Pedro J. Bondaczuk
(CONTINUAÇÃO)
GARIMPEIRO DE GÊNIOS
Ezra Pound foi uma espécie de Mecenas para inúmeros escritores que descobriu, promoveu e projetou no grande cenário da literatura, ou lhes dando ajuda financeira, ou lhes servindo de modelo e inspiração. Entre os que lhe devem boa parte da glória e da visibilidade, se destacam Cummings, Ernest Hemmingway, James Joyce, Yates, Wyndham Lewis, T. S. Elliot, William Carlos Williams e Marianne Moore.
Para Augusto Campos, ele, pessoalmente, pode ser classificado como “poeta seminal do nosso século”, como Edgar Alan Poe foi do século passado. Ernest Hemmingway testemunha que “um poeta deste século que afirme não ter sido influenciado por Ezra Pound merece mais a nossa piedade que a nossa reprovação”.
Para T. S. Elliot, “ele preocupou-se profundamente em fazer com que os contemporâneos e os mais moços escrevessem bem, preocupou-se menos com a sua realização pessoal que com a vida das letras e das artes. Uma das lições a aprender da sua prosa crítica e de sua correspondência, é a de preocupação desinteressada com a arte a que se é devotado”.
Segundo, ainda, Augusto Campos, Pound admitia três modalidades de poesia: “melopéia”, com ênfase no som (Homero e os provençais), “fanopéia” ou imagens visuais (chineses, hai-kai japonês e os imagistas) e “logopéia”, a dança do intelecto entre as palavras.
Ele valeu-se das “personae” (máscaras), recurso através do qual o poeta assume a personalidade de um outro autor para incorporar a sua linguagem. Assim, Ezra Pound já “foi” Cino, Bertrand de Born e François Villon, entre outros.
Em sua derradeira entrevista, concedida nove anos antes da morte, na Itália, à revista Época, o poeta conclui que toda a sua vida não passou de uma sucessão de erros e equívocos. “Sei somente que nada sei. Cheguei tarde demais à incerteza máxima. Minhas intenções eram boas, mas enganei-me na maneira de alcançá-las. Fui um estúpido. O conhecimento me chegou tarde demais. Muito tarde me chegou a certeza de nada saber”.
Depois desse pronunciamento patético, o poeta nunca mais se manifestou em público. Morreu em 1º de novembro de 1972, em Veneza. Seus restos mortais foram sepultados no cemitério da Ilha de San Michele. Em sua tumba, o epitáfio que ele escolheu foi: “Quem – fora do espírito da sua época – tentou ressuscitar a arte morta da poesia e manter o significado que a palavra sublime tinha antigamente”. Pound viveu e morreu como poeta excêntrico, não-convencional e rebelde, mas criativo. Todavia pagou um preço exorbitante, intolerável pelo fato de ser original e único.
(CONTINUA)
(CONTINUAÇÃO)
GARIMPEIRO DE GÊNIOS
Ezra Pound foi uma espécie de Mecenas para inúmeros escritores que descobriu, promoveu e projetou no grande cenário da literatura, ou lhes dando ajuda financeira, ou lhes servindo de modelo e inspiração. Entre os que lhe devem boa parte da glória e da visibilidade, se destacam Cummings, Ernest Hemmingway, James Joyce, Yates, Wyndham Lewis, T. S. Elliot, William Carlos Williams e Marianne Moore.
Para Augusto Campos, ele, pessoalmente, pode ser classificado como “poeta seminal do nosso século”, como Edgar Alan Poe foi do século passado. Ernest Hemmingway testemunha que “um poeta deste século que afirme não ter sido influenciado por Ezra Pound merece mais a nossa piedade que a nossa reprovação”.
Para T. S. Elliot, “ele preocupou-se profundamente em fazer com que os contemporâneos e os mais moços escrevessem bem, preocupou-se menos com a sua realização pessoal que com a vida das letras e das artes. Uma das lições a aprender da sua prosa crítica e de sua correspondência, é a de preocupação desinteressada com a arte a que se é devotado”.
Segundo, ainda, Augusto Campos, Pound admitia três modalidades de poesia: “melopéia”, com ênfase no som (Homero e os provençais), “fanopéia” ou imagens visuais (chineses, hai-kai japonês e os imagistas) e “logopéia”, a dança do intelecto entre as palavras.
Ele valeu-se das “personae” (máscaras), recurso através do qual o poeta assume a personalidade de um outro autor para incorporar a sua linguagem. Assim, Ezra Pound já “foi” Cino, Bertrand de Born e François Villon, entre outros.
Em sua derradeira entrevista, concedida nove anos antes da morte, na Itália, à revista Época, o poeta conclui que toda a sua vida não passou de uma sucessão de erros e equívocos. “Sei somente que nada sei. Cheguei tarde demais à incerteza máxima. Minhas intenções eram boas, mas enganei-me na maneira de alcançá-las. Fui um estúpido. O conhecimento me chegou tarde demais. Muito tarde me chegou a certeza de nada saber”.
Depois desse pronunciamento patético, o poeta nunca mais se manifestou em público. Morreu em 1º de novembro de 1972, em Veneza. Seus restos mortais foram sepultados no cemitério da Ilha de San Michele. Em sua tumba, o epitáfio que ele escolheu foi: “Quem – fora do espírito da sua época – tentou ressuscitar a arte morta da poesia e manter o significado que a palavra sublime tinha antigamente”. Pound viveu e morreu como poeta excêntrico, não-convencional e rebelde, mas criativo. Todavia pagou um preço exorbitante, intolerável pelo fato de ser original e único.
(CONTINUA)
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