Sunday, March 29, 2009

REFLEXÃO DO DIA


A vida em sociedade – seja esta de que natureza for, a família, a escola, a igreja, o clube, a comunidade, o bairro, a cidade, o Estado ou a Nação – pode ser comparada a um grande baile de máscaras, em que procuramos dissimular o que de fato somos, numa espécie de autodefesa. Queiramos ou não, estejamos ou não dispostos a admitir, na maior parte do tempo não nos mostramos em nossa plenitude a ninguém e representamos um determinado papel. Amiúde, fala-se em “personalidade”, que seria, grosso modo, a nossa essência, o que nos caracteriza de fato. Na verdade, contudo, esta é exatamente a máscara que usamos para esconder nosso rosto. Ninguém é, no íntimo, o que aparenta ser e que busca convencer os outros que seja. E por que agimos dessa maneira? Por que nos empenhamos tanto em iludir o próximo sobre o que somos, queremos, pensamos, sonhamos etc.? Apenas pelo prazer da contradição? Por sermos, no âmago, rematados patifes? Não creio! Agimos dessa maneira para defender nosso mundo secreto dos olhares indiscretos dos que nos cercam. Essa dissimulação é uma autodefesa, um escudo, uma couraça cuja eficácia, todavia, é contestável. Desconfio que nunca funciona a contento. Deixamos escapar, aqui e ali, por gestos e palavras, o que de fato somos e buscamos esconder com tamanho afinco. A tentativa, sobretudo, é a de preservar a originalidade dos nossos sonhos e de impedir, assim, que estes venham a ser maculados, e destarte comprometidos, pela intrusão alheia.

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