Monday, December 18, 2006

TOQUE DE LETRA




Pedro J. Bondaczuk

(Fotos: Jefferson Bernardes/VIPCOMM)

DE CAMPINAS PARA O MUNDO

O assunto futebolístico que se impõe, nesta segunda-feira, sem dúvida nenhuma, é a conquista (para ele) inédita do título de Campeão Mundial Interclubes, por parte do Internacional de Porto Alegre. Foi uma vitória eletrizante (e justa) do time gaúcho, no estádio da cidade de Yokohama (o mesmo em que em 2002 o Brasil conquistou seu pentacampeonato), por 1 a 0, sobre o todo-poderoso Barcelona, de Ronaldinho Gaúcho e companhia. Para mim, que sou pontepretano apaixonado e não torço por nenhum outro clube, sejam quais forem as circunstâncias, essa façanha colorada tem um sabor especial. Conta com uma parcela, mesmo que ínfima, da Ponte Preta, neste seu sucesso, mais especificamente, de um profissional competente, que passou por Campinas, deixou muita saudade em nossa coletividade esportiva e por quem a nossa torcida sente um carinho especial: Abel Braga. Pode-se dizer, sem estar incorrendo em nenhum exagero, que nós o “recuperamos” para o futebol brasileiro. Quando este excelente treinador passou pelo Majestoso, estava em baixa na carreira. Havia acumulado uma série de fracassos no comando do Atlético Paranaense, do próprio Internacional e de alguns outros clubes. Todavia, Abel fez um trabalho notável (se considerarmos as circunstâncias) na Ponte Preta, numa época em que nem plantel tínhamos mais, por causa da debandada de vários jogadores por falta de pagamento. O técnico, todavia, não abandonou o barco. Segurou “a marimba” até o final do Campeonato Brasileiro de 2004 e evitou, na oportunidade, o nosso rebaixamento. A partir de então, não parou mais de ganhar títulos, até culminar com os dois mais expressivos, que qualquer profissional da área cobiça: os de campeão da Libertadores da América e do Mundial Interclubes. Este merece! É muito gente!

FUTEBOL SE GANHA NO CAMPO

O Internacional de Porto Alegre provou, mais uma vez, ontem, que futebol se ganha, mesmo, é no campo. Quando a bola rola, todo o favoritismo de véspera pode se evaporar, desaparecer, transformar-se em fumaça, se o time pretensamente mais fraco mostrar, além de técnica, muita determinação e vontade de vencer. Após a magra e suada vitória colorada, na quarta-feira, por 2 a 1, sobre o Al-Ahly, do Egito, só seus torcedores mais fanáticos ainda acreditavam no seu sucesso e, ainda assim, com um pé atrás. Os demais... O favoritismo do adversário cresceu ainda mais, em progressão geométrica, após a goleada, imposta na quinta-feira por Ronaldinho Gaúcho e companhia, sobre o América do México, por 4 a 0. Os prognósticos eram dos mais sombrios, em detrimento do vice-campeão brasileiro. Os jornais espanhóis apostavam, inclusive, em goleada do fortíssimo time catalão e em novo show do Barcelona em gramados estrangeiros, como havia ocorrido na conquista da Copa dos Campeões da UEFA, em plena Londres há alguns meses. Entre nós, muitos cronistas esportivos, embora não ousassem expressar publicamente o que pensavam, achavam a mesma coisa. Ou seja, que o colorado seria humilhado. Todavia, quando a bola rolou... foi o que se viu. Gostei, para esses trouxas queimarem a língua!

MARCAÇÃO, SIM, VIOLÊNCIA, JAMAIS

Uma declaração, feita na sexta-feira, por Abel Braga, foi distorcida pela imprensa, tanto a espanhola quanto a nossa, envenenando o clima da decisão. O treinador havia dito que a única forma de parar o excepcional time do Barcelona era fazer uma marcação rígida, implacável, o campo todo, sobretudo na sua maior estrela, Ronaldinho Gaúcho. Todavia, as notícias deram conta de que o treinador colorado teria instruído seus jogadores “a baterem” no adversário, parando a equipe catalã de qualquer forma, na base da porrada, ou seja, da violência. Abel não disse, em momento algum, nada disso. O jogo de ontem, porém, colocou as coisas nos devidos lugares. O Internacional marcou com eficiência, como há tempos eu não via ninguém marcar. Seus atletas não perderam a concentração por um só minuto, não deixando os jogadores do Barcelona sequer respirarem, quanto mais armarem jogadas de gol. Mas foi marcação na bola, sem violência e sem nenhuma apelação. Tanto que o número de faltas cometidas na partida inteira foi baixíssimo. O Colorado jogou, isto sim, com inteligência, com garra e com aplicação. E apostou nos contra-ataques para vencer o jogo. Foi o que aconteceu. Num contragolpe mortal, quando o tempo regulamentar estava para se esgotar, Adriano Gabiru recebeu um passe com açúcar de Iarley e concretizou o sonho do Inter, para desgosto dos derrotistas.

