Saturday, August 04, 2007

Alerta


Pedro J. Bondaczuk

Onda de protestos,
indistinto clamor,
violência desatada,
massa fermentada,
ódio em ebulição.

Gestos maquinais,
bloqueio da razão,
prevalência de instintos,
despersonalização.

Inertes marionetes,
ausência de atitudes,
palavras de comando
de disfarçados ditadores,
às multidões manipuláveis.

Vasto abismo entre os homens,
--- estranhos, posto semelhantes ---
gargantas famintas engolem vidas
irrealizadas, tornadas inúteis
pela ausência da razão.

Eia, irmão, desperta
para o momento presente!
Sente a angústia velada
que oprime todo teu ser.

Estreita-me num amplo abraço
fraternal, de compreensão.
Lança, por sobre o abismo,
pontes comunicantes.

Arroja de nossa galera
déspotas e tiranos. Sepulta
no mar do esquecimento
todos sistemas suicidas.

Assumamos, enquanto é tempo,
--- embora as horas perdidas ---
o comando da nossa nau.
Conduzamos a galera Terra
rumo à alvorada da razão.

Sejamos únicos, originais,
--- mais do que peças da máquina
que a tudo consome e tritura ---
mundos distintos, personalizados,
complementares e comunicáveis
.
Gozemos a suprema ventura
de "ser", mais do que só "existir".
Vivamos, com plenitude,
o mágico privilégio de pensar.


(Poema composto em Campinas, em 6 de maio de 1971)

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