Pedro J. Bondaczuk
A vida é uma escola, na qual nos matriculamos tão logo nascemos e em que nunca chegamos a nos diplomar. Partimos – não sei quando, para não sei onde – com uma infinidade de dúvidas, de incertezas e de contradições, enfim, de lições a aprender. Alguns, aprendem os princípios básicos da felicidade e da alegria com maior rapidez. Vivem sem grandes traumas e sem sofrimentos que sejam evitáveis. A maioria é.
Outros tantos (diria quase todos) trocam os pés pelas mãos, confundem e complicam as coisas mais simples, e não conseguem sair do lugar, quando não retrocedem. Encaram o mundo com desconfiança, reservas e hostilidade. Tardam a aprender, ou não aprendem nunca, os princípios básicos da felicidade e da alegria. E se dão mal. Conquistam, sem esforço, a “carteirinha” do clube dos infelizes renitentes, que conta com bilhões de associados mundo e tempo afora..
A principal lição que nos compete aprender na escola da vida é a arte de amar. A princípio, vista de fora, parece simples e óbvia e até rimos das trapalhadas dos que vivem experiências amorosas que não conseguem sustentar por muito tempo. Achamos que se estivéssemos em seu lugar, faríamos isso e mais aquilo, e deixaríamos de fazer aquiloutro e aquiloutro. Mas quando chega a nossa vez...
Ninguém é mestre na arte do amor. Somos todos aprendizes, uns mais aplicados e serenos, outros mais relapsos e afoitos. Alguns, sentem-se e agem como proprietários da pessoa amada e se arrogam no direito de ditar-lhe regras, comportamentos, gostos etc. Não passam de trapalhões. Subitamente, ocorre a conseqüência lógica dessa insânia: a perda. Não raro isso acontece num cenário não apenas de drama, mas via de regra, até de tragédia.
Já afirmei, inúmeras vezes, que gosto de ler e de escrever sobre o amor, embora me enquadrando na categoria dos amantes que pouco entendem dessa arte, useiro e vezeiro em perpetrar monumentais trapalhadas. Às vezes, deixo o tema de lado, convicto de não ter nada de proveitoso ou de minimamente inteligente a dizer a propósito. Todavia, sou instado, convocado, compelido, coagido até, pelos tantos que me honram com sua leitura, a voltar ao assunto. Talvez eles aprendam algumas coisas com as minhas trapalhadas. Ou, quem sabe, se divirtam com as bobagens que cometo.
Foram inúmeras as ocasiões em que me pediram definições sobre o amor. Tentei, tentei, tentei, mas nenhuma das que elaborei me convenceu. Senti-as retóricas, bombásticas, exageradas, despidas de conteúdo, enfeitadas demais, que mais lembravam uma caricatura (quando não a maquiagem propositalmente carregada de um palhaço) do que a competente arrumação de bom-gosto de alguma bela e grande dama. Fui, portanto, buscá-las alhures, em poetas e escritores tidos e havidos como competentes retratistas desse maiúsculo sentimento.
Uma das definições mais pitorescas que já li sobre o amor, é a que o classifica como uma espécie de “reinvenção” de nós mesmos. Ponderei a respeito e concordei, a priori, com ela. Passamos, mesmo, a vida “inventando” um personagem original e único, com gostos, vontades, emoções e experiências característicos.
Subitamente, lá um certo dia, encontramos alguém que nos faz mudar os rumos e põe nossos sentimentos e pensamentos de pernas para o ar. Transforma-nos, sem que nos apercebamos, num outro alguém. Assumimos outros gostos e vontades que não os que tínhamos antes de nos apaixonarmos.
Passamos a viver, simultaneamente, duas vidas (e tendemos a gerar uma terceira), pensando e sentindo como a pessoa que amamos. Quem definiu o amor dessa forma foi a escritora portuguesa Agustina Bessa-Luís, que escreveu: “Que é amar senão inventar-se a gente noutros gostos e vontades? Perder o sentimento de existir e ser com delícia a condição de outro, com seus erros que nos convencem mais do que a perfeição?”
Essa “reinvenção”, porém, tem que ser espontânea. Esse nosso desejo, e mais do que isso, compulsão por nos identificarmos com a pessoa amada, tem que partir do íntimo, até sem que nos apercebamos. Caso contrário... voltaremos àquela história de algum dos parceiros sentir-se e agir como “proprietário” do outro. Aí... todos sabemos, ora por experiência própria, ora por observação dos outros, que a coisa não funciona. Desemboca em dramalhões lacrimosos, quando não em sangrentas tragédias.
O amor, ah o amor! Quão delicioso é e quantas complicações nos traz! Creio que um dos segredos para durar, enquanto nós também durarmos, é jamais nutrirmos o sentimento de “posse” da pessoa amada (mesmo que a possuirmos, física, afetiva e espiritualmente). É manter sempre acesa a chama do desejo. É querer sempre mais, e mais e mais da parceira que nos atrai. Porquanto, como o escritor português Casimiro Brito lembra, com muita pertinência: “Apodrece na posse o que floresce no desejo”. E, cá para nós, ninguém quer manter consigo algo podre, mesmo que se trate, apenas, de um sentimento.
