Saturday, January 28, 2012







Não entendo...

Pedro J. Bondaczuk



Não entendo...
o universo, o vácuo, o cosmos,
a arte, a filosofia, a vida, a morte,
o terrível, o sublime, o mal e o bem.

Duro, indevassável é meu entendimento
na interpretação do louco cotidiano,
incompreensão dos sentimentos gris,
das motivações, anseios e do sentimento.

Não entendo...
o comportamento cínico dos canalhas,
as vilanias, ostensivas ou camufladas,
a criminosa exploração do homem pelo homem,
o jogo social, viciado. Cartas marcadas!

Não entendo...,
a contaminação das fontes da poesia,
a corrupção dos sonhos e dos ideais,
a obsessão pelo juntar, amealhar e ter
o vicioso fascínio pela tirania e mesquinhez.

Quisera o império da justiça,
o signo escondido da verdade,
o delicadíssimo cristal do amor,
a suave luz da decência e da bondade.

Pois não entendo...
a razão desse mau comportamento,
da prevalência do baixo instinto animal.
Tanta dor, tanta mágoa, tanto sofrimento,
tamanho comprometimento com o mal!!!
Tanto néscio adulado, tanto pedante,
tanto pessimismo, tão crasso desalento!!!
Meu raciocínio é bruto diamante,
e se faz duro o meu entendimento.

(Poema composto em Campinas, em 4 de março de 1981).

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