Boca quente

DANTE E THEODORO

A função do locutor, principalmente de TV, é muito ingrata, pois é ele que dá o acabamento final à notícia, ou seja, a sua interpretação, a forma com que o telespectador vai receber a mensagem. Está sujeito, portanto, a ter que assumir erros do redator, além dos seus próprios.

A "mancada" que vamos abordar hoje foi de um dos maiores âncoras de TV, Eliakim Araújo. Ocorreu na apresentação do Jornal da Globo de 29 de agosto, ocasião em que, certamente, foi traído pelo subconsciente. Ao referir-se à possibilidade do senador Moacyr Dalla colocar em votação a nova emenda que restabeleceria as eleições diretas no País, Eliakim chamou-a de "emenda Theodoro de Oliveira".

Isto é, fez a junção do nome de Dante de Oliveira, autor do famoso projeto anterior sobre o assunto, rejeitado em abril pelo Congresso, com o de Theodoro Mendes, responsável pela proposta que prevê o restabelecimento do voto direto em dois turnos.

O erro deve ter passado despercebido, tanto do telespectador, quanto do próprio âncora, que apresentou a notícia com convicção, traído, sem notar, pelo subconsciente.

(Coluna escrita por mim, sem assinar, publicada na página 22, editoria TEVÊ, do Correio Popular, em 12 de setembro de 1984).

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