Saturday, May 13, 2006

Inventário


Hoje acordei pensando
na minha insignificância...
Inventariei o que tenho
e o que posso oferecer
a quem venha a me querer.

Minha preguiça, tristeza,
meus momentos de vagar,
uma alma assinalada,
um sonho inconseqüente,
minha esperança passada,
a ternura envelhecida,
grande desilusão,
num mundo coberto de pó,
uma renitente saudade
e a amargura de ser só.
Minha lira emperrada,
o meu corpo alquebrado,
o meu pedaço de estrada,
minha canção desesperada
e minha ânsia de vencer,
sabendo-me derrotado.

São estas as minhas riquezas!
Isto eu tenho para deixar
a quem queira partilhar
da minha insignificância!

(Poema composto em Campinas, em 8 de outubro de 1967).

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