O amor é caprichoso: quanto mais sólido parece ser, mais frágil, na verdade, é. Requer permanente vigilância sobre palavras e atos e repudia mínimos gestos de hostilidade, que não condizem com a delicadeza desse sentimento. Alguns, no entanto, despencam nesse poço sem fundo da vaidade e nele só encontram absoluta falta de luz e uma solidão sem tamanho. Seu amor próprio, para não dizer vaidade, é muito maior do que o que sentem pela pessoa amada. E quando isso acontece... zás, o relacionamento já acabou. Por mais sólido que aparente ser, se deteriora, se rompe e quase sempre (ou sempre mesmo) se torna irreparável. Pablo Neruda aborda esse tipo de situação nos versos do poema “O poço”: “Meu amor, o que encontras/em teu poço fechado?/Algas, pântanos, rochas?/O que vês, de olhos cegos,/rancorosa e ferida?//Não acharás, amor,/no poço em que cais/o que na altura guardo para ti:/um ramo de jasmins todo orvalhado/um beijo mais profundo que esse abismo”.
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