Wednesday, November 07, 2012

Alucinação

Pedro J. Bondaczuk

Alucinação...Caos...Delírio...
Reino do nonsense. Pesadelo! Horror!
Como se dopado por LSD-25,
explodem imagens deformadas sem cor.

Pássaro preto, camuflado pela noite
sem mísero pontinho de luz.
Barbatanas fazem as vezes de asas,
a nadar em profundezas abissais.

Monstruoso peixe, com escamas de carbono,
tubarão alado, implacável, voraz,
voa, com asas de tungstênio,
no vácuo indimensionável, sem fim.

Rosa negra, aberração biológica
que desafia a mais fértil imaginação,
com espinhos de bocarras antropofágicas:
foi gerada nos jardins da Solidão.

Micro-inseto que pesa toneladas,
elefante com dimensões de piolho,
alça vôo, inusitado, impossível:
asas translúcidas, delgadas, de libélulas.

Como se dopado por LSD-25,
há falência absoluta da razão,
amálgama de cheiros, sons e imagens.
Delírio...Caos...Alucinação...


(Poema composto em Campinas, em 12 de dezembro de 1965 e inspirado na crônica “A droga da loucura”, de Guilherme de Almeida, publicada na coluna “Eco ao longo dos meus passos” no jornal “O Estado de São Paulo”, em 22 de novembro de 1961, sobre o LSD-25, a “Dietilamida do ácido lisérgico”)

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