Monday, September 24, 2007

TOQUE DE LETRA







Pedro J. Bondaczuk

(Fotos: Arquivo, site oficial da Ponte Preta, Bruno Miani e Marcos Arcoverde/VIPCOMM e Divulgação)

MAU EMPATE DERRUBA NELSINHO

O empate da Ponte Preta, sábado, em Itu, com o Ituano, por 1 a 1, foi um mau resultado? Em circunstâncias normais, a resposta seria: não. Afinal, foi um ponto arrancado fora de casa. Todavia, se considerarmos o adversário, último colocado da tabela e virtualmente rebaixado para a Série C, o resultado tem que ser considerado péssimo, até desastroso. É verdade que houve interferência da arbitragem a dano da Ponte Preta. O juizão, Wellington Abade, que considero um tremendo trapalhão, deixou de marcar um pênalti claríssimo sobre Michel. E o auxiliar de linha, cujo nome me recuso a declinar em sinal de protesto, anulou um gol legítimo do estreante Michel Simplício. E assim não dá! Não bastasse o time estar jogando uma partida horrorosa (a segunda consecutiva), a “mão de gato” da arbitragem tirou toda e qualquer possibilidade da Macaca voltar de Itu com três pontos positivos. Nelsinho Baptista, por seu turno, encheu as medidas, tanto da torcida, quanto da diretoria. E aconteceu o que todos já esperavam, desde aquele empate desastroso contra o Remo, no Majestoso, contra o fraquíssimo Remo, no fechamento do Primeiro Turno. Ou seja, a demissão do treinador. Claro que a mudança de comando, nesta altura do campeonato, é um risco. Mas seja o que Deus quiser. Alguma coisa precisava ser feita, e foi. No papel, o time é bom. No campo é que são elas. Está chegando Paulo Comelli, que fez um brilhante trabalho no Noroeste, no Campeonato Paulista deste ano. Vai dar certo? Vai dar errado? Só o tempo e os resultados poderão dizer.

ATUAÇÃO DECEPCIONANTE

Há tempos, desde o final do Campeonato Paulista, a diretoria da Ponte Preta estava de olho no jogador Chumbinho. Tentou porque tentou sua contratação para o Campeonato Brasileiro da Série B, em vão. Não conseguiu, naquela oportunidade. O meia acabou aportando em Curitiba, para defender o “Coxa Branca” paranaense. Jogou algumas partidas por lá, desentendeu-se com a direção técnica do clube e acabou encostado. A Ponte voltou à carga, insistindo junto ao São Paulo para a sua aquisição. Mais negociações, mais conversas, mais marchas e contramarchas e a novela ganhou inúmeros capítulos. Quando ninguém mais contava com a contratação do jogador, eis que o tricolor concorda com a sua vinda para o Majestoso. Todos esperavam que, já na estréia, o atleta mostrasse trabalho. Afinal, era consenso de que se tratava de um craque. Mas, para decepção geral, não mostrou nada, absolutamente nada contra o Santo André. É verdade que nessa partida ninguém foi bem. A desculpa de Chumbinho era a falta de ritmo de jogo. Veio o confronto de sábado, em Itu, diante do Ituano. “Agora vai, disseram os torcedores”. E... Chumbinho praticamente não tocou na bola. Não armou, não atacou, não defendeu, não fez nada. Foi uma decepção total. Será que é mais um Castor, mais um Márcio Guerreiro, mais um Michel ou mais um de outros tantos medalhões que passaram pelo Majestoso e não deixaram saudade? A torcida espera que não. Vamos dar-lhe um crédito de confiança. Mas, agora, com um pé atrás.

MATADOR COM FARO DE GOL

Não me canso de elogiar o atacante Alex Terra. Não que se trate de um craque, desses de fazer jogadas espetaculares, dar dribles desconcertantes e fazer fileira nas zagas adversárias. Longe disso. Há jogos (a maioria, por sinal) em que o atleta mal pega na bola. Mas quando pega... faz a sua parte. Alex Terra cumpre, com dignidade e eficiência, seu papel, para o qual foi contratado: faz gols, e muitos. Em quinze jogos, já fez treze, dos quais apenas dois de pênaltis. Ele é o principal responsável pelo ataque da Ponte Preta ser o segundo mais eficiente do Campeonato Brasileiro da Série B, com 45 gols, abaixo, apenas, da peça ofensiva do Vitória, que marcou 49. Sábado, Alex Terra repetiu o que já se tornou sua característica. Ou seja, pegou duas ou três vezes na bola. Na última, deu no que deu. Ou seja, o gol de empate, num momento em que a maioria já dava a partida por perdida. Foram poucos os centroavantes da Ponte Preta que fizeram mais de dez gols num mesmo campeonato. Dá para contá-los nos dedos de uma só mão. E olhem que já passaram pelo clube nomes dos mais consagrados, que nem é preciso repetir. Alex Terra, guardadas as devidas proporções, lembra muito Romário. Faz que não quer nada, mas é, de fato, o “rei da grande área”. Como é jovem, tem muito a evoluir. Contudo, em apenas quinze jogos, já escreveu sua história no Moisés Lucarelli.

