Saturday, August 11, 2007

Auto-procura


Pedro J. Bondaczuk

Dogmático e vazio,
pueril e vaidoso,
decrépito e azedo...

Foi essa a imagem
contundente, melancólica,
que a sinceridade (e o espelho)
me mostraram nesta manhã.

Não gosto da figura caricata
que o ridículo dia-a-dia
moldou em minha carcassa.

Repudio o monstro cínico
que a cruel realidade
talhou nessa imagem disforme.

A memória – esta sim preservada –
retorce-se em agonia,
sofrendo a angústia profunda
da perda da identidade.

De um ego perdido no tempo,
dos sentimentos dissimulados,
de um amor virginal e maiúsculo
que jaz manietado na escura
masmorra de um passado recente.

Estremunhando de sono,
visto minha máscara de cera
e, disfarçado em Dom Quixote,
saio à procura de mim!!

(Poema composto em Campinas, em 8 de maio de 1981).

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