Monday, December 04, 2006

TOQUE DE LETRA




Pedro J. Bondaczuk

(Fotos: Arquivo do site oficial da Ponte Preta)

DESPEDIDA MELANCÓLICA DA SÉRIE A

A Ponte Preta despediu-se, ontem, de forma melancólica da Série A do Campeonato Brasileiro, num Majestoso vazio, com apenas 780 “testemunhas”. Claro que não se poderia esperar outra coisa, face ao rebaixamento do time. Pelo menos a torcida não cometeu a insensatez (diria, a burrice) de hostilizar os jogadores ou depredar o patrimônio do clube. Em campo, a Macaca despediu-se, não se pode negar, com honra, ao obter um empate, por 1 a 1, com o Atlético Paranaense, do técnico Oswaldo Alvarez (aliás um dos responsáveis pela montagem do atual plantel, um dos mais fracos, em termos técnicos, desde que a Ponte ascendeu à elite do futebol brasileiro, em 1997). Foi um jogo ruim, sonolento, chato, mero amistoso de luxo, apenas para cumprir tabela, que não decidia mais coisíssima nenhuma. O resultado, no final das contas, foi justo, embora o ataque pontepretano tenha exigido mais do goleiro Kleber do que os paranaenses exigiram de Aranha. Fico pensando: quando verei novamente o meu time do coração na Série A? Em 2007? Em 2008? Em 2010? Nunca mais? Essa é uma tarefa de todos os que amam o clube e não apenas da diretoria: reconduzir a Ponte onde ela merece, de fato, estar. Agora, não adianta lamentar! É tocar a bola para a frente, levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima. E quanto antes, melhor.

BUGRE JÁ TEM UMA BASE

O Guarani, apesar dos imensos problemas financeiros que enfrenta, já tem, pelo menos, um time-base para a disputa da Série A-2 do Campeonato Paulista. O presidente Leonel Martins de Oliveira agiu com absoluto bom-senso ao manter o técnico Waguinho Dias no comando da equipe. Trata-se de um treinador jovem, competente, com garra e muita vontade de vencer. Além disso, mostrando enorme poder de persuasão, a diretoria vem conseguindo renovar os contratos dos principais jogadores, daqueles que não abandonaram o barco quando este começou a naufragar, e garantiram, em campo, os pontos necessários para o time permanecer na Série B. Destaque-se que o Guarani não foi rebaixado por sofrer mais derrotas do que seus adversários. Caiu no “tapetão”. Teve retirados três preciosos pontos que haviam sido conquistados na bola, em decorrência de uma decisão inédita, estranha, esdrúxula e controvertida da Fifa (a meu ver, sumamente injusta), que não tinha nada que se meter na questão. Tratou-se da punição, ao Bugre, considerado co-responsável no “affaire” da transferência do lateral Gilson para um clube da Turquia, que não lhe caberia de fato. Ou seja, o clube foi co-responsabilizado numa irresponsabilidade exclusiva do atleta (ou, provavelmente, do seu empresário, não importa). Esse assunto ainda promete dar muito pano para manga.

RENOVAÇÃO QUE SE FAZ INDISPENSÁVEL

A Ponte Preta, baixada a poeira do seu rebaixamento para a Série B – tantas vezes previsto desde 1997, mas só agora consumado – vive um clima de expectativa sobre uma possível e indispensável renovação. Espera-se, contudo, que essa não ocorra somente no plantel (que, está claro, será renovado, e muito). É necessário, sobretudo, mudar a mentalidade que vigorou até aqui. É preciso alterar desde a filosofia de trabalho em seus vários departamentos, à própria forma do time jogar. A Ponte tem que deixar, necessariamente, de ser um time prioritariamente defensivo, como tem sido ao longo de toda uma década, e passar a praticar um futebol moderno, solidário, tendo como objetivo principal a vitória, e não se limitar apenas a tentar evitar derrotas, como ocorreu até aqui. Antes de tudo, o clube precisa voltar às suas origens, de emérito revelador de talentos. Para isso, tem que planejar, com carinho, o seu departamento amador, e dar tudo o que for necessário para que ele funcione a contento. Um grande passo nesse sentido já foi dado, com a contratação do competentíssimo Adailton Ladeira, responsável pela nova geração de jogadores do Corinthians, aquela que salvou o clube do Parque São Jorge do vexame do rebaixamento e conseguiu colocá-lo numa honrosa (para as circunstâncias) 9ª colocação do Campeonato Brasileiro de 2006. Voltarei, certamente, a tocar no assunto neste período de férias do futebol.

