Thursday, March 19, 2009

REFLEXÃO DO DIA


A vida da grande maioria das pessoas – tanto das que vivem hoje, quanto dos milhões que já viveram desde o surgimento do homem – é rotineira e vazia, por causa da personalidade, educação, oportunidades e, principalmente, circunstâncias de cada uma. Os valores e objetivos humanos, geralmente, são ilusórios e pequenos, mesmo dos que são tidos e havidos como “vencedores”. Dois terços da humanidade, infelizmente, vivem na miséria e têm diante dos olhos cenários cinzentos, paupérrimos, feios, horrorosos, horrendos, para que o um terço restante se regale e viva com conforto e até desregramento. Todavia, nem por isso as pessoas punidas pelas circunstâncias precisam abrir mão da beleza. Afinal, o mais puro e encantador lírio brota, também, nos mais infectos pântanos. Mesmo uma vida “perdida”, pelos critérios atuais de sucesso, não precisa, necessariamente, ser feia e desoladora. Pode ser vazia, difícil e sofrida, mas, ainda assim, bela. Para isso, é necessário, no entanto, que cultivem, desde tenra infância, até por instinto, o senso estético. Se puderem criar obras belas e harmoniosas, que encantem a vista e alegrem o coração, tanto melhor. Caso contrário, apenas a capacidade de identificá-las (e valorizá-las) já transforma (para melhor) a vida de qualquer um, por maiores que sejam sua carência e seu desamparo. Curiosamente, nos lugares mais sombrios e desoladores, emergem, com freqüência, refinados artistas, que captam beleza até no próprio ar e a transmitem por palavras, cores e sons. Um dos versos do poema “Retrato”, de Cecília Meirelles, diz a propósito: “Meus pés vão pisando a terra/que é a imagem da minha vida:/tão vazia, mas tão bela,/tão certa, mas tão perdida!”

No comments: