Saturday, October 15, 2011







Nudez

Pedro J. Bondaczuk

Lembranças, preciosas lembranças,
consolos que a natureza
possibilita e preserva,
de tórridos amores carnais
e das belezas que Deus fez.

Todas têm o seu valor,
seu peso e sua história,
seu momento e seu talvez.
Mas a que me preenche a memória
é a lembrança da sua nudez.

Lembrança da primeira vez
em que a vi por inteiro,
em pêlo e ao natural.
Você, sem prever nenhum risco,
sem temor e sem prudência,
e eu sem querer macular
sua virginal inocência.

Seu corpo, perfeita escultura,
sem reparos e sem mácula,
maturidade de mulher
com espírito de criança,
instintos à flor da pele,
no olhar, plena confiança.
nua, mas sem perder o pudor,
paixão aliada à amizade,
promessa, compromisso, decisão
de conceder-me exclusividade.

O tempo tudo consome,
deteriora, envelhece, destrói.
A beleza também é transitória.
O tempo, porém, não avança,
não mutila, não corrompe, não alcança
a beleza retida na memória.

Todo dia você é outra,
no entanto ainda é a mesma
da inesquecível primeira vez,
em que a vi, por inteiro,
ofertando-me seus encantos,
sua pele, seu sexo, sua tez,
seu cheiro e graciosos trejeitos,
sua gloriosa, completa nudez.

Possui-a, com método e calma,
com delicadeza e consciência,
sem perder, todavia, intensidade.

Consumamos nosso amor,
com gozo mútuo e profundo,
absoluto e incondicional.
Amamo-nos, de corpo e alma,
naquela primeira vez
em que você me revelou,
com inocência, mas paixão,
a plenitude da sua nudez.

(Poema composto em Campinas, em 12 de outubro de 2011).


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