrasador tufão, acompanhado por enchentes devastadoras, matou um número estimado de 1,5 milhão de pessoas. Este, porém, não foi o único desastre natural a atingir esse território. Anualmente, na primavera na região, vendavais incontroláveis varrem o país, arrasando lavouras e destruindo o pouco que esse povo normalmente tem.

Numa área de quase a metade do Estado de São Paulo (que tem 247.898 quilômetros quadrados), ou seja, 143.998 quilômetros quadrados, vivem mais de 107 milhões de pessoas. A própria característica do seu relevo e sua situação geográfica favorecem a ocorrência de desastres naturais.

Trata-se de uma planície de aluvião, parte da qual abaixo ou ao nível do mar, formada por dois grandes rios, o Ganges e o Bramaputra, ambos sagrados para os hinduístas. As duas bacias se unem para formar o Padma, que deságua na Baía de Bengala, num grande delta.

O país é afetado pelo fenômeno das monções, ou seja, aquelas chuvas torrenciais que se formam repentinamente e desabam como se fossem derramadas com um balde que caracterizam as regiões tropicais e subtropicais asiáticas.

Em tais ocasiões, o território bengalense todo se transforma, virtualmente, numa imensa planície de água. Por isso, boa parte das casas, nas zonas mais baixas, é constituída de palafitas. Ainda assim, as tragédias acabam por ser inevitáveis.

Climatólogos estimam que o desastre ecológico no Golfo Pérsico, com a queima de seis milhões de litros de petróleo diariamente nos mais de 600 poços em chamas no Kuwait, tende a alterar o clima de toda a Ásia. Em algumas regiões são esperadas secas catastróficas. Em outras, enchentes apocalípticas. Teme-se que Bangladesh se inclua neste último caso e que as tradicionais cheias anuais, doravante, venham a ser piores do que as que costumam afetar seu território.

(Artigo publicado na página 32, Especial, do Correio Popular, em 3 de maio de 1991)

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