Friday, April 24, 2009

REFLEXÃO DO DIA


As lembranças de amores passados não significam “traição” à nova amada, como se pode supor, pois esta, também, provavelmente, tem um acervo considerável de recordações dos seus amores (ou de fantasias amorosas, se nunca antes amou alguém). Podemos controlar pensamentos e até instintos, mas sentimentos... são incontroláveis. Isso não deve, claro, ser revelado, pois é patrimônio exclusivo que não precisa ser partilhado com ninguém. Lembranças não são voluntárias. Têmo-las à nossa revelia. E já que as coisas são assim, o sábio e prudente é sempre cultivarmos boas recordações, de momentos sublimes e ímpares que tenhamos vivido. Pablo Neruda trata do tema com delicadeza e sensibilidade, nos versos iniciais deste poema intitulado “O esquecimento”: “Todo o amor numa taça/imensa como a terra, todo/amor cheio de estrelas e de espinhos/te entreguei, mas andaste/com pés pequenos, calcanhares sujos/sobre o fogo, apagando-o.//Ai, grande amor, pequena amada!”.

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