Favelização das cidades
Pedro J. Bondaczuk
O processo de acelerada urbanização mundial é um dos graves problemas do nosso tempo, ao lado do tráfico e consumo de drogas, dos conflitos étnicos, da rápida degradação do meio ambiente e do estado pré-falimentar da ética, entre outros.
Estimativas das Nações Unidas dão conta de que, nos próximos cinco anos e meio, em 2000, cerca de 90 centros urbanos do mundo vão abrigar metade da população do Planeta. Ou seja, 3,2 bilhões de pessoas, já que se estima que a Terra terá, então, 6,4 bilhões. Nem é preciso ser urbanista para perceber que tamanha concentração de gente é nociva, irracional e até perigosa.
Há um aspecto prático a considerar: o da segurança. Não apenas no que se refere à contenção da criminalidade, que nessas megalópolis tende a se expandir crescentemente, mas até mesmo quanto à proteção dos moradores contra cataclismos, naturais ou provocados pelo homem.
Um terremoto numa cidade como São Paulo, Tóquio, Nova York ou Londres, apenas para citar algumas, produziria muito mais mortos do que se ocorresse numa região repleta de vilarejos. Mesmo que a soma dos habitantes fosse igual ou maior do que a da metrópole.
O Brasil não foge à regra mundial. Dotado do quinto maior território do mundo, o País, mesmo com seus 150 milhões de pessoas, é um enorme vazio. A população concentra-se, acotovela-se, disputa espaço e condições satisfatórias de vida em cerca de cem grandes e médias cidades. Oitenta e quatro por cento dos brasileiros vivem em zonas urbanas. Onde a racionalidade desse comportamento?
O que se observa, em decorrência dessa concentração populacional em uma centena de megalópolis, é a degradação desses aglomerados. E o fenômeno se verifica não apenas no Terceiro Mundo, mas em países que estão em estado privilegiado de desenvolvimento.
A queda do padrão de vida e o incremento da violência já são realidades em Paris, em Londres, em Roma, etc. Daí as Nações Unidas terem convocado, para junho de 1995, em Istambul, na Turquia, a 2ª Habitat, ou seja, Conferência Mundial sobre Assentamentos.
O tema (nem poderia ser outro), vai tentar projetar "O Futuro das Cidades", o que pode ser também o da espécie humana, caso não se comece já um movimento de dispersão populacional. O representante brasileiro nesse encontro, Jorge Wilheim, acentua: "A tendência, até o fim do milênio, é a favelização dos centros urbanos". Daí a necessidade de a opinião pública exigir providências para evitar a multiplicação dessas megalópolis. É uma questão até de sobrevivência.
(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 26 de maio de 1994).
Pedro J. Bondaczuk
O processo de acelerada urbanização mundial é um dos graves problemas do nosso tempo, ao lado do tráfico e consumo de drogas, dos conflitos étnicos, da rápida degradação do meio ambiente e do estado pré-falimentar da ética, entre outros.
Estimativas das Nações Unidas dão conta de que, nos próximos cinco anos e meio, em 2000, cerca de 90 centros urbanos do mundo vão abrigar metade da população do Planeta. Ou seja, 3,2 bilhões de pessoas, já que se estima que a Terra terá, então, 6,4 bilhões. Nem é preciso ser urbanista para perceber que tamanha concentração de gente é nociva, irracional e até perigosa.
Há um aspecto prático a considerar: o da segurança. Não apenas no que se refere à contenção da criminalidade, que nessas megalópolis tende a se expandir crescentemente, mas até mesmo quanto à proteção dos moradores contra cataclismos, naturais ou provocados pelo homem.
Um terremoto numa cidade como São Paulo, Tóquio, Nova York ou Londres, apenas para citar algumas, produziria muito mais mortos do que se ocorresse numa região repleta de vilarejos. Mesmo que a soma dos habitantes fosse igual ou maior do que a da metrópole.
O Brasil não foge à regra mundial. Dotado do quinto maior território do mundo, o País, mesmo com seus 150 milhões de pessoas, é um enorme vazio. A população concentra-se, acotovela-se, disputa espaço e condições satisfatórias de vida em cerca de cem grandes e médias cidades. Oitenta e quatro por cento dos brasileiros vivem em zonas urbanas. Onde a racionalidade desse comportamento?
O que se observa, em decorrência dessa concentração populacional em uma centena de megalópolis, é a degradação desses aglomerados. E o fenômeno se verifica não apenas no Terceiro Mundo, mas em países que estão em estado privilegiado de desenvolvimento.
A queda do padrão de vida e o incremento da violência já são realidades em Paris, em Londres, em Roma, etc. Daí as Nações Unidas terem convocado, para junho de 1995, em Istambul, na Turquia, a 2ª Habitat, ou seja, Conferência Mundial sobre Assentamentos.
O tema (nem poderia ser outro), vai tentar projetar "O Futuro das Cidades", o que pode ser também o da espécie humana, caso não se comece já um movimento de dispersão populacional. O representante brasileiro nesse encontro, Jorge Wilheim, acentua: "A tendência, até o fim do milênio, é a favelização dos centros urbanos". Daí a necessidade de a opinião pública exigir providências para evitar a multiplicação dessas megalópolis. É uma questão até de sobrevivência.
(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 26 de maio de 1994).
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