Nota Dez, e com louvor
Pedro J. Bondaczuk
Pedro J. Bondaczuk
Dois acontecimentos marcaram a semana em termos de transmissão de TV, ambos com excelente (diríamos completa) cobertura da Rede Globo. Um foi a entrega do Oscar 84, em sua 56ª edição, aos melhores do cinema no ano passado, direto do Chandler Pavilion, em Los Angeles. Esse evento foi mostrado para cerca de 500 milhões de telespectadores em todo o mundo. O outro, foi o maior comício político já realizado na História do Brasil (e possivelmente do mundo), com a concentração ocorrida na Candelária, Rio de Janeiro, de mais de um milhão de brasileiros, exigindo as eleições diretas para a Presidência da República já.
Na entregaq do Oscar, desde a abertura da festividade, feita pelo presidente da Academia de Ciências Cinematográficas de Hollywood, Gene Allen, até o momento em que o mestre de cerimônias da noitada, o consagrado apresentador de TV Johnny Carson, a encerrou, tudo foi impecável. Ao contrário dos outros anos, onde a tradução do inglês para o português se mostrou falha, na transmissão de segunda-feira, Hélio Costa mostrou muita sobriedade e competência, vertendo para o nosso idioma aquilo que era essencial para o entendimento do quje estava se passando.
Os comentários sobre a premiação, desenvolvidos durante a entrega dos Oscars por Rubens Ewald Filho, ajudaram o telespectador a situar-se no acontecimento e as legendas no vídeo completaram um trabalho que, modestamente, reputo sem qualquer reparo.
Quanto ao segundo evento, causou surpresa em todo mundo o fato da Globo, que vinha mantendo uma posição de alheamento diante das manifestações populares pelo retorno do processo das eleições diretas já para a sucessão do presidente João Figueiredo, ter dado o destaque que deu ao histórico acontecimento. Os paulistas, por exemplo, tiveram vários boletins no correr da programação normal, mostrando tudo o que acontecia na Candelária, Rio de Janeiro. Os cariocas tiveram mais sorte e puderam acompanhar, ao vivo, a histórica manifestação, marcante, principalmente, pelo clima de ordem e disciplina. Não é fácil, em nenhuma circunstância, congregar uma multidão equivalente a toda a população de um país como a Líbia, numa praça, sem que se verifique um único incidente reprovável. O povo passou a si próprio o maior, mais significativo e completo atestado de maturidade política e de amor à ordem e à democr4acia.
A Rede Globo, ao contrário do que se verificou nos comícios da Praça da Sé, de Belo Horizonte, Goiânia, Recife, Salvador e outras tantas dezenas, não se limitou a um simples e casual registro. Documentou, para os arquivos da memória nacional, aquele momento histórico, em que este País, finalmente, pôde sentir-se como Nação, na perfeita identidade de uma causa comum.
Excelente, também, foi o trabalho realizado no Jornal da Globo, que além de um compacto do comício da Candelária, fez uma matéria completa, mandando ao ar, por exemplo, a palavra dos que se opõem ao processo eleitoral direto, ou seja, os atuais presidenciáveis, pontuado por comentários de seu analista político e do econômico, Marco Antonio Rocha, que manifestou a expectativa dos empresários diante da possibilidade da emenda Dante de Oliveira conseguir passar incólume pelo fogo cruzado do Congresso (especialmente do Senado) no próximo dia 25.
Além disso, foram apresentadas imagens de outras manifestações históricas, como as do tempo do ex-presidente Getúlio Vargas, ou do retorno dos pracinhas da FEB da Itália, ou da morte do maior líder populista que o Brasil já teve. Desdsa maneira, o próprio telespectador teve a oportunidade de avaliar a importância do evento que estava sendo focalizado. E, para culminar, a Globo apresentou o pronunciamento, dessa vez sério, do humorista Jô Soares, que tem um q2uadro diário no Jornal da Globo, em que satiriza os continuadores do interminável Febeapá (Festival de Besteiras que Assola o País), em que ele pede eleições diretas já.
A emissora pode, com essa aparente mudança de posição em relação às diretas, ter desagradado a algumas áreas, ainda renitentes e que teimam em manter o “status quo”, mas as manifestações populares ocorridas no dia seguinte à transmissão, refletem a aceitação do público paras com essa atitude, acima de tudo jornalística, no mais exato sentido do termo. Os comentários, que nós conseguimos flagrar, nos bares, quitandas, bancas de jornais e filas de ônibus, refletiam um certo espanto. E, por que não dizer, uma enorme satisfação. Não temos o Boletim do Ibope do Rio, para esse dia e horário, mas duvidamos que ele não tenha girado em torno dos 100% dos televisores ligados.
Finalmente parece que algumas pessoas responsáveis começam a entender o papel desse importantíssimo veículo de comunicação de massa. Ninguém está pedindo que as emissoras assumam posições políticas publicamente e nem que façam proselitismo para idéias esposadas por maiorias ou minorias. O que se pede, e até se exige, é que os acontecimentos q2ue estiverem se verificando em algum lugar, e que tenham alguma importância para a vida da comunidade nacional, sejam ao menos noticiados, com o devido destaque que merecem. Afinal, o fato de alguma ocorrência, por mais negativa que seja (não é o caso do comício da Candelária), não ser veiculado, não fará com que a mesma não se verifique. Nestes dois acontecimentos focalizados durante a semana pela Rede Globo, portanto, o trabalho da emissora merece, de sua imensa legião de telespectadores, uma nota dez, e com louvor.