QUESTÃO DE SOBREVIVÊNCIA

Se a aposta na revelação de jogadores é importante para a Ponte Preta (e é importantíssima), para o Guarani, dadas as circunstâncias, isso se torna questão de sobrevivência. O Bugre não tem recursos financeiros para contratar nem mesmo os jogadores mais baratos da praça que, ademais, não resolveriam o seu problema, mas o afundariam mais e mais na crise. Os cofres estão absolutamente vazios e não há mais onde se buscar dinheiro. Além disso, os credores assediam o Brinco de Ouro e as ações de cobrança se multiplicam às mancheias. O Guarani, portanto, tem que revelar novos (e claro, bons) jogadores para reforçar o seu fragilizado plantel e, principalmente, para fazer caixa, para conseguir oxigênio financeiro que assegure sua sobrevivência. Não temos notícias, no entanto, de nenhuma ação concreta nesse sentido. O Bugre não tem outra saída. Precisa porque precisa revelar, no mínimo, três ou quatro garotos bons de bola, de inegável talento, se possível para que participem ainda da pré-temporada do time na cidade de Poços de Caldas. Que saudades do Zé Duarte, que antes de assumir o comando de equipes profissionais, trabalhou (com competência e talento) nas categorias de base! Esse é insubstituível, sem dúvida.

DESMANCHE OU APENAS BOATOS?

Nem bem o Campeonato Brasileiro acabou e já se propala, aos quatro ventos, o desmanche deste horrível plantel da Ponte Preta, que fez história no clube, ao não conseguir evitar o seu rebaixamento. Dizem, à boca pequena, que Jean, Preto, Regis, Pituca e Tuto estariam de saída. Já vão tarde! Se não estiverem no listão (ou se não houver lista de dispensa), a diretoria deve lhes dar, com urgência, o clássico “bilhete azul”. Dos citados, eu apenas conservaria um deles. Trata-se do zagueiro Preto. E não por seus predicados técnicos (que na verdade não possui), mas pela garra que sempre demonstrou. Jogando ao lado de um companheiro mais vigoroso e de melhores condições, pode, ainda, ser muito útil à Ponte. Os demais? By, by! E já vão tarde! Comenta-se, também, do interesse do Fluminense (sempre ele) pelos laterais Nei e Iran. O primeiro deles, a maior revelação pontepretana dos últimos cinco anos, se de fato sair, será uma perda muito grande. Quanto ao lateral-esquerdo... acho-o comum e inferior, até, a Wellington. Outro comentário que circula pela cidade é sobre a possível contratação do veterano Paulo Isidoro. Vejo-a com simpatia, já que o jogador foi um dos principais destaques na campanha do América de Natal, que levou o clube potiguar à elite do futebol brasileiro. Enfim...é aguardar para se saber com certeza o que é verdade e o que não passa de mero balão de ensaio.

NOVA GERAÇÃO DO CAMPINAS BRILHA DE NOVO

O Campinas, há já um bom tempo, vem fazendo excelente trabalho em suas categorias de base. E os resultados estão aparecendo. Neste final de semana, ao empatar com a Lemense, em Leme, no segundo e decisivo jogo das finais do Campeonato Paulista da Segunda Divisão da categoria Sub-20, por 1 a 1, o Águia conquistou, pela terceira vez em sua curta história, esse importante título. Certamente, muitos dos jogadores que integraram essa equipe vencedora vão reforçar, logo, logo, o time principal, em sua luta para chegar à Série A-3. Nos últimos anos, esse acesso vem “batendo na trave”, mas uma hora haverá de acontecer. Esse é o caminho certo para o Campinas se projetar, em curto prazo, e dar à cidade mais uma excelente opção de torcida. O futebol campineiro carece demais de boas notícias, num ano tão desastroso para os seus três times profissionais. E essa é uma das poucas coisas positivas que restaram e que, por isso, precisa ser comemorada, e muito!

RESPINGOS...

· Se a Ponte Preta precisasse do Palmeiras, ou do Fluminense, para se salvar do rebaixamento, estaria perdida. Ontem, ambos empataram, no Maracanã, por 1 a 1, mas não porque fizessem jogo de compadre, mas por se igualarem em mediocridade.
· O Grêmio deixou escapar, ontem, por entre os dedos, o vice-campeonato deste ano da Série A. Perdeu, para o rebaixado Fortaleza, na capital cearense, por 1 a 0.
· Merecidíssima a conquista, por parte do Paraná, de uma inédita vaga para a Copa Libertadores da América de 2007. Desde a primeira rodada eu vinha alertando: cuidado com os comandados de Caio Junior! E não deu outra.
· Outro treinador que se destacou neste ano foi Renato Gaúcho. Tirou “leite de pedra” do fraco plantel do Vasco e por pouco não conquista uma vaga para a Libertadores da América do ano que vem.
· Notável, mesmo, foi a façanha de Emerson Leão. Pegou o Corinthians na lanterna e levou-o a uma honrosa 9ª colocação. Pena que ele seja tão chato!

* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


pedrojbk@hotmail.com

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