Saturday, August 15, 2009

Soneto à doce amada - XXXVI


Pedro J. Bondaczuk

Tarde de verão. Ar parado e morno.
Até a vida se torna mais lenta
ante esta atmosfera sonolenta,
em que a preguiça me volteia em torno.

Com prazos longos, bastante espaçados,
acordando da minha pasmaceira,
pareço vê-la, ágil e ligeira:
meus sentidos se tornam aguçados.

E apesar de já estar desperto e atento,
sinto em muito aumentar o meu tormento,
minha mágoa, solidão e agonia

porque, vítima de um encantamento,
sinto a minha casa quieta e vazia,
sem você, que é uma simples fantasia.

(Soneto composto em Campinas, em 11 de abril de 1968).

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