Saturday, April 25, 2009

Soneto à doce amada - XVIII


Pedro J. Bondaczuk

Vês amada, meu rosto está sereno.
Mesmo um sorriso me baila nos lábios
e embora os desgostos, tantos ressábios,
meu pétreo rosto permanece ameno.

Mas não olhes em meus olhos, querida,
pois eles podem, prontos, marejar,
e não fica bem um homem chorar,
pois eu trago a noite na alma ferida.

Vês o fruto da tua insensatez?
Foste despertar o fero leão
que eu queria que dormisse de vez.

Meus sentimentos são vivo vulcão,
se desfazem em lavas de ilusão
e é grande o temor de perder-te, Inês!

(Soneto composto em Campinas, em 26 de novembro de 1967).

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