Pedro J. Bondaczuk
A civilização (ou, pelo menos, o que entendemos que ela, de fato, seja), não é (nunca foi) um processo linear, contínuo, evolutivo, sem retrocessos. Muito pelo contrário. Caracterizou-se, desde os primórdios da história registrada, por saltos e recuos, ao sabor das gerações.
Felizmente, para nós, todavia, cada passo dado paras trás, pelos variados povos, correspondeu a dois ou mais dados para a frente, anos após. Caso isso não ocorresse, estaríamos, provavelmente, em estado de animalidade bruta, de completa selvageria, sem escrita, ciência, artes, filosofia etc., talvez habitando, ainda, em insalubres cavernas, sem saber nem ao menos como produzir o fogo e à mercê, portanto, dos elementos e dos predadores.
Em períodos diferentes da história, surgiram mentes privilegiadas, capazes de enxergar muito adiante do seu tempo, como astros luminosos que iluminaram o caminho dos povos e lideraram multidões na ingente tarefa de derrubar muralhas de preconceitos, de combater (com idéias lúcidas) o fanatismo irracional e de vencer as barreiras da intolerância, interpostas, via de regra, a poder da força bruta.
Nesse processo de avanço e recuo, muitas mentes brilhantes, raridades em todos os tempos (inclusive neste nosso, do início do terceiro milênio da Era Cristã), tombaram, nos lamentáveis períodos de refluxo da maré civilizatória, vítimas do obscurantismo, das superstições e da irracionalidade. Houvessem sido ouvidos, e acatados então, certamente o mundo seria hoje muito melhor do que de fato é.
A aparição desses gigantes da espécie, dessas mentes lucidamente geniais, não se deu, infelizmente, de forma contínua e linear, em relação ao tempo e ao espaço. Houve ocasiões em que, geração após geração, o mundo careceu da sua benigna presença. Como também houve épocas em que mais de um desses homens notáveis e sábios surgiram, às vezes numa mesma região, como ocorreu, por exemplo, no fastígio da civilização grega (ou hindu, ou chinesa etc.).
Onde e quando esses indivíduos especiais atuaram, os povos dos quais emergiram conheceram períodos marcantes, de progresso material e, sobretudo, espiritual. A Europa viveu várias dessas épocas de “fervilhar” de criatividade. Mas, ao contrário do que muitos ainda hoje supõem, para a infelicidade de suas populações, não houve continuidade.
O Velho Continente viu vários desses “saltos” de civilização e lucidez serem sucedidos por longos períodos de trevas, não raro com a duração de séculos, quando o fanatismo (sobretudo religioso) ofuscou as mentes e a violência imperou, em detrimento da razão. Basta que se analise, por exemplo, a longa era conhecida como “Idade Média”, que pode, sem nenhum exagero, ser classificada como a “Idade das Trevas” na Europa. Foi um prolongado espaço de tempo em que a barbárie imperou, sob os mais variados pretextos e disfarces, com um ou outro fugaz lampejo de luz.
Um desses momentos de brilho, de resgate de valores então há muito esquecidos (ou sufocados), sobretudo o da valorização do indivíduo, foi o que se convencionou chamar de “Renascimento”. Nele, renasceram, de fato, a racionalidade e, por conseqüência, a criatividade, propiciando o surgimento de artistas notáveis, de pensadores iluminados e lúcidos e de líderes políticos com clara e progressista perspectiva de futuro.
Foi um período de revalorização do homem, que até então se via subjugado por dogmas pueris, sem nenhum sentido, ditados por fanáticos de mente doentia, que lhe atribuíam a premente e constante necessidade de “expiar” eterna culpa de um suposto pecado original enquanto vivesse. Ou seja, a pretexto de ensinar como conquistar o “céu”, transformavam a vida dos povos num inferno. E ainda há quem justifique e defenda esse comportamento ilógico e irracional!
Preconceitos estúpidos e incompreensíveis antagonismos étnicos sempre dividiram povos, que não compreendiam (será que hoje compreendem?) que eram espécimes de uma mesmíssima espécie, posto que em estágios mentais, materiais e morais diferentes. Isso impediu, entre outras coisas (e impede ainda) que se erigisse uma civilização única, uniforme, universal, ditada exclusivamente pela razão e pela justiça e jamais pela força das armas.
Caso não houvesse essa divisão, sem lógica e sem sentido, hoje a humanidade constituiria uma única e uniforme nação: a do planeta Terra. Talvez não existissem tantas línguas (é possível que houvesse uma única) e nem tantos costumes diferentes, que nos levam, às vezes, a desconfiar que os homens não integram uma única espécie, mas várias, de origens diferentes, embora no essencial todos guardem absoluta semelhança.
O poeta e humanista indiano Rabindranath Tagore explica (ou tenta explicar) a razão de tantos recuos no processo de civilização, ao constatar: “Lemos o mundo às avessas e queixamo-nos de não o compreender”.
Em vez de queixas, todavia, o mais sábio e até óbvio é fazer sua leitura correta e assegurar, por conseqüência, um progresso contínuo, geral, irrestrito e linear da humanidade, em todos os aspectos: material, moral, espiritual, científico e, sobretudo, com absoluta justiça e igualdade de oportunidades. Será que conseguiremos?
