Thursday, April 02, 2009

REFLEXÃO DO DIA


A beleza, a sabedoria e a perenidade do espírito criativo humano estão ao nosso alcance, seja qual for a nossa condição atual, mas exigem de nós um ato volitivo positivo, uma ação concreta, para que as alcancemos e usufruamos. Não caem do nada. Não são inatas. Não se impõem. Têm que ser buscadas, incansavelmente, para serem usufruídas em sua plenitude e nos qualifiquem e redimam. São meras possibilidades à espera de realização. Estas palavras, de Jorge Luiz Borges, não somente ilustram melhor o que afirmei, como até explicam: “Pegar um livro e abri-lo contém a possibilidade do fato estético. Que são as palavras impressas em um livro? Que significam esses símbolos mortos? Nada, absolutamente. Que é um livro, se não o abrimos? É, simplesmente, um cubo de papel e couro, com folhas. Mas, se o lemos, acontece uma coisa rara: creio que ele muda a cada instante”. O mesmo raciocínio vale para uma tela, de qualquer dos mestres das artes plásticas. Se não buscarmos nos informar a propósito das técnicas de pintura, não teremos condições de apreciar, com a devida inteireza, essa manifestação de talento. Enxergaremos, apenas, um quadro de dimensões variáveis, retratando pessoas, objetos e cenários (não raro, nem isso) captados com maior precisão e nitidez por um bom fotógrafo. Em alguns casos, veremos, apenas, o que nos parecerá um conjunto de borrões, ou figuras distorcidas e desproporcionais, ou formas geométricas variadas, que não aceitaremos como sendo “arte”. Escaparão de nossos olhos e mentes as nuances dessas obras. Não saberemos apreciar, por exemplo, o senso de proporção, por não atentarmos a ele. Não perceberemos o jogo de luz e sombra. Escapará da nossa observação a perita combinação de cores etc.etc.etc.

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