A vida é uma escola, na qual nos matriculamos tão logo nascemos e em que nunca chegamos a nos diplomar. Partimos – não sei quando, para não sei onde – com uma infinidade de dúvidas, de incertezas e de contradições, enfim, de lições a aprender. Alguns, aprendem os princípios básicos da felicidade e da alegria com maior rapidez. Vivem sem grandes traumas e sem sofrimentos que sejam evitáveis. A maioria é.
Outros tantos (diria quase todos) trocam os pés pelas mãos, confundem e complicam as coisas mais simples, e não conseguem sair do lugar, quando não retrocedem. Encaram o mundo com desconfiança, reservas e hostilidade. Tardam a aprender, ou não aprendem nunca, os princípios básicos da felicidade e da alegria. E se dão mal. Conquistam, sem esforço, a “carteirinha” do clube dos infelizes renitentes, que conta com bilhões de associados mundo e tempo afora..
A principal lição que nos compete aprender na escola da vida é a arte de amar. A princípio, vista de fora, parece simples e óbvia e até rimos das trapalhadas dos que vivem experiências amorosas que não conseguem sustentar por muito tempo. Achamos que se estivéssemos em seu lugar, faríamos isso e mais aquilo, e deixaríamos de fazer aquiloutro e aquiloutro. Mas quando chega a nossa vez...
Ninguém é mestre na arte do amor. Somos todos aprendizes, uns mais aplicados e serenos, outros mais relapsos e afoitos. Alguns, sentem-se e agem como proprietários da pessoa amada e se arrogam no direito de ditar-lhe regras, comportamentos, gostos etc. Não passam de trapalhões. Subitamente, ocorre a conseqüência lógica dessa insânia: a perda. Não raro isso acontece num cenário não apenas de drama, mas via de regra, até de tragédia.
Já afirmei, inúmeras vezes, que gosto de ler e de escrever sobre o amor, embora me enquadrando na categoria dos amantes que pouco entendem dessa arte, useiro e vezeiro em perpetrar monumentais trapalhadas. Às vezes, deixo o tema de lado, convicto de não ter nada de proveitoso ou de minimamente inteligente a dizer a propósito. Todavia, sou instado, convocado, compelido, coagido até, pelos tantos que me honram com sua leitura, a voltar ao assunto. Talvez eles aprendam algumas coisas com as minhas trapalhadas. Ou, quem sabe, se divirtam com as bobagens que cometo.
Foram inúmeras as ocasiões em que me pediram definições sobre o amor. Tentei, tentei, tentei, mas nenhuma das que elaborei me convenceu. Senti-as retóricas, bombásticas, exageradas, despidas de conteúdo, enfeitadas demais, que mais lembravam uma caricatura (quando não a maquiagem propositalmente carregada de um palhaço) do que a competente arrumação de bom-gosto de alguma bela e grande dama. Fui, portanto, buscá-las alhures, em poetas e escritores tidos e havidos como competentes retratistas desse maiúsculo sentimento.
Uma das definições mais pitorescas que já li sobre o amor, é a que o classifica como uma espécie de “reinvenção” de nós mesmos. Ponderei a respeito e concordei, a priori, com ela. Passamos, mesmo, a vida “inventando” um personagem original e único, com gostos, vontades, emoções e experiências característicos.
Subitamente, lá um certo dia, encontramos alguém que nos faz mudar os rumos e põe nossos sentimentos e pensamentos de pernas para o ar. Transforma-nos, sem que nos apercebamos, num outro alguém. Assumimos outros gostos e vontades que não os que tínhamos antes de nos apaixonarmos.
Passamos a viver, simultaneamente, duas vidas (e tendemos a gerar uma terceira), pensando e sentindo como a pessoa que amamos. Quem definiu o amor dessa forma foi a escritora portuguesa Agustina Bessa-Luís, que escreveu: “Que é amar senão inventar-se a gente noutros gostos e vontades? Perder o sentimento de existir e ser com delícia a condição de outro, com seus erros que nos convencem mais do que a perfeição?”
Essa “reinvenção”, porém, tem que ser espontânea. Esse nosso desejo, e mais do que isso, compulsão por nos identificarmos com a pessoa amada, tem que partir do íntimo, até sem que nos apercebamos. Caso contrário... voltaremos àquela história de algum dos parceiros sentir-se e agir como “proprietário” do outro. Aí... todos sabemos, ora por experiência própria, ora por observação dos outros, que a coisa não funciona. Desemboca em dramalhões lacrimosos, quando não em sangrentas tragédias.
O amor, ah o amor! Quão delicioso é e quantas complicações nos traz! Creio que um dos segredos para durar, enquanto nós também durarmos, é jamais nutrirmos o sentimento de “posse” da pessoa amada (mesmo que a possuirmos, física, afetiva e espiritualmente). É manter sempre acesa a chama do desejo. É querer sempre mais, e mais e mais da parceira que nos atrai. Porquanto, como o escritor português Casimiro Brito lembra, com muita pertinência: “Apodrece na posse o que floresce no desejo”. E, cá para nós, ninguém quer manter consigo algo podre, mesmo que se trate, apenas, de um sentimento.
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