Saturday, August 29, 2009

REFLEXÂO DO DIA


Li, recentemente, revelador artigo de Afonso Cautela, intitulado “Recuar um passo para avançar vinte”, publicado em 22 de maio de 1971 na coluna “Futuro”, da publicação “O Século Ilustrado” de Lisboa. O articulista, sem negar a realidade (que na época em que escreveu o texto nem era tão dramática como agora), manifesta crença na capacidade humana de alterar paradigmas e de encontrar, portanto, saídas, mesmo à beira do abismo (crença com a qual comungo). Inicia suas considerações assim: “Supõem alguns que falar do futuro é (apenas) prever, até às últimas conseqüências, o que vai ser esta civilização tecnológica (à qual por acaso pertencemos e é uma entre muitas das civilizações possíveis) e que nenhuma alternativa se apresenta, portanto, para substituir ou contrariar a lógica onde estamos embarcados, a ordem a que devemos obediência, a estrutura de que somos um mísero e intransponível parafuso. Como parafusos, nada nos pode tirar de onde estamos e há que seguir, na engrenagem, até à consumação dos anos, e – dizem os pessimistas – dos séculos”. Não há exagero e nem generalização nessas colocações. Toda lógica indica nessa direção. Mas não somos “parafusos”. E Cautela defende que podemos salvar o mundo, alterando os paradigmas. De fato, podemos.

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