Monday, March 23, 2009

REFLEXÃO DO DIA


Algumas raras vezes uma obra de arte que produzimos supera, em grandeza e transcendência, em muito aquilo que nós somos. Adquire um toque de magia, de perpetuidade, de eternidade até, enquanto nós não passamos de frágeis animais, efêmeros, ignorantes, sumamente imperfeitos e, sobretudo, transitórios. Convém que, nessas ocasiões, revisemos o que fizermos para lhe dar um indispensável toque de humanidade. Caso contrário, nossa obra-prima, exatamente por sua perfeição formal, não encontrará acolhida por parte das outras pessoas, que não se identificarão com ela. Qualquer tipo de renúncia é doloroso, não há como negar. Ainda mais dessa natureza, que afeta, diretamente, nosso ego. Mas não raro, esta se faz não somente necessária, como indispensável. E este é um desses casos. É disso que tratam estes versos com que o poeta piracicabano, Pedro Morato Krahenbuhl, abre o poema “Voto”: “Corrompe-te um vício de humanidade.//Se teu verso repousar na pedra,/na cúpula do tempo ressoar,/gradua-lhe o tom de eternidade,/em poeira e renúncia”.

No comments: