Liberdade de informação
Pedro J. Bondaczuk
A divulgação feita, em 19 de dezembro de 1984, pelo jornal "The Washington Post", acerca do objetivo da missão ultra-secreta da nave norte-americana reutilizável "Discovery", que seria lançada no espaço no dia 23 de janeiro de 1985, levantou, nos EUA, uma enorme polêmica sobre a liberdade de imprensa.
O Pentágono considerou a quebra de sigilo uma violação às normas de segurança nacional. O editor do "Post", Benjamin Bradley, repudiou a acusação, feita pelo próprio secretário de Defesa, Casper Weinberger, argumentando que o cidadão daquele país tinha todo o direito de saber sobre o programa do avião orbital, cujas conseqüências poderiam levar as superpotências a outra séria crise.
A imprensa dos EUA sempre teve tradição de liberdade, com responsabilidade. Sua atuação enérgica, decidida e isenta, tem garantido a manutenção de uma das sociedades mais abertas e exemplares do Planeta, impedindo que maníacos aventureiros (dos quais o mundo está farto) promovam estrepolias como as de Adolf Hitler e outras, menos ostensivas, mas que não deixam de ser condenáveis.
Foi uma reportagem do "The Washington Post", por exemplo, que levou à queda do presidente Richard Nixon, em 8 de agosto de 1974, que renunciou para não ter seu "impeachment" aprovado pelo Capitólio, depois do caso de espionagem ocorrido no edifício Watergate. São denúncias de tantos outros jornais de renome daquele país que têm levantado a opinião pública mundial contra os abusos cometidos por paranóicos sequiosos de poder, que violentam os direitos humanos nas mais variadas formas e diversos lugares da Terra, prendendo, expropriando bens, torturando, matando e difamando pessoas, geralmente impotentes para se defenderem.
O que seria do mundo sem uma imprensa livre? Os cidadãos sentir-se-iam inseguros até para sair de casa sem essa tribuna para denunciar as mazelas e a prepotência dos que se valem do poder público para promover interesses pessoais, a sociedade, inclusive, poderia até mesmo se desorganizar com os indivíduos sentindo-se ameaçados em sua integridade, criando leis próprias, calcadas apenas na força.
Não é mera coincidência o fato das maiores atrocidades e genocídios acontecerem onde a atuação dos órgãos de divulgação é restringida e controlada pelo Estado. Onde a imprensa é manietada e amordaçada e impedida de exercer a sua missão de informar e alertar a opinião pública.
Violação à segurança nacional, a nosso ver, é o lançamento de um satélite destinado a espionar o que se passa em outro país, mesmo que esse seja um Estado policial que confina os seus cidadãos mais ilustres e mantém seu povo numa enorme alienação sobre o que se passa ao seu redor. São US$ 300 milhões despendidos para fazer desse patrimônio de toda a humanidade, que é o espaço, uma arena para um duelo que não tem condições de definir um vencedor.
Violar a segurança nacional, acima de tudo, é impedir que os cidadãos tenham informação de um fato que pode trazer conseqüências para toda a sociedade, em caso de vir reação da outra parte, que pode interpretar a missão como ato de guerra e buscar represália. E esse risco existe, não apenas para os EUA, mas, e sobretudo, para toda a humanidade, que acaba entrando, mesmo que não queira, nessa briga com a qual não tem nada a ver.
(Artigo publicado na página 10, de Internacional, do Correio Popular em 21 de dezembro de 1984).
Acompoanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
Pedro J. Bondaczuk
A divulgação feita, em 19 de dezembro de 1984, pelo jornal "The Washington Post", acerca do objetivo da missão ultra-secreta da nave norte-americana reutilizável "Discovery", que seria lançada no espaço no dia 23 de janeiro de 1985, levantou, nos EUA, uma enorme polêmica sobre a liberdade de imprensa.
O Pentágono considerou a quebra de sigilo uma violação às normas de segurança nacional. O editor do "Post", Benjamin Bradley, repudiou a acusação, feita pelo próprio secretário de Defesa, Casper Weinberger, argumentando que o cidadão daquele país tinha todo o direito de saber sobre o programa do avião orbital, cujas conseqüências poderiam levar as superpotências a outra séria crise.
A imprensa dos EUA sempre teve tradição de liberdade, com responsabilidade. Sua atuação enérgica, decidida e isenta, tem garantido a manutenção de uma das sociedades mais abertas e exemplares do Planeta, impedindo que maníacos aventureiros (dos quais o mundo está farto) promovam estrepolias como as de Adolf Hitler e outras, menos ostensivas, mas que não deixam de ser condenáveis.
Foi uma reportagem do "The Washington Post", por exemplo, que levou à queda do presidente Richard Nixon, em 8 de agosto de 1974, que renunciou para não ter seu "impeachment" aprovado pelo Capitólio, depois do caso de espionagem ocorrido no edifício Watergate. São denúncias de tantos outros jornais de renome daquele país que têm levantado a opinião pública mundial contra os abusos cometidos por paranóicos sequiosos de poder, que violentam os direitos humanos nas mais variadas formas e diversos lugares da Terra, prendendo, expropriando bens, torturando, matando e difamando pessoas, geralmente impotentes para se defenderem.
O que seria do mundo sem uma imprensa livre? Os cidadãos sentir-se-iam inseguros até para sair de casa sem essa tribuna para denunciar as mazelas e a prepotência dos que se valem do poder público para promover interesses pessoais, a sociedade, inclusive, poderia até mesmo se desorganizar com os indivíduos sentindo-se ameaçados em sua integridade, criando leis próprias, calcadas apenas na força.
Não é mera coincidência o fato das maiores atrocidades e genocídios acontecerem onde a atuação dos órgãos de divulgação é restringida e controlada pelo Estado. Onde a imprensa é manietada e amordaçada e impedida de exercer a sua missão de informar e alertar a opinião pública.
Violação à segurança nacional, a nosso ver, é o lançamento de um satélite destinado a espionar o que se passa em outro país, mesmo que esse seja um Estado policial que confina os seus cidadãos mais ilustres e mantém seu povo numa enorme alienação sobre o que se passa ao seu redor. São US$ 300 milhões despendidos para fazer desse patrimônio de toda a humanidade, que é o espaço, uma arena para um duelo que não tem condições de definir um vencedor.
Violar a segurança nacional, acima de tudo, é impedir que os cidadãos tenham informação de um fato que pode trazer conseqüências para toda a sociedade, em caso de vir reação da outra parte, que pode interpretar a missão como ato de guerra e buscar represália. E esse risco existe, não apenas para os EUA, mas, e sobretudo, para toda a humanidade, que acaba entrando, mesmo que não queira, nessa briga com a qual não tem nada a ver.
(Artigo publicado na página 10, de Internacional, do Correio Popular em 21 de dezembro de 1984).
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