Sunday, March 29, 2009

DIRETO DO ARQUIVO


Trinta e seis anos de tensão


Pedro J. Bondaczuk7


Embora com nove dias de diferença, em relação ao nosso calendário (o Gregoriano), o Estado de Israel celebrou, ontem, 36 anos de existência como país independente. São quase quatro caracterizadas por tensões políticas, sobressaltos econômicos e três guerras travadas com seus poderosos vizinhos árabes.
Pelo nosso calendário (os israelenses adotam o Judeu), a independência dessa comunidade nacional ocorreu em 15 de maio de 1948, após fulminante ação militar, que tornou concreto o sonho de milhões de pessoas, espalhadas por todos os cinco continentes, acalentado desde o ano 70 DC, quando o general romano Tito, à frente de poderosas e então virtualmente imbatíveis legiões, arrasou Jerusalém.
Se é verdade que a criação desse Estado solucionou um problema (o do povo judeu, vítima do maior genocídio da história, nos dramáticos anos da Segunda Guerra Mundial), acabou por criar outro, tão ou mais grave do que o solucionado. Foi o referente ao destino do povo palestino, que habitava a região quando começou esse novo êxodo hebreu para a “terra prometida”.
Se a questão ficasse restrita às duas partes interessadas, cremos que tudo já estaria resolvido, sem maiores traumas ou desgastes. Entretanto, as superpotências resolveram fazer da área mais um dos campos de disputa das respectivas e antagônicas ideologias. E, como todos sabem, em briga de família, sempre que entra um intruso, as coisas nunca acabam bem. E de fato, pelo menos até aqui, não acabaram mesmo.
Pela sua luta milenar, pela crença de gerações e mais gerações no retorno à terra dos antepassados, os israelenses merecem todo o respeito e admiração por sua data nacional. Quem sabe agora, quando o Estado judeu atinge a maturidade, possa ser encontrada uma fórmula de convivência com os palestinos.
É a esperança dos amantes da paz. Ou seja, a de que um dos maiores focos de tensão mundial da atualidade (se não o maior) possa ser eliminado, de forma civilizada, ao redor de uma mesa de negociações. Pelo menos este é o sonho das pessoas sensatas e construtivas, quer vivam em Israel, nos acampamentos de refugiados palestinos, no Brasil, nas selvas de Papua-Nova Guiné ou em qualquer outro recanto da Terra.

(Artigo publicado na página 11, Internacional, do Correio Popular, em 8 de maio de 1984)

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