Sunday, April 10, 2011



Busca de reconhecimento


Pedro J. Bondaczuk


O fator primordial para que qualquer empreendimento chegue a bom termo é o reconhecimento alheio. Sem ele, perdemos a motivação para prosseguir em nossa carreira, seja ela qual for. De nada adianta produzirmos uma obra sólida e até perfeita – e não importa de que natureza, se material ou intelectual – se apenas nós mesmos a acharmos boa. Se o que fizermos não tiver serventia para os outros, todo o trabalho despendido na sua elaboração será mera perda de tempo. E esse reconhecimento é muito complicado para ser obtido. Nossas falhas e deficiências costumam ser gravadas no mármore. Ressaltam a todos os olhos. São denunciados pelos quatro cantos. Mas nossas virtudes... são, quase sempre (e isso quando são) escritas na areia. Poucos se interessam em vê-las. E quando exaltadas, o são aos murmúrios. A vida é assim. Às vezes o reconhecimento chega, mas tardiamente, depois da nossa morte. Passamos, então, o restante dos nossos dias, após a produção da nossa obra, frustrados e amargurados, achando que jamais será reconhecida.

Como todo criador, também aspiro ao reconhecimento. Por que eu haveria de ser diferente dos outros? Mas, como Pelé disse certa feita, se alguém pretender me homenagear, por meus méritos (reais ou apenas supostos ou imaginados), que o faça enquanto eu estiver vivo. Aos nossos próprios olhos podemos ser sábios, valentes, nobres, generosos ou virtuosos. Mas isto apenas será verdadeiro, será consensual, será aceito se for reconhecido pelos que nos rodeiam. Mesmo que não confessemos a ninguém, e até neguemos enfaticamente, passamos a vida em busca desse reconhecimento: pelo que somos ou fazemos. Contudo, será que nossas obras têm, de fato, o valor que lhes atribuímos? Não há como saber! Só o tempo, o implacável tempo, haverá de determinar se o que fizemos foi valioso e meritório ou não.

Concordo com o escritor francês, Gustave Flaubert, quando afirma: “A menos que se seja um cretino, morre-se sempre na completa incerteza de seu próprio valor e do valor de sua obra”. Compete-nos criar, construir, inventar, descobrir e elaborar, com competência, assiduidade, autodisciplina e diligência. Quanto aos resultados...Jamais saberemos se fomos competentes ou se malbaratamos a vida em troca de nada. É o risco que corremos por sermos criadores. Alguns (suponho que todos), sofrem quando não são reconhecidos (ou entendem que não o sejam) na devida medida. Tolice. Temos é que confiar em nós e ter consciência do próprio valor, à revelia das opiniões alheias. Todavia, não é fácil.

Consultando meu arquivo eletrônico, por exemplo, localizei cerca de três centenas de textos em que avalio (e sempre positivamente, já que não comento o que não gosto ou que seja ostensivamente ruim) obras de pouco mais de trezentos escritores. Claro que não lhes fiz nenhum favor. Se alguém favoreceu a alguém, nessa relação, foram eles que me favoreceram, enriquecendo minha cultura e contribuindo para que eu tivesse visão positiva e construtiva do mundo. Até porque, nos elogios que fiz não há segundas intenções. Nem poderia haver. Os elogiados, provavelmente, sequer tomaram conhecimento dos elogios que lhes fiz, além do que, todos foram devidamente justificados e fundamentados.

Escrevo, como se vê, sobre muita gente, mas poucos escrevem a meu respeito. Não sei se mereço ou não ser assunto de outros escritores. Não me compete julgar. O último texto elogioso sobre minha obra data de 1998, quando do lançamento do meu livro “Por uma nova utopia”. Foi escrito por um intelectual capixaba, que não me conhece e ao qual conheço somente de nome. Isso implica em dizer que não houve nenhum fator subjetivo a influenciar na avaliação positiva que o tal crítico (cujo nome nem me ocorre no momento) fez da minha temática, do meu estilo e das idéias que abordo.

Há, nisso tudo, nessa ausência de comentários a meu respeito, também um lado muito bom. Se não fui elogiado ultimamente – e não por motivo de inércia, já que minha produção literária foi copiosíssima de 1998 para cá – também não fui criticado. Há críticas e críticas, destaque-se. Há as pertinentes, respeitosas e fundamentadas que, se não acatarmos, não passaremos de rematadas cavalgaduras. Afinal, apontam nossas falhas e nos ensejam oportunidade de as corrigirmos. Estas são, sempre foram e eternamente serão bem-vindas.

Todavia, há as maldosas, ranzinzas, invejosas e com intenção deliberada e exclusiva de destruir nossa confiança, nosso entusiasmo e nossa reputação. O leitor sabe a que tipo estou me referindo. São as mais comuns nos meios de comunicação. Todos os que ousaram me criticar com esse ranço maldoso e covarde, porém, se deram mal. Sou, por natureza, um sujeito combativo. Gosto de uma boa polêmica e creio ter preparo e fundamento cultural para encarar qualquer uma dessas refregas, seja em que nível for, tanto no elevado, quando no rasteiro. Nestas circunstâncias, se meu agressor gratuito não for bem-informado, se mostrar vulnerabilidade em seus ataques e, principalmente, em sua biografia e se não for suficientemente culto para encarar desafio num campo bem amplo, certamente se dará mal, muito mal. Não raro, despencará no abismo do ridículo.

Felizmente, não tenho sido, há já uns doze anos, alvo desse último tipo de crítica. Recebi, sim, algumas (mas poucas) das que considero “positivas”, por sua elegância e objetividade. Não tantas quanto desejaria que fossem. A estas, sequer respondo em público. Faço-o por correspondência particular, e sempre agradecendo o favor que me está sendo prestado. Pois, reitero, esse tipo de crítica me ajuda a melhorar e a me tornar um escritor mais claro, mais objetivo, mais observador e, portanto, beirando a excelência. Considero esse tipo de contribuição como sendo, também, uma forma de reconhecimento dos meus méritos. Sinto-me gratificado quando os recebo.


Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk

No comments: