Os sonhos sempre me intrigaram e fascinaram e, por mais que tenha estudado a respeito, nunca consegui compreender seu mecanismo e sua utilidade. Não é estranho “vivermos” uma outra vida, quando nosso corpo está em absoluto repouso, numa simulação da morte? “Convivemos” com pessoas que não lembramos de já termos sequer visto algum dia, “vemos” paisagens que nunca vimos de verdade, “vivemos” histórias que nunca aconteceram. Enfim, passa em nossa mente, todas as noites, um “filme” inédito (provavelmente, vários) do qual somos, simultaneamente, roteiristas, diretores e atores. Garantem, os especialistas, que os sonhos são projeções de nossa mente, uma espécie de “descarga” de tensões que acumulamos ao longo do dia e de preocupações que nos acometem a todo o momento e das quais nos livramos, nas asas da fantasia, mediante esse processo. Será? Tenho lá minhas dúvidas. Se os sonhos me intrigam, os pesadelos me deixam totalmente pasmo. Os entendidos (sempre eles) atribuem esses episódios aterrorizantes à má digestão, ou, muitas vezes, a aflições agudas e incontroláveis que nos judiam, sem que percebamos. Será? Tenho as mesmíssimas dúvidas a respeito, expressadas, certa feita, por meu grande guru, o escritor Jorge Luiz Borges, num determinado texto em que indagou e depois afirmou: “E se os pesadelos forem estritamente sobrenaturais? Digamos que fossem fendas do inferno. Dentro dos pesadelos, não estaríamos literalmente no coração do inferno? Por que não? Tudo me parece tão estranho que até isso seria possível”. Pois é, se o inferno, de fato, existe (depende do que consideramos como tal), ao termos um pesadelo estaríamos bem no seu âmago, tamanho é o sofrimento (inclusive físico) que temos. Onde a verdade? Está com o médicos, biólogos e anatomistas, ou com estes vasculhadores, incorrigíveis bisbilhoteiros das emoções humanas, que são os escritores?
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