As pessoas que sabem vislumbrar beleza até onde esta, objetivamente, não exista (ou pareça não existir) são rotuladas, pelos pessimistas e renitentes derrotistas, de “utópicas”. Confesso que comungo dessa utopia. Procuro sempre ver o lado positivo, nobre e belo da vida, sem, contudo, ignorar ou negar a existência do oposto (mas no sentido de modificá-lo para melhor). O antônimo da utopia é chamado de “distopia”. É o comportamento de muitos (talvez, infelizmente, a maioria) que só enxergam o lado perverso, ruim e feio da vida. São, no meu entender, mais alienados do que os que vêem apenas o aspecto positivo, belo e nobre de tudo. E, na sua alienação, são infelizes, mesmo que tenham a seu favor tudo o que alguém necessite para alcançar felicidade. Não a alcançam, por não estarem predispostas a ela. Apostam no negativo e este se im põe e se manifesta, com todo o vigor, em suas vidas amargas e cinzentas. O poeta Murilo Mendes fez uma brincadeira, no poema “O utopista”, e caracterizou o distópico, como sendo utópico. Escreveu: “Ele acredita que o chão é duro./Que todos os homens estão presos./Que há limites para a poesia./Que não há sorrisos nas crianças/nem amor nas mulheres./Que só de pão vive o homem./Que não há um outro mundo”. Quem nutre estas crenças e se comporta dessa maneira, reitero, jamais conseguirá ser feliz. Mesmo que o chão não seja macio, que nenhum homem seja livre, que a poesia seja limitada, que as crianças sejam sisudas, que as mulheres não saibam amar, que o homem viva somente em função da comida e que, com a morte, tudo termine, não há mal algum em pensar no oposto, se isso trouxer alegria e motivação para viver. Como são dignos de pena os “distópicos”, imersos em seu mundo árido e pedregoso, de trevas e de feiúra!
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