Friday, November 16, 2012

Obsessão pelo tempo

Pedro J. Bondaczuk

O tempo (sempre ele!), desde que tomei consciência da vida, do mundo, do universo, enfim, de tudo o que me cerca – visível ou invisível, concreto ou abstrato – se tornou, para mim, uma obsessão. É o tema mais constante (diria que recorrente) não somente das minhas reflexões e devaneios e, por conseqüência, dos meus textos, mas de todas as cogitações que faço.

Minha principal preocupação é a de evitar desperdício de tempo, dada sua suma preciosidade. Ninguém sai por aí esbanjando as coisas preciosas que conquistou, levando em conta a escala de valores (nem sempre coerente e lógica) estabelecida pelo homem. Fazê-lo seria, na melhor das hipóteses, grande tolice, embora haja muitos e muitos que não se dão conta disso e que jogam fora, em transações mal planejadas, ou sequer planejadas, o que conquistaram com tantos e ingentes sacrifícios;

Se é inteligente, ou pelo menos sensato, preservar bens materiais, concretos, tangíveis e palpáveis, pelos quais tanto nos empenhamos em conquistar e que, ademais, só temos posse transitória deles, ou seja, enquanto estivermos vivos, imaginem a importância que tem a preservação do que nos possibilita, do que nos dá chances, mesmo que apenas potenciais, de sua conquista. Nada, absolutamente nada é mais precioso que o tempo, dada, claro, nossa efemeridade. Podemos ter pela frente anos, várias décadas até, ou meras frações de segundos, Nunca se sabe quanto. E é bom que assim seja.

Imaginem a angústia de alguém que soubesse que está com os dias contados! Aliás, esta é a maior crueldade da pena de morte, que abomino, por mais que o condenado mereça. Por que? Porque ele sabe, de antemão, a data em que será executado. O que será que passa pela cabeça desse infeliz? Boa coisa que não é. Posso até imaginar, sem saber, óbvio, se é mesmo o que imaginei.

Por estes dias venho sentindo na carne a angústia da perda de tempo, ditada por circunstâncias alheias à minha vontade. Uma severa conjuntivite faz com que enxergue o mundo envolto em densa névoa, o que me impede de ler e de cumprir minha pauta diária de trabalho. Tomado de intensa angústia, tento adaptar-me à situação, no que o computador me ajuda decisivamente. Sem essa preciosa e genial maquininha, eu não conseguiria escrever nada. Todavia, ampliando o corpo das letras de sorte a que se torne visível (no tamanho 20), venho conseguindo a façanha de fazer o que mais gosto e sei: expor idéias e sentimentos mediante o maravilhoso recurso da palavra escrita; Provavelmente é uma decisão imprudente da minha parte. Imprudência maior, porém, no meu entender, seria desperdiçar todo esse tempo, mesmo que premido pelas circunstâncias.

Nesse ínterim – e meu drama já se estande por longos e aflitivos dez dias – já compus quatro poemas e redigi três crônicas, gastando o dobro do tempo normalmente despendido nessas tarefas. Houve, pois, um certo desperdício, o que me amofina e incomoda. Mas se não tomasse a decisão de improvisar e me adaptar à circunstância, a perda seria muito maior. Aliás, seria total. Daí eu ter confessado, no início destas reflexões, ser obcecado pelo tempo. Afinal, isso não é uma baita obsessão?!!!

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