Monday, September 17, 2007

TOQUE DE LETRA











Pedro J. Bondaczuk

(Fotos: Arquivo, site oficial da Ponte Preta, Gaspar Nóbrega e Marcos Arcoverde/VIPCOMM e Divulgação)

MILAGRES EXISTEM

O torcedor pontepretano que duvidava de milagres, a partir da última sexta-feira passou, com certeza, a acreditar neles. O time jogava uma partida horrorosa contra o Santo André, perdia por 1 a 0, e nada de se acertar em campo. Acabou o Primeiro Tempo em desvantagem. Veio o segundo, e a Ponte Preta continuou jogando mal. O meio de campo não funcionava e os atacantes, velozes, só recebiam bola quadrada e, por isso, não levavam perigo algum ao goleiro Neneca. A defesa, confusa, errava a todo o momento e o adversário estava mais próximo do segundo gol do que a Macaca do empate. A única jogada que funcionava era a do ala André, que jogou a sua melhor partida com a camisa pontepretana, mas era muito pouco. Nelsinho Baptista mexeu no time, mas nada dele se acertar em campo. E o tempo continuou passando: 39 minutos, 40 minutos, 42 minutos, 44 minutos do Segundo Tempo. Foi quando, numa jogada do ala pela esquerda, a bola foi alçada para a área e João Paulo fez de cabeça. Ufa! Alívio geral na torcida. O empate não era o ideal, mas para as circunstâncias, caía do céu. Pelo menos a Ponte manteria a invencibilidade no Majestoso. Já nos acréscimos, porém, provavelmente no último lance do jogo (ou um dos últimos), um zagueirão do Santo André cometeu uma bobagem imensa, do tamanho do Maracanã. Desviou a bola, nitidamente, com a mão, lance que todo o estádio (incrédulo àquela altura) viu. Para a felicidade da torcida, o juizão também enxergou. Resultado? Pênalti a favor da Ponte. E, o que parecia impossível, aconteceu. A Macaca, em míseros três minutos, transformou uma melancólica derrota em casa, numa surpreendente vitória, por 2 a 1. Com isso, manteve-se vivíssima na competição e cheia de moral, face ao histórico feito. Este é um jogo daqueles que viram lenda com o passar dos anos. E comprova que, embora raros, os milagres, de fato, existem.

OPERAÇÃO DESMANCHE

O Guarani, eliminado do Campeonato Brasileiro da Série C e disputando, apenas, esse caça-níqueis inventado para manter as equipes do interior de São Paulo em atividade, que é a Copa Federação Paulista, prepara uma verdadeira operação desmanche em seu plantel. O técnico Michael Robin deve divulgar, ainda na tarde de hoje, uma lista de dispensas, para enxugar o grupo, atualmente com 50 jogadores. Vários atletas, que decepcionaram a torcida na disputa da Série C, deverão ganhar o clássico “bilhete azul”. Outros, certamente, através de seus empresários, devem estar mantendo contatos com times das Séries A e B, cujas inscrições se encerram nesta semana, para definirem seus destinos. O assunto do momento, pelos lados do Brinco de Ouro, sequer é futebol. O tema de todas as conversas são as eleições no Guarani, marcadas, oficialmente, para dezembro, mas que muitos querem antecipar. Afinal, a escolha do novo presidente (e da conseqüente diretoria) irá determinar o futuro do clube. É esperar para ver no que vai dar.

NERVOS DE AÇO

O atacante Alex Terra, artilheiro disparado da Ponte Preta no Campeonato Brasileiro, mesmo entrando no time na metade do Primeiro Turno, mostrou, sexta-feira, que além de faro de gol, também tem nervos de aço. Não é qualquer um que se apresenta, como ele se apresentou, para cobrar o pênalti contra o Santo André, aos 48 minutos do Segundo Tempo, num jogo em que sua equipe perdia, e jogando muito mal, até os 44 da etapa final. Já imaginaram o que ocorreria se ele errasse a cobrança? Durante a semana, torcedores deram uma dura (merecida, no meu entender), nos jogadores, exigindo deles mais empenho. Esse era um fator complicador a mais para o cobrador daquele crucial pênalti. Alex Terra, todavia, nem deu bola para nada disso. Pegou a bola, com personalidade, colocou-a na marca da cal, e bateu com categoria e frieza, como se estivesse num treino, garantindo a milagrosa vitória pontepretana. Esse, pode ter a certeza, ficará para sempre na memória da torcida (como Gigena ficou, após marcar três gols num dérbi). Mostrou que, além de matador, é macho pra xuxu!!! Outro destaque dessa histórica virada da Macaca, foi a estréia do meia Chumbinho. Sem ritmo de jogo, tendo treinado, apenas, duas vezes com os companheiros, ainda assim agüentou os 95 minutos (com os acréscimos), mostrando que não é daqueles “jogadores de vidro” que, na hora em que a cuíca ronca, pedem substituição, alegando cansaço. Embora sua atuação tenha sido apenas discreta (o resto do time não ajudou), certamente ganhou crédito com a torcida. Pelo menos, foi um bom começo.

PELO MENOS UM SE SALVOU

Sempre que um time joga mal, como a Ponte Preta jogou, na milagrosa vitória de sexta-feira, contra o Santo André, no Majestoso, por 2 a 1, até quem fez bem a sua parte acaba incluído nas críticas da imprensa e da torcida. Mas é preciso fazer justiça com um jogador, nessa histórica partida, que teve uma atuação soberba. Correu, marcou, armou, cruzou e até chutou uma bola na trave. Refiro-me ao ala André, que, finalmente, mostrou porque foi eleito o melhor da sua posição, no Campeonato Paulista deste ano, com a camisa do Bragantino. Aliás, o atleta passa a ser uma boa opção para o técnico Nelsinho Baptista para o meio de campo, se a diretoria não contratar ninguém para substituir Heverton, que abandonou o barco em plena tempestade e deixou a Ponte Preta na mão, iludido pelo nome do Corinthians (que, na atualidade, só tem isso mesmo, e nada mais, a oferecer). Pequenino, André foi incansável o jogo todo e merece o respeito do torcedor, pela raça e pela vontade que mostrou. Afinal, técnica não lhe falta.

DECISIVO DE NOVO

Mais uma vez, mesmo sem jogar 50% do que sabe e pode, Ronaldinho Gaúcho foi decisivo, na vitória de quarta-feira passada, no Estádio Gilette (que nome!) de Boston, do Brasil, sobre o México, por 3 a 1. Afinal, os três gols brasileiros nasceram de seus pés. O passe que o super-craque deu para Afonso, no finzinho do jogo, foi de cinema. Gostei, sobretudo, da determinação da equipe, que disputou cada lance com intensidade, como se o jogo sequer fosse amistoso. Houve momentos, até, em que os jogadores exageraram na força, como ocorreu com Elano, que acabou expulso, por causa de uma jogada violenta (e desnecessária, pois ocorreu no meio de campo). Com a vitória, a Seleção Brasileira devolveu os 2 a 0 que havia levado dos mexicanos, na Copa América, com uma atuação, para mim, bastante convincente. O grupo, aos poucos, vai adquirindo “a cara” do treinador, o Dunga, aliando a técnica brasileira (que nunca ninguém contestou, a não ser uma meia dúzia de cronistas babacas, doidinhos para aparecer) com a raça que era a característica do técnico, quando ainda jogador. Quem teve uma atuação apenas discreta, para não dizer apagada, foi Robinho. Mas a equipe nem precisou dele para derrotar essa seleção carne de pescoço, que é a mexicana.

FINALMENTE VAZADA

Finalmente a invulnerável defesa do São Paulo foi vazada. Após oito jogos consecutivos sem levar um único gol, sofreu um no sábado, em pleno Morumbi, feito pelo Santos. E o autor da façanha foi o esforçado Rodrigo Tabata, que nem é titular do time de Luxemburgo, mas que há muito vem merecendo a titularidade. Mas se a defesa são-paulina foi, finalmente, vazada, nem por isso sua zaga deixa de ter méritos na vitória do time, por 2 a 1. Afinal, o gol mais bonito da partida foi de um zagueiro, o menino Breno, de apenas 17 anos, que entrou driblando na defesa santista, ao estilo dos melhores atacantes, e soube concluir com maestria uma jogada sensacional. É certo que ainda é muito cedo para proclamar o São Paulo como campeão brasileiro da temporada. Embora distante do tricolor, o Cruzeiro vem fazendo a sua parte e só espera um vacilo são-paulino para encostar de vez na classificação. Mas, pelo que vem jogando, dificilmente o troféu de 2007 deixará o Morumbi. Enfim...

MODESTO, MAS EFICIENTE

O Vasco da Gama, quando começou o Campeonato Brasileiro de 2007, era apontado, por boa parte da crônica esportiva, como sério candidato ao rebaixamento. Todavia, mesmo com um time modesto, sem nenhuma estrela de primeira grandeza (que, ademais, nenhum time tem na atual fase do futebol do País), foi somando pontos, dentro e fora de casa e hoje aparece como um dos destaques da competição. Qual o seu segredo? Está no banco. Trata-se de Celso Roth, que ganhou a injusta fama de retranqueiro, mas que vem mostrando, na prática, ser adepto de um futebol ofensivo, sempre em busca da vitória. Muitos se esquecem que foi ele que teve a coragem de lançar, no time de cima do Santos, a dupla Diego e Robinho, que hoje brilha no futebol europeu e com a camisa da Seleção Brasileira. Na época, muitos acharam que o treinador estava cometendo uma loucura. O tempo, porém, se encarregou de provar que ele é que estava certo. Se o Vasco se classificar para a Libertadores da América, levando em conta o plantel que tem, já estará de bom tamanho. E, se isso acontecer, é justo que os méritos sejam atribuídos a quem, de fato, os tem: o discreto, mas eficiente, Celso Roth.

RESPINGOS...

· Foi lamentável a entrada (criminosa) do lateral Coelho, do Atlético Mineiro, no atacante Kerlon, do Cruzeiro, após um lance de habilidade (que só ele sabe fazer no futebol brasileiro) do jovem atleta cruzeirense, no clássico mineiro de ontem. Lamenta-se, ainda mais, a atitude do treinador Emerson Leão, tentando justificar a burrada do seu atleta. É por isso que o futebol brasileiro está ficando cada vez mais chato e burocrático. Os talentos (cada vez mais raros), em vez de serem protegidos, estão sendo caçados e penalizados. O Cruzeiro venceu o jogo por 4 a 3.
· O clássico, entre Palmeiras e Corinthians, promete! Não tanto pela fase técnica dos dois times, mas pela rivalidade e pelas circunstâncias que cercam esse jogo. Será uma partida imperdível!
· Está cada vez mais sensacional a disputa, na parte de baixo da tabela, do Campeonato Brasileiro. O Náutico, comandado pelo uruguaio Acosta, empreende espetacular reação. Sábado, goleou o Goiás, em pleno Estádio Serra Dourada, por 3 a 0. Só o América de Natal é que parece irremediavelmente perdido.
· O técnico Alexandre Gallo estreou no comando do Figueirense em alto estilo. Seu novo time sapecou uma goleada no Juventude, no Estádio Orlando Scarpelli, em Florianópolis, por 4 a 1.
· Estevão Soares ganhou o “bilhete azul” no Grêmio Barueri. A diretoria do clube da Grande São Paulo não se conformou com o vexame do time, no sábado, em Jundiaí, quando foi goleado (e humilhado) por 7 a 0, com direito a olé.

· E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


pedrojbk@hotmail.com

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