Monday, April 06, 2009

REFLEXÃO DO DIA


O que é o tempo? É mera abstração. É uma convenção humana, para medir o quanto a Terra (que tem o formato arredondado, mas não exatamente de uma bola, mas o que lembra a forma de uma pêra) leva para dar uma volta completa em torno do seu eixo imaginário. E, no entanto... ele é tão concreto! A criação desse conceito foi o maior avanço da mente humana em termos de racionalidade. Trata-se de um prodígio de abstração e que, no entanto, tem um efeito tão concreto nas ciências, notadamente na Física! Tão complexo quanto ele, é sua subdivisão, em passado, presente e futuro. Nenhum tema suscita mais profunda reflexão do que este, sem que cheguemos à mínima conclusão. Como exercício mental, de raciocínio e abstração, é insuperável. Entendo que seja saudável refletir sobre o assunto, para ampliar o alcance da nossa mente. Alguns pensadores, por exemplo, asseguram que o “presente” não existe, tão rápida é a sua passagem. Como mensurá-lo? A fração infinitésima de segundo que estou vivendo agora, mal me dou consciência dela, já é passado. No instante em que a registrei neste texto, na telinha do meu computador, já havia se escoado há uma “eternidade”, ou seja, há uns dois ou três segundos. A que está imediatamente à frente, mais veloz do que a luz, é o futuro. Como, pois, captá-la? Em compensação, o filósofo alemão, Arthur Schopenhauer, afirma exatamente o contrário do que asseguram esses doutos pensadores. Ou seja, que só o presente existe. E no que fundamenta essa ousada afirmação, remando contra a maré? Noutra abstração, claro. Afinal, estamos tratando de conceitos, ou seja, de matéria abstrata. O filósofo alemão diz o seguinte, no livro “O Mundo como Vontade e Representação” (citado, por sua vez, por Jorge Luiz Borges em outro livro, “História da Eternidade”): “A forma de aparecimento da vontade é só o presente, não o passado nem o futuro: estes só existem para o conceito e pelo encadeamento da consciência, submetida ao princípio da razão. Ninguém viveu no passado, ninguém viverá no futuro: o presente é a forma de toda a vida”.

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