Saturday, May 21, 2011










Na feira de Caruaru

Pedro J. Bondaczuk

Fui rei, fui rei por um dia,
com pompa e circunstância
e a majestade posta a nu.
Rei de coroa de lata,
na feira de Caruaru.

Ó linda pernambuquinha,
não há mais bela que tu.
Olhar de corça brejeira
e saia fazendo fru-fru,
olhos estrelas esquivas
e o olhar? De Capitu.
Te apossastes do meu reino
de névoas e de sonhos
na feira de Caruaru.

Banda de Pífanos espanta
o tédio, severo e cru,
bacamartes abatem
tristezas e até atingem
pardais e um urubu.
Melodias que fascinam
embevecem, encantam,
e fazem bailar a alma
na feira de Caruaru.

Mestre Vitalino esculpiu,
anjos, vaqueiros, muares,
mas certo dia partiu,
para infinitos diversos ares.
Mãos divinas deram forma
ao viscoso barro cru
povoando-me de sonhos,
cometas, planetas, estrelas,
na feira de Caruaru.

Mas fui rei, podes crer,
rei por apenas um dia,
com pompa e circunstância
e a majestade posta a nu.
Rei de coroa de lata,
cuja rainha eras tu,
ó linda pernambuquinha,
olhar de corça brejeira
e saia fazendo fru-fru.
Olhos estrelas esquivas,
e o olhar? De Capitu.
Te apossastes do meu reino,
com charme e ousadia,
mas com plena soberania,
mesmo que só por um dia,
na feira de Caruaru.

(Poema composto em Campinas, em 20 de maio de 2011).

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