Pedro J. Bondaczuk
A cultura e o mundo político de Campinas ficaram mais pobres com a morte, no início deste mês, de Ruy de Almeida Barbosa, mais um dos sócios-fundadores da Academia Campinense de Letras a deixar a vida para assumir a imortalidade do espírito.
Homem culto, e de raro dinamismo, foi delegado de polícia em diversas localidades do Estado e em Campinas, onde também lecionou Direito Constitucional na Pontifícia Universidade Católica local. Na qualidade de advogado, dirigiu o Departamento Legal da Prefeitura.
Como político, representou a cidade na Assembléia Legislativa paulista por 14 anos, de 1950 a 1964, e na Câmara Federal, com uma folha de serviços impecável, caracterizada por inúmeros projetos de grande relevância social. Também foi ministro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.
Esse dinamismo valeu a Ruy de Almeida Barbosa o reconhecimento público, nacional e internacional, como os títulos de Cidadão Honorário de vários municípios paulistas, diversas medalhas, com destaque para a comemorativa do 50º ano do vôo de Santos Dumont, a Duque de Caxias, e a da Justiça Militar de São Paulo e as comendas da Estrela da Solidariedade Italiana e da República Árabe Unida (federação, hoje desfeita, integrada pelo Egito e pela Síria).
Com tanta atividade, o saudoso confrade ainda encontrava tempo para as letras, ocupando a Cadeira nº 38 da Academia Campinense de Letras, cujo patrono – o campineiro que ascendeu ao cargo mais alto do País, o de presidente da República, Manuel Ferraz de Campos Salles – foi por ele escolhido.
Pessoas como Ruy de Almeida Barbosa, no entanto, não morrem nunca, “ficam encantadas”, como dizia Guimarães Rosa. Sobrevivem na mente e nos corações dos pósteros. O dramaturgo irlandês George Bernard Shaw escreveu que “a vida iguala todos os homens; a morte revela os eminentes”.
O querido confrade não morreu. Assumiu a imortalidade, a que tem direito na Academia Campinense de Letras do céu, ao lado de acadêmicos ilustres como monsenhor Emílio José Salim, Francisco Ribeiro Sampaio, Benedito Sampaio, Theodoro de Souza Campos Jr., Paulo Mangabeira Albernaz, Mário Gianini e tantos e tantos outros que lá do alto inspiram, e guiam seus sucessores, nessa brilhante corrente de racionalidade.
(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 20 de novembro de 1993)
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