Wednesday, April 01, 2009

REFLEXÃO DO DIA


O mundo carece, mais do que nunca, neste início de milênio, de pessoas absolutamente justas, que respeitem os direitos alheios às últimas conseqüências, reconheçam os méritos dos que os têm, se disponham a ajudar os que necessitam (quer no plano material, quer, e principalmente, no psicológico e espiritual) e que simbolizem e dignifiquem o que o homem tem de mais lúcido, valioso e nobre. Existem seres humanos assim? Jorge Luiz Borges achava que sim (e eu também acho). Ocorre que são como grãos de areia num vasto areal, gotas de água num imenso oceano de egoísmo, violência e injustiças, isoladas estrelas em meio a bilhões de galáxias. Muitas vezes, topamos com eles e sequer os reconhecemos. Não que suas virtudes não saltem aos olhos. Nossa crônica (e justificada) desconfiança é que nos impede de os reconhecer, valorizar e imitar. Os exemplos que temos, no cotidiano, desde a infância à nossa velhice, são, exatamente, opostos às suas desejáveis virtudes, entre as quais, uma das principais é a discrição. Eles não saem por aí apregoando seus méritos. Agem, em vez de falar. E suas ações eficazes impedem que o mundo, cheio de tantas desgraças, patifarias e contradições, seja ainda pior. As palavras exatas de Borges (que, desconfio, foi uma dessas pessoas exemplares, embora, invariavelmente, talvez por genuína modéstia, procurasse demonstrar o contrário), são: “Não há geração sem quatro homens retos, que secretamente sustentam o universo e o justificam diante do Senhor. Um desses varões teria sido o juiz mais idôneo. Mas, onde encontrá-los, se andam perdidos e anônimos pelo mundo, e não se reconhecem quando se vêem, e nem eles mesmos sabem do alto ministério que cumprem?”

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