Saturday, April 04, 2009

REFLEXÃO DO DIA


O tempo foi comparado, numa feliz metáfora, pelo poeta Miguel de Unamuno, a um rio, cujas horas fluem, sem cessar, da inesgotável fonte do “amanhã eterno”. Mais do que uma poética imagem, se trata de uma verdade óbvia, da qual nem sempre nos damos conta. Tentamos, teimosamente, regressar a um passado supostamente radioso e feliz, em vão. Ele nos é, e sempre será, interdito. Como não podemos pisar nas mesmas águas de um rio (em cada ponto em que elas passarem), não temos a mais remota possibilidade de tornar a viver as horas que já passaram – nem para usufruir das benesses das coisas boas que vivemos, nem para consertar erros que cometemos e que nos tragam conseqüências funestas. Os versos de Miguel de Unamuno a que me referi, citados por Jorge Luiz Borges no livro “História da Eternidade”, são estes: “Noturno, o rio das horas flui/de seu manancial, que é o amanhã/eterno...”

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