Na entregaq do Oscar, desde a abertura da festividade, feita pelo presidente da Academia de Ciências Cinematográficas de Hollywood, Gene Allen, até o momento em que o mestre de cerimônias da noitada, o consagrado apresentador de TV Johnny Carson, a encerrou, tudo foi impecável. Ao contrário dos outros anos, onde a tradução do inglês para o português se mostrou falha, na transmissão de segunda-feira, Hélio Costa mostrou muita sobriedade e competência, vertendo para o nosso idioma aquilo que era essencial para o entendimento do quje estava se passando.
Os comentários sobre a premiação, desenvolvidos durante a entrega dos Oscars por Rubens Ewald Filho, ajudaram o telespectador a situar-se no acontecimento e as legendas no vídeo completaram um trabalho que, modestamente, reputo sem qualquer reparo.
Quanto ao segundo evento, causou surpresa em todo mundo o fato da Globo, que vinha mantendo uma posição de alheamento diante das manifestações populares pelo retorno do processo das eleições diretas já para a sucessão do presidente João Figueiredo, ter dado o destaque que deu ao histórico acontecimento. Os paulistas, por exemplo, tiveram vários boletins no correr da programação normal, mostrando tudo o que acontecia na Candelária, Rio de Janeiro. Os cariocas tiveram mais sorte e puderam acompanhar, ao vivo, a histórica manifestação, marcante, principalmente, pelo clima de ordem e disciplina. Não é fácil, em nenhuma circunstância, congregar uma multidão equivalente a toda a população de um país como a Líbia, numa praça, sem que se verifique um único incidente reprovável. O povo passou a si próprio o maior, mais significativo e completo atestado de maturidade política e de amor à ordem e à democr4acia.
A Rede Globo, ao contrário do que se verificou nos comícios da Praça da Sé, de Belo Horizonte, Goiânia, Recife, Salvador e outras tantas dezenas, não se limitou a um simples e casual registro. Documentou, para os arquivos da memória nacional, aquele momento histórico, em que este País, finalmente, pôde sentir-se como Nação, na perfeita identidade de uma causa comum.
Excelente, também, foi o trabalho realizado no Jornal da Globo, que além de um compacto do comício da Candelária, fez uma matéria completa, mandando ao ar, por exemplo, a palavra dos que se opõem ao processo eleitoral direto, ou seja, os atuais presidenciáveis, pontuado por comentários de seu analista político e do econômico, Marco Antonio Rocha, que manifestou a expectativa dos empresários diante da possibilidade da emenda Dante de Oliveira conseguir passar incólume pelo fogo cruzado do Congresso (especialmente do Senado) no próximo dia 25.
Além disso, foram apresentadas imagens de outras manifestações históricas, como as do tempo do ex-presidente Getúlio Vargas, ou do retorno dos pracinhas da FEB da Itália, ou da morte do maior líder populista que o Brasil já teve. Desdsa maneira, o próprio telespectador teve a oportunidade de avaliar a importância do evento que estava sendo focalizado. E, para culminar, a Globo apresentou o pronunciamento, dessa vez sério, do humorista Jô Soares, que tem um q2uadro diário no Jornal da Globo, em que satiriza os continuadores do interminável Febeapá (Festival de Besteiras que Assola o País), em que ele pede eleições diretas já.
A emissora pode, com essa aparente mudança de posição em relação às diretas, ter desagradado a algumas áreas, ainda renitentes e que teimam em manter o “status quo”, mas as manifestações populares ocorridas no dia seguinte à transmissão, refletem a aceitação do público paras com essa atitude, acima de tudo jornalística, no mais exato sentido do termo. Os comentários, que nós conseguimos flagrar, nos bares, quitandas, bancas de jornais e filas de ônibus, refletiam um certo espanto. E, por que não dizer, uma enorme satisfação. Não temos o Boletim do Ibope do Rio, para esse dia e horário, mas duvidamos que ele não tenha girado em torno dos 100% dos televisores ligados.
Finalmente parece que algumas pessoas responsáveis começam a entender o papel desse importantíssimo veículo de comunicação de massa. Ninguém está pedindo que as emissoras assumam posições políticas publicamente e nem que façam proselitismo para idéias esposadas por maiorias ou minorias. O que se pede, e até se exige, é que os acontecimentos q2ue estiverem se verificando em algum lugar, e que tenham alguma importância para a vida da comunidade nacional, sejam ao menos noticiados, com o devido destaque que merecem. Afinal, o fato de alguma ocorrência, por mais negativa que seja (não é o caso do comício da Candelária), não ser veiculado, não fará com que a mesma não se verifique. Nestes dois acontecimentos focalizados durante a semana pela Rede Globo, portanto, o trabalho da emissora merece, de sua imensa legião de telespectadores, uma nota dez, e com louvor.
(Comentário publicado na página 17, editoria de Artes, do Correio Popular, em 13 de abril de 1984).
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