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Pedro J. Bondaczuk
Colho lírios, muitos lírios, braçadas de lírios
em pântanos asquerosos, sombrios,
microcosmo onde a vida, também, abunda.
Tão alvos, branquíssimos, iluminados,
são véus diáfanos, de noivas virginais,
que a lama miasmática e putrefata
toca, tenta, mas não macula a sua
branca, alva, alvíssima pureza,
blindada contra eventual corrupção.
Colho rosas, rubras, magníficas rosas
em vastos canteiros interditos.
Espinhos cruéis ferem-me as mãos,
de onde brotam, sutis, generosas,
gotículas, pétalas, de rosas rubras,
sangue, paixão, enlevo, amor.
Colho versos, doidos versos, mil versos,
alvos, brancos, branquíssimos lírios;
rosas, rubras rosas, magníficas rosas,
em pântanos asquerosos, sombrios
das confusas e contraditórias emoções
e em canteiros, multivariados canteiros
dos jardins interditos dos sentimentos.
Colho lírios, mil lírios, braçadas de lírios...
Colho rosas, centenas de rosas, rubras, gloriosas...
Colho flores, muitas flores, em ocasos e albores...
Colho versos, sentimentos e emoções dispersos,
incontroláveis, que deposito, diligente,
dia após dia, com obsessão e afinco,
comovido, em hemorragia de ternura,
docemente, aos seus pés, inolvidável amada!
(Poema composto em Campinas, em 29 de dezembro de 2006).
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