Crise moral é a raiz
Pedro J. Bondaczuk
O papa João Paulo II, em sua mensagem antecipada para o Dia Mundial da Paz, que é comemorado todos os anos em 1 de janeiro, adverte para um risco tão grande para a vida humana quanto é a existência dos arsenais de armas nucleares, embora a maioria das pessoas ainda não tenha se dado conta de tamanho perigo.
Trata-se da depredação do meio ambiente, que pode transformar este aprazível domus cósmico do homem num gigantesco e desolado deserto, como é o nosso satélite natural, a Lua. O Pontífice atribuiu a agressão à natureza à profunda crise moral que o mundo atravessa nestes tormentosos anos finais do segundo milênio da Era Cristã.
João Paulo II refere-se, no caso, à falta de solidariedade entre nações, que permite a criação de guetos de miséria, envolvendo dois terços da humanidade, que passam suas vidas produzindo para que o terço restante, privilegiado, use e abuse dos esgotáveis recursos do Planeta, sem parcimônia, juízo ou critério.
Embora muitos não queiram admitir – por razões óbvias – (e alguns, até, por mera alienação, por absoluta desinformação), a dívida externa do chamado Terceiro Mundo vem acelerando a depredação ambiental. Afinal, os devedores têm a obrigação de obter crescentes saldos comerciais, de ano para ano, apenas para cumprirem essa indecência de compromisso chamado de “serviço” do mencionado endividamento.
Pagam juros sobre juros, taxas sobre taxas, comissões sobre comissões, numa sangria sem fim, sem que com isso seja abatido um único centavo do principal. Extensões cada vez maiores de florestas são devastadas, para o aproveitamento da madeira. Às vezes, nem para isso, mas somente para formação de pastagens para o gado bovino.
Indústrias poluidoras, condenadas nos países que já estão numa etapa mais avançada de desenvolvimento, são recebidas de braços abertos por este séqüito de enforcados, sempre com o mesmo objetivo, com uma idéia fixa: gerar superávits, para honrar o compromisso assumido.
O pior de tudo, é que os verdadeiros responsáveis pela depredação ambiental – e o assunto já foi levantado, nestes exatos termos, nas Nações Unidas – são os primeiros a atirar pedras nos terceiromundistas. Arrogam-se em protetores do Planeta e vêm ditar lições de moral nos países atolados em seus problemas e que estes mesmos “moralistas” ajudam a afundar ainda mais.
O tema é bastante extenso para ser esgotado em ligeiras considerações como estas. Todavia, não é nada difícil o estabelecimento de uma íntima relação entre a crise moral da humanidade e a agressão ao meio ambiente. É indispensável um pouco de sinceridade no trato dessa questão pois, quando a Terra virar um deserto, todos, absolutamente todos, ricos, pobres e remediados, estarão no mesmo barco.
(Artigo publicado na página 12, Internacional, do Correio Popular, em 6 de dezembro de 1989).
Pedro J. Bondaczuk
O papa João Paulo II, em sua mensagem antecipada para o Dia Mundial da Paz, que é comemorado todos os anos em 1 de janeiro, adverte para um risco tão grande para a vida humana quanto é a existência dos arsenais de armas nucleares, embora a maioria das pessoas ainda não tenha se dado conta de tamanho perigo.
Trata-se da depredação do meio ambiente, que pode transformar este aprazível domus cósmico do homem num gigantesco e desolado deserto, como é o nosso satélite natural, a Lua. O Pontífice atribuiu a agressão à natureza à profunda crise moral que o mundo atravessa nestes tormentosos anos finais do segundo milênio da Era Cristã.
João Paulo II refere-se, no caso, à falta de solidariedade entre nações, que permite a criação de guetos de miséria, envolvendo dois terços da humanidade, que passam suas vidas produzindo para que o terço restante, privilegiado, use e abuse dos esgotáveis recursos do Planeta, sem parcimônia, juízo ou critério.
Embora muitos não queiram admitir – por razões óbvias – (e alguns, até, por mera alienação, por absoluta desinformação), a dívida externa do chamado Terceiro Mundo vem acelerando a depredação ambiental. Afinal, os devedores têm a obrigação de obter crescentes saldos comerciais, de ano para ano, apenas para cumprirem essa indecência de compromisso chamado de “serviço” do mencionado endividamento.
Pagam juros sobre juros, taxas sobre taxas, comissões sobre comissões, numa sangria sem fim, sem que com isso seja abatido um único centavo do principal. Extensões cada vez maiores de florestas são devastadas, para o aproveitamento da madeira. Às vezes, nem para isso, mas somente para formação de pastagens para o gado bovino.
Indústrias poluidoras, condenