Monday, August 20, 2007

TOQUE DE LETRA











Pedro J. Bondaczuk

(Fotos: Arquivo, site oficial da Ponte Preta, Weimer Carvalho e Marcos Arcoverde/VIPCOMM)

DUAS DECEPÇÕES NO FIM DO TURNO

A Ponte Preta encerrou o Primeiro Turno do Campeonato Brasileiro da Série B proporcionando duas decepções consecutivas à sua apaixonada e fiel torcida. A primeira foi na semana retrasada, véspera do 107º aniversário do clube, quando foi goleada pelo limitado Ceará, em Fortaleza, por 4 a 1. Fez, sobretudo, um segundo tempo horrível, desses para serem esquecidos, em que apresentou graves defeitos em todos os seus compartimentos. O resultado foi o que se viu. Até o excelente goleiro Denis falhou em um dos gols. A desculpa (válida) foi a de mudança brusca de clima. Afinal, a Ponte saiu de Florianópolis, com temperatura de dois graus centígrados e teve que encarar o sufocante calor da capital cearense, por volta de 35 graus. O que fazer? É a realidade de um país de dimensões continentais. Mas para a segunda decepção não há desculpas. A Ponte Preta jogou em casa, apoiada pela torcida, com o seu time titular, mas não saiu de um pífio empate, por 1 a 1, com um dos lanternas da competição, o Remo, do Pará. E deve se dar por satisfeita por não haver perdido o jogo. A torcida não agüentou mais esse fiasco e fez um justificado desabafo. Vaiou tanto o técnico Nelsinho Baptista (que fez três substituições equivocadas, se não desastrosas) e, principalmente, o jogador Roger. Curioso é que, salvo na estréia, quando esse atleta foi expulso, a Ponte não venceu um só jogo em que o atacante jogasse. Coincidência? Difícil! Aí tem coisa!

CAMPANHA DISCRETA

O Guarani faz campanha apenas discreta na segunda fase do Campeonato Brasileiro da Série C. Obteve uma vitória (dramática e de virada), contra o Vila Nova de Goiânia, no Brinco de Ouro, por 2 a 1; sofreu uma derrota, pelo mesmo placar, em Rio Claro, para os donos da casa e arrancou um empate, sem gols, em Catalão, com o Crac local. Tudo indica, porém, que vai dar para o gasto. É verdade que tem dois compromissos seguidos em Campinas, embora não se possa afirmar (nunca se pode antes do jogo acontecer) que fará os seis pontos. Se fizer, dará um passo decisivo para se classificar para a penúltima fase da competição. Caso contrário... O time oscila muito de uma partida para outra e até mesmo no correr de um mesmo jogo. Alterna momentos brilhantes, de alta técnica e eficiência, com instantes de sonolência e de falta de concentração. Embora muitos discordem, a grande estrela do Guarani não está no seu plantel, mas no banco de reservas. É o treinador José Luiz Carbone, um vencedor, tanto como atleta, quanto como técnico. O time não tem nenhum jogador que se destaque dos demais. É um plantel modesto, sem qualquer jogador desses que desequilibram, constituído por meros “operários da bola”, que, todavia, jogam com muita raça e amor à camisa. Será o suficiente para voltar à Série B? Só o tempo poderá dizer.

VAIAS IRRITAM NELSINHO

O treinador da Ponte Preta, Nelsinho Baptista, não escondeu de ninguém sua irritação com as vaias da torcida ao seu trabalho e, principalmente, à ridícula partida (mais uma vez) do meia Roger. Falou “cobras e lagartos” contra a torcida, na coletiva que deu após o jogo. Em princípio, sou contra esse tipo de manifestação, que só desestabiliza o time e não traz vantagem alguma para ninguém. Mas, confesso, também vaiei as três substituições, afoitas e desastrosas, do técnico. E vaiei mais ainda a pífia atuação do meia pontepretano. Não entendo a insistência de Nelsinho em relação a Roger. O jogador ainda não disse a que veio ao Moisés Lucarelli. Desde que retornou ao clube, só fez besteira. Além do que, desrespeitou a torcida, o que foi, provavelmente, a maior das tantas bobagens que cometeu. Roger está queimado com o torcedor. Não tem mais clima para vestir a camisa pontepretana. Se quiser fazer as pazes com a comunidade alvinegra, o caminho é muito simples: jogar. Tem que fazer gols. Precisa empenhar-se durante os jogos. Ninguém vaia, por exemplo, Alex Terra, mesmo quando joga mal. Afinal, o atacante disputou, apenas, um terço dos jogos e fez nove gols, com uma eficiência impressionante. Ninguém vaia Heverton, mesmo quando sua performance é apagada. Por que? Porque, além de cumprir seu papel, já fez oito gols no campeonato. Por que Roger não faz o mesmo? Arre! Se repetir o que fez desde que voltou ao Majestoso, continuarei vaiando o atleta (e a torcida, mais ainda), cada vez mais alto e com maior insistência. Isso, mesmo sendo contra esse tipo de protesto em relação a jogadores do meu clube de coração. Nelsinho, portanto, não tem porque ficar irritado. Tem é que aceitar humildemente as criticas e tomar decisões corretas. Se o fizer, será aplaudido de pé. Caso contrário...

CAMPINAS SOBE OUTRO DEGRAU

De degrau em degrau, o Campinas vem empreendendo magnífica recuperação no Campeonato Paulista da Série B. Com a vitória, domingo, no Cerecamp, sobre o Tupã, por 2 a 0, o time assumiu a segunda colocação e viu aumentadas suas chances de se classificar para a etapa decisiva da competição. Seu grande desafio nessa fase, porém, será domingo, quando enfrenta o “bicho-papão” do grupo, o Força Sindical da cidade de Caieiras, nos domínios do adversário. Uma vitória do Águia praticamente lhe garante a vaga. É verdade que, se perder, ainda terá chances. Mas será muito mais difícil, pois vai precisar torcer para que pelo menos outros dois times que estão no seu encalço também tropecem. O compromisso do próximo domingo, portanto, se constitui no jogo da vida do Campinas. O que não pode, sobretudo, é perder qualquer ponto em casa. E, se puder, precisa conquistar alguma vitória ou empate fora. Continuo confiante que, finalmente, a cidade terá três grandes times, em duas das principais divisões da Série A. Não nos decepcione, Águia guerreira!

VASCO CORRE POR FORA

A grande surpresa do Campeonato Brasileiro da Série A deste ano é o Vasco da Gama. Com um plantel relativamente modesto, o time vem fazendo uma campanha digna, muito diferente das de anos anteriores, quando se limitava a tentar escapar do rebaixamento. Com a vitória, ontem, em São Januário, por 2 a 0, sobre o América de Natal, por exemplo, o Vasco já é o terceiro colocado da competição. Atribuo 90% do sucesso desse tradicionalíssimo clube carioca a um treinador dos mais injustiçados do futebol brasileiro, que mostrou grande competência por toda a parte por que passou, sem que obtivesse o devido reconhecimento. Refiro-me a Celso Roth, que entre tantas outras façanhas, foi o responsável pela revelação de Robinho, no Santos, que hoje brilha com a camisa do Real Madri e da Seleção Brasileira. O treinador recuperou, por exemplo, para o futebol, o atacante Leandro Amaral, que vivia encostado nos clubes paulistas e que, no Vasco, não pára de fazer gols. Apesar da fama (injusta) de retranqueiro, a equipe cruzmaltina, sob a sua direção, mostra um grande poder ofensivo, sem se descuidar da defesa. Se o São Paulo bobear, portanto, o Vasco pode, não apenas incomodar, mas até, quem sabe, beliscar o título deste ano. Olho nele, portanto.

DEFESA INVULNERÁVEL

Se o São Paulo for o campeão brasileiro deste ano, o mérito maior, sem dúvida, será da sua excelente defesa. Findo o Primeiro Turno (conquistado pelo tricolor paulistano) e iniciado o segundo, o time sofreu, apenas, sete gols! Incrível! A defesa são-paulina, como se vê, é uma muralha. Ontem, em Goiânia, no empate sem gols com o Goiás, Rogério Ceni e os zagueiros garantiram o precioso ponto conquistado fora de casa. Não me recordo, na história do Campeonato Brasileiro, de nenhuma outra defesa que mostrasse tamanha eficiência. E o curioso é que entra jogador, sai jogador e a zaga não se desestabiliza. Rogério Ceni, disparado o melhor goleiro do País e um dos melhores do mundo (sem nenhum exagero), ainda se dá o luxo de fazer gols, ora de pênaltis, ora de faltas. Já ultrapassou, em muito, o recorde de Chilavert e dificilmente outro goleiro qualquer no mundo fará tantos gols como ele. Aliás, duvido que alguém alcance sequer a marca do falastrão paraguaio, quanto mais a do capitão tricolor.

RESPINGOS...

· Paulo César Carpeggiani continua “tirando água de pedra” do atual time corintiano. Depois de vencer Grêmio e Botafogo, o alvinegro de Parque São Jorge foi buscar um bom empate, por 2 a 2, em Caxias do Sul, com o Juventude.
· Em jogo emocionante, e de bom nível técnico, Palmeiras, finalmente, obteve uma vitória no Parque Antártica, onde sua performance não vem sendo das melhores. Derrotou o esforçado Flamengo por 2 a 1. Mas foi no sufoco.
· Cuidado com o Santos, de Wanderley Luxemburgo. De mansinho, de mansinho, vem acumulando vitórias e já está a simples três pontos da zona dos que vão se classificar para a Copa Libertadores da América de 2008. Sábado, a vítima do peixe foi o Sport Recife, do técnico Geninho, que perdeu, na Vila Belmiro, por 2 a 0.
· Os dois times do Paraná são fortes candidatos ao rebaixamento deste ano. Recorde-se que o campeão da temporada desse Estado foi um time do interior, o modesto Paranavaí, que já foi eliminado, e na primeira fase, do Campeonato Brasileiro da Série C.
· A Ponte Preta, de tanto a torcida pedir, trouxe um novo zagueiro, para reforçar seu plantel. Trata-se de André Gaúcho, que jogava no Ipatinga. Falta, agora, um armador, para substituir Heverton, quando este não puder jogar. O clube tem exatos 30 dias para inscrever reforços para o segundo turno do Campeonato Brasileiro da Série B. Vamos se mexer, Tiãozinho!!! O time ainda está muito longe de ser aquele que tanto queremos!

· E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


pedrojbk@hotmail.com

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