AGRADÁVEL SURPRESA

De tudo o que de ruim aconteceu com a Ponte Preta neste final de semana – o pífio empate com o Ituano, a péssima arbitragem a dano da Macaca, a demissão de Nelsinho Baptista, etc. – o fiel torcedor (e põe fiel nisso!) teve, pelo menos, uma agradável surpresa. Refiro-me à estréia do centroavante Michel Simplício. Ele foi contratado em cima da hora, no limite do encerramento das inscrições para o Campeonato Brasileiro. Foi regularizado no derradeiro instante para isso, na sexta-feira. Praticamente não treinou com os novos companheiros. Todavia, nos pouco mais de quinze minutos que esteve em campo, fez muito mais do que praticamente o time todo. Inclusive marcou um gol de bela feitura, que o incompetente do auxiliar de linha anulou. Se jogar tudo isso, certamente será o companheiro de área ideal de Alex Terra até o final da competição. Seu retrospecto, no Figueirense, é dos melhores. Disputou uma ótima Copa do Brasil até se machucar. Quando voltou da contusão, Mário Sérgio resolveu deixá-lo no banco. Tomara que ele se conscientize da oportunidade que a Ponte Preta lhe dá nesse momento e faça história, ajudando o clube mais velho do País a conquistar o acesso à elite do futebol brasileiro.

QUESTÃO DE JUSTIÇA

Ao comentar o empate da Ponte Preta, sábado, em Itu, com o Ituano, não posso, por questão de justiça, esquecer a atuação de alguns (poucos) jogadores, que impediram que a má jornada se constituísse em catástrofe. Dentre esses, o principal, sem dúvida, foi o goleiro Dênis. Sem exagero, não fossem suas defesas, sairíamos de Itu com um placar vexatório contra nós, de 4 a 1, 5 a 1 ou mais. O garoto é muito bom! Outro que mostrou serviço foi Alex Silva, tanto na ala, quanto como volante, posição em que atuou em boa parte do Segundo Tempo. Dionísio, enquanto teve fôlego, mostrou-se o mais lúcido dos jogadores de miolo. Se não jogou um futebol exuberante, pelo menos esbanjou vontade e honrou a camisa da Macaca. E Andrezinho evoluiu muito e vem suprindo a falta de um armador. As jogadas mais perigosas do nosso ataque saíram dos seus pés. Espero que Paulo Comelli o fixe na armação, colocando Alex Silva na ala esquerda e Júlio César na direita. É só treinar, que dará certo. Quanto aos demais jogadores (exceção de Alex Terra e do estreante Michel Simplício), mereceriam ser multados pelo que fizeram (ou, na verdade, deixaram de fazer) em Itu.

O QUE FALAR?

O São Paulo esgotou o estoque de elogios da imprensa e da torcida. O que falar ou escrever mais a respeito da campanha são-paulina no Campeonato Brasileiro deste ano? Entra jogo, sai jogo, e o tricolor paulista segue em sua marcha vitoriosa rumo ao título. Nem sempre joga um futebol exuberante, é verdade, como ocorreu, por exemplo, no sábado, especialmente no segundo tempo, contra o Figueirense. O time, nitidamente, se poupou, mas somente depois de fazer o placar, de 2 a 0. Daí em diante, foi só tocar a bola, fazendo o tempo correr. Mesmo pondo o pé no freio, na segunda etapa, o São Paulo, em momento algum, foi ameaçado seriamente pelo adversário. Mesmo quando joga mal, como na quarta-feira, contra o Boca Juniors, em La Bombonera, o time mostra poder de reação. Foi o caso, por exemplo, do gol marcado pelo atacante Borges, em Buenos Aires, no finzinho do jogo, o que possibilita a classificação da equipe para a próxima fase da Copa Sul-Americana com uma vitória simples, por 1 a 0, na próxima quarta-feira, no Morumbi. O que escrever mais sobre o São Paulo, portanto, que já não tenha sido escrito?

SERÁ QUE DÁ TEMPO?

O Vasco da Gama não conseguiu segurar o Cruzeiro, que continua na cola do São Paulo, embora a uma distância considerável. O clube carioca tem oscilado demais, de uma partida para outra, no correr do Campeonato Brasileiro de 2007. Trata-se de um plantel modesto, do qual o treinador Celso Roth “tira água de pedra”. Já o Cruzeiro, nas mãos do competente Dorival Junior, surpreende a tudo e a todos. Começou a competição muito mal, perdendo pontos bobos, principalmente em seus domínios. Aos poucos, porém, seu treinador foi dando um jeitinho, promovendo ótimos jogadores das categorias de base – recorde-se que o Cruzeiro foi o campeão da Copa São Paulo deste ano – e os resultados começaram a aparecer. Na teoria, ainda dá para a equipe estrelada sonhar com o título deste ano. Na prática... bem, a história é um pouco diferente. O Cruzeiro não depende, apenas, de si, mas de tropeços do São Paulo. Estes, claro, são possíveis, contudo, sumamente improváveis. Vai daí...

RESPINGOS...

· Joguinho ruim o clássico de ontem, no Morumbi, entre Palmeiras e Corinthians. Houve muita correria e disposição, mas, técnica mesmo, que é bom, quase nada. O Palmeiras achou um golzinho e foi só. O 1 a 0 garantiu ao time do Parque Antártica 100% de aproveitamento sobre seu tradicional adversário neste ano.
· O Santos perdeu o embalo e, com a derrota, por 1 a 0, diante do Grêmio, vê se tornar cada vez mais difícil a classificação para a Copa Libertadores da América do ano que vem.
· O Náutico está sensacional neste segundo turno. Com a vitória, ontem, sobre o rival Sport, por 2 a 0, deixou a incômoda zona de rebaixamento e já aspira, até, uma vaga para a Copa Sul-Americana do ano que vem.
· O Juventude dificilmente conseguirá escapar da degola. Ontem, empatou com o Flamengo, em Caxias, por 2 a 2, com uma providencial ajuda da arbitragem, que anulou um gol legítimo do rubro-negro carioca.
· Outro técnico da nova geração que vem fazendo um trabalho digno de elogios é Renato Gaúcho, no comando do Fluminense. Ontem, o tricolor carioca venceu, com propriedade, o clássico, contra o Botafogo, por 2 a 0.

· E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


pedrojbk@hotmail.com

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