A civilização (ou, pelo menos, o que entendemos que ela, de fato, seja), não é (nunca foi) um processo linear, contínuo, evolutivo, sem retrocessos. Muito pelo contrário. Caracterizou-se, desde os primórdios da história registrada, por saltos e recuos, ao sabor das gerações.
Felizmente, para nós, todavia, cada passo dado paras trás, pelos variados povos, correspondeu a dois ou mais dados para a frente, anos após. Caso isso não ocorresse, estaríamos, provavelmente, em estado de animalidade bruta, de completa selvageria, sem escrita, ciência, artes, filosofia etc., talvez habitando, ainda, em insalubres cavernas, sem saber nem ao menos como produzir o fogo e à mercê, portanto, dos elementos e dos predadores.
Em períodos diferentes da história, surgiram mentes privilegiadas, capazes de enxergar muito adiante do seu tempo, como astros luminosos que iluminaram o caminho dos povos e lideraram multidões na ingente tarefa de derrubar muralhas de preconceitos, de combater (com idéias lúcidas) o fanatismo irracional e de vencer as barreiras da intolerância, interpostas, via de regra, a poder da força bruta.
Nesse processo de avanço e recuo, muitas mentes brilhantes, raridades em todos os tempos (inclusive neste nosso, do início do terceiro milênio da Era Cristã), tombaram, nos lamentáveis períodos de refluxo da maré civilizatória, vítimas do obscurantismo, das superstições e da irracionalidade. Houvessem sido ouvidos, e acatados então, certamente o mundo seria hoje muito melhor do que de fato é.
A aparição desses gigantes da espécie, dessas mentes lucidamente geniais, não se deu, infelizmente, de forma contínua e linear, em relação ao tempo e ao espaço. Houve ocasiões em que, geração após geração, o mundo careceu da sua benigna presença. Como também houve épocas em que mais de um desses homens notáveis e sábios surgiram, às vezes numa mesma região, como ocorreu, por exemplo, no fastígio da civilização grega (ou hindu, ou chinesa etc.).
Onde e quando esses indivíduos especiais atuaram, os povos dos quais emergiram conheceram períodos marcantes, de progresso material e, sobretudo, espiritual. A Europa viveu várias dessas épocas de “fervilhar” de criatividade. Mas, ao contrário do que muitos ainda hoje supõem, para a infelicidade de suas populações, não houve continuidade.
O Velho Continente viu vários desses “saltos” de civilização e lucidez serem sucedidos por longos períodos de trevas, não raro com a duração de séculos, quando o fanatismo (sobretudo religioso) ofuscou as mentes e a violência imperou, em detrimento da razão. Basta que se analise, por exemplo, a longa era conhecida como “Idade Média”, que pode, sem nenhum exagero, ser classificada como a “Idade das Trevas” na Europa. Foi um prolongado espaço de tempo em que a barbárie imperou, sob os mais variados pretextos e disfarces, com um ou outro fugaz lampejo de luz.
Um desses momentos de brilho, de resgate de valores então há muito esquecidos (ou sufocados), sobretudo o da valorização do indivíduo, foi o que se convencionou chamar de “Renascimento”. Nele, renasceram, de fato, a racionalidade e, por conseqüência, a criatividade, propiciando o surgimento de artistas notáveis, de pensadores iluminados e lúcidos e de líderes políticos com clara e progressista perspectiva de futuro.
Foi um período de revalorização do homem, que até então se via subjugado por dogmas pueris, sem nenhum sentido, ditados por fanáticos de mente doentia, que lhe atribuíam a premente e constante necessidade de “expiar” eterna culpa de um suposto pecado original enquanto vivesse. Ou seja, a pretexto de ensinar como conquistar o “céu”, transformavam a vida dos povos num inferno. E ainda há quem justifique e defenda esse comportamento ilógico e irracional!
Preconceitos estúpidos e incompreensíveis antagonismos étnicos sempre dividiram povos, que não compreendiam (será que hoje compreendem?) que eram espécimes de uma mesmíssima espécie, posto que em estágios mentais, materiais e morais diferentes. Isso impediu, entre outras coisas (e impede ainda) que se erigisse uma civilização única, uniforme, universal, ditada exclusivamente pela razão e pela justiça e jamais pela força das armas.
Caso não houvesse essa divisão, sem lógica e sem sentido, hoje a humanidade constituiria uma única e uniforme nação: a do planeta Terra. Talvez não existissem tantas línguas (é possível que houvesse uma única) e nem tantos costumes diferentes, que nos levam, às vezes, a desconfiar que os homens não integram uma única espécie, mas várias, de origens diferentes, embora no essencial todos guardem absoluta semelhança.
O poeta e humanista indiano Rabindranath Tagore explica (ou tenta explicar) a razão de tantos recuos no processo de civilização, ao constatar: “Lemos o mundo às avessas e queixamo-nos de não o compreender”.
Em vez de queixas, todavia, o mais sábio e até óbvio é fazer sua leitura correta e assegurar, por conseqüência, um progresso contínuo, geral, irrestrito e linear da humanidade, em todos os aspectos: material, moral, espiritual, científico e, sobretudo, com absoluta justiça e igualdade de oportunidades. Será que conseguiremos?
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