Wednesday, May 24, 2006
T O Q U E D E L E T R A
Pedro J. Bondaczuk
Guerreiro alado
Garrincha, pequeno pássaro encantado,
alado guerreiro, ingênuo e inocente,
que faz desfilar, no presente, galhardia,
e humor e graça, as sementes do amanhã,
e que alimenta nossa fragílima fantasia
no palco grandioso do Maracanã.
Mameluco cavaleiro do sonho,
de auriverde manto sagrado,
corcel veloz, galopa e voa
a felicidade perfeita dos simples
nos gramados da América e Europa.
Pés alados. Pés de anjo. Pés calçados
de couro e poesia, de poder e magia,
na luta heróica, com espírito lúdico,
faz acenos familiares à glória
e, em danças, coreografias, corrupios,
bêbedo de luz, sorve o vinho da vitória.
Líder nato, sem bazófia ou arrogância,
dançando, com dez exímios bailarinos,
tece, com os pés, o painel encantado da vida
no teatro, dramática arena dos bravos,
do Estádio Nacional de Santiago.
A fama é tênue e pesa toneladas.
Heróis despencam no esquecimento
vítimas da ingratidão covarde e infeliz.
Mas Garrincha voa, flutua, ganha alento
e, com arte, com magia e encantamento
desperta, orgulha e enaltece um país.
NOTA: Poema em homenagem a Garricha, que liderou a seleção brasileira de futebol na conquista do bicampeonato mundial, disputado no Chile, em 1962.
(Poema composto em São Caetano do Sul, em 22 de abril de 1963).
Imparcialidade? Nem tanto!
Com o poema acima, em homenagem ao segundo jogador de futebol mais genial que já vi jogar, reinauguro uma das três colunas de esporte que mais prazer me deram de escrever. As outras duas, que pretendo ressuscitar oportunamente, são a “Arquibancada” e “De primeira” (este nome é anterior ao site homônimo, nada a ver com ele e também não é plágio, pois o antecedeu). Muitos, certamente, vão contestar minha imparcialidade, já que sou “réu confesso” de ser apaixonado torcedor da Ponte Preta. Bobagem! Primeiro, nenhum colunista é absolutamente isento, por mais que jure ser. Segundo, como jornalista com muuuuuiiiita janela, sei distinguir senso crítico de paixão (pelo menos acho que sei). O que pode ocorrer, isto sim, é eu ser mais severo e até intransigente do que o normal com o meu time do coração, do qual sempre irei exigir nada menos do que a perfeição. No mais...
Por que aqui?
Meus poucos leitores do blog podem indagar, surpresos (se é que vão notar): “Uai, este espaço não é voltado à literatura?”. É, mas não exclusivamente a ela. Propõe-se a ser um espaço onde pretendo (e vou) mostrar tudo o que já escrevi ao longo dos meus quase 45 anos de carreira. E o que vier a escrever por muitos anos, claro! Nesse contexto, tenho planos de, eventualmente, resgatar, por exemplo, também uma das tantas colunas de televisão que já redigi. Talvez resgate a que durou mais anos, publicada (sem assinatura) no Correio Popular, entre 1983 e 1986.
E as regras, quais serão?
Quais serão as regras da coluna? Serão como tudo aqui no “O Escrevinhador”. Ou seja, não haverá regras. Farei o que, quando e como melhor me aprouver. Esta é a prerrogativa de ser dono de um blog. Ele só tem razão de existir se for livre, se eu não se tiver que dar satisfações a ninguém, se a criatividade não vier a ser engessada por quem ou pelo o que quer que for. Creio que os que freqüentarem este espaço vão gostar (como os que leram a coluna, num passado ainda recente, em jornais parecem ter gostado, a julgar por suas espontâneas manifestações por e-mail). Quanto à periodicidade... Bem, ainda não decidi qual será. A intenção é fazer uma coluna diária de esportes e não somente informativa, mas, sobretudo, crítica. Inicialmente, talvez esta seção seja, apenas, eventual, ou semanal, ou mensal, sei lá. E talvez não seja.
Reprodução liberada
Por que resgatar o “Toque de Letra” aqui no “O Escrevinhador” e não a publicar em jornais, como fiz por muito tempo? Por vários motivos. Um deles é que optei, há já dois anos, por me afastar da mídia impressa, que me deu baixíssimo retorno na carreira. O público que atinjo num único dia internet, sem nenhum exagero, é muito maior do que aquele que atingia em dez anos (leitores somados nesse período) no Correio Popular! Outra razão é que nenhum jornal se interessou em publicar a coluna, depois que aqueles que a publicavam deixaram de circular. Jornalismo (como ademais quase tudo na vida) é prática, é constância, é exercício. E não vejo sentido em desperdiçar um talento que desenvolvi, por tanto tempo, apenas porque, por enquanto, ninguém está disposto a me ceder uma “vitrine”. Isso contraria o meu senso de lógica e meu temperamento prático. Ora, se eu tenho a minha própria mídia, sem precisar dar satisfações para ninguém, por que não a usar? É o que farei! Se, eventualmente, algum jornal, site ou blog se interessarem em reproduzir o “Toque de Letra”, não haverá nenhum problema. Bastará que seus responsáveis entrem em contato comigo (e respeitem, logicamente, os direitos autorais) que, prazerosamente, darei meu consentimento, sem nenhuma formalidade ou frescura.
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2 comments:
Parabéns pela qualidade e beleza do conteúdo dos textos e das imagens. Abraço inclusivo.
Pedro, muito bonito o poema em homenagem a Garrincha. Em tempo de Copa do Mundo, nada mais legal que falar dos grandes no nosso futebol.
Um beijo! :-)
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