TIME MONTADO EM CIMA DA HORA

Na vida, sempre há aquelas pessoas que tentam desmerecer sucessos alheios, apontando fatores que, no seu entender, empanariam o êxito de alguém. No futebol, como não poderia deixar de ser, não é diferente. Depois que o Internacional surpreendeu o Barcelona em Yokohama e conquistou uma vitória que poucos acreditavam que seria possível, tentaram (e ainda tentam) desmerecer essa brilhante conquista. Muitos argumentaram que o time catalão somente perdeu por causa das ausências dos seus dois maiores goleadores, Etoo e Messi. De fato, ambos fizeram falta. Mas o que dizer do Internacional? Dos onze jogadores que conquistaram a Copa Libertadores da América, apenas cinco estiveram em campo ontem. O clube foi obrigado a se desfazer de pelo menos seis excelentes atletas (entre os quais Bolívar, Tinga e Rafael Sobis) para fazer face às suas despesas. Ademais, contou com um jogador de apenas 17 anos entre os titulares que, ao chegar a Tóquio, havia feito uma única partida oficial no time de cima (contra o Palmeiras, no Parque Antártica): Alexandre Pato. Utilizou, também, outro menino, Luiz Adriano, de somente 19 anos, recém-promovido das categorias de base. Aliás, foram os dois garotos que abriram o caminho para a conquista de ontem, fazendo os gols contra o bom time do Al-Ahly, que classificaram o Inter para a final. E coube, ironicamente, a um atleta há tempos marginalizado no futebol brasileiro, Adriano Gabiru, fazer o gol do título! Qualquer desculpa, portanto, em favor do Barcelona, não passa de mero choro de perdedor. Parabéns, pois, ao colorado gaúcho que, contra tudo e contra todos, trouxe, com inegáveis méritos, mais uma vez, a Copa Toyota para o Brasil, repetindo o feito do São Paulo no ano passado.

TROCA SERIA BEM-VINDA

Apesar do Internacional de Porto Alegre ser, com toda a justiça, a notícia da semana, não posso deixar de falar da Ponte Preta. Afinal, este não é um blog de um cronista esportivo isento, mas de um assumidamente apaixonado torcedor pontepretano. Comenta-se, pela cidade, que o Santos teria oferecido, pelo lateral-direito Nei – a grande revelação do ano no Moisés Lucarelli – a quantia de R$ 800 mil, mais um atacante, à escolha da diretoria, entre Geilson e Rodrigo Tiui. Muita gente torceu o nariz. Há os que acham que a direção da Macaca deve insistir na pedida de R$ 1,2 milhão pelo atleta, ou não tem negócio. Bobagem. A Ponte Preta, até aqui, não tem nenhum atacante matador, que passe, de fato, confiança à torcida e decida jogos. Eu faria, sim, uma contraproposta: os R$ 800 mil oferecidos pelo Santos e mais os dois jogadores, não apenas um deles. Ambos se encaixariam como uma luva no novo time que está sendo montado. Geilson não é nenhum craque, convenhamos, mas fez gols e mais gols com a camisa santista, muitos dos quais decisivos. Melhor do que o Tuto, certamente, é. E Rodrigo Tiuí já mostrou, no Fluminense, no Noroeste e no próprio Peixe, que é um atacante “interessante”, rápido, de bom domínio de bola e fazedor de gols. Se a proposta, portanto, for verdadeira, a diretoria pontepretana deve aceitá-la rapidinho, sem vacilar.

CARAS NOVAS NO BRINCO

Para não dizerem que sou parcial (embora eu assuma, sem nenhum problema, que o seja), aqui vai uma notícia do Guarani. O Bugre já tem sete caras novas para a temporada de 2007, para a disputa do Campeonato Paulista da Série A-2, Copa Brasil e Série C do Brasileirão. Não são contratações bombásticas, claro, e nem poderiam ser. São jogadores medianos, porém apropriados para as competições que o clube vai disputar. Dos novos contratados, três são zagueiros (Lino e Márcio Rocha, procedentes do Rio Branco de Americana e Clayton Mineiro, que vem do Caxias do Rio Grande do Sul), um é volante (Macaé, do São Raimundo de Manaus), dois são meias (Fernandinho, do Paulista de Jundiaí e Rone Dias, da Catanduvense) e um é atacante (Tozin, do América de São José do Rio Preto). São atletas escolhidos a dedo pelo treinador Waguinho Dias. Se vão dar certo ou não, são outros quinhentos. Só o tempo vai se encarregar de dizer. Mas para um clube com os problemas financeiros que o Guarani tem, não deixa de ser um ato de ousadia essa “baciada” de jogadores contratados.

RESPINGOS...

· O São Paulo não pára de reforçar seu bom elenco para a temporada de 2007. Agora, acaba de trazer o centroavante Borges, que estava no Japão. E continua de olho em Nilmar.
· Por falar em Nilmar, continua a “novela” sobre sua permanência ou não no Parque São Jorge. A diretoria corintiana garante que fica. O empresário do atleta assegura que não é bem assim. E o impasse continua.
· O Olímpia vive um impasse sobre se participa ou não do próximo Campeonato Paulista da Série A-3. O clube está virtualmente falido e não tem, a esta altura, um único jogador para a disputa da competição. Quem sabe está aí a chance do Campinas ocupar a sua vaga. Tomara que sim!
· Vem aí mais uma edição da inchada Copa São Paulo de Futebol Júnior. Apesar dos muitos times de aluguel que participam da competição, é uma ótima chance para se observar as revelações, que logo, logo estarão desfilando pelos gramados do mundo.
· O técnico Wanderley Paiva, embora sem citar nomes, garantiu que a Ponte Preta já tem oito jogadores praticamente contratados e que negocia com mais três, para a disputa do Campeonato Paulista. Espera-se, somente, que a qualidade prevaleça sobre a quantidade. Chega de cabeças de bagre!

* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


pedrojbk@hotmail.com

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