Saturday, April 23, 2011







Alameda da poesia

Pedro J. Bondaczuk

Caminho, como em todos os dias,
pelas alamedas sisudas
da gramática, da poesia,
buscando criar harmonia.

Encontro-me com verbos sorrindo,
conscientes de sua missão
em expressar atividade,
em refletir alguma ação.
Cruzo com alguns adjetivos
(estes são qualificativos)
e, com respeito, cumprimento
muitos advérbios e pronomes.

Converso com substantivos:
com o amor, a saudade, o sonho,
com o mar, a luz e a esperança;
a morte, a ilusão e a paz;
com o coração, olhar e a vida,
e outros, também expressivos,
abstratos, concretos, vivos.

Por estes caminhos andaram
Píndaro, Homero e Virgílio;
Camões, Dante e Petrarca;
Bilac, Varela e Emílio;
Guilherme de Almeida e Drummond,
com muito charme, muito garbo,
selando sua perpetuação.

Vejo Musas, Ninfas e Zeus,
todos heróis e cada deus
de todas as mitologias,
vejo todos os sentimentos,
infinitos sofrimentos,
que inspiraram poesias.

Não recordo de todo nome,
dos artifícios e arranjos,
porém me lembro de Proudhome
e do ácido Augusto dos Anjos.

Bebo versos da mesma fonte
que jorrava no Eliseu,
a qual dessedentou Laconte
e onde Cruz e Sousas bebeu.

Reencontro cada emoção,
cada sentimento disperso,
que serviu de inspiração,
de base para cada verso.

Por isso, pelas alamedas
da gramática, da poesia,
caminharei, sempre atento,
tentando criar harmonia.

(Poema composto em 6 de março de 1964 em São Caetano do Sul).

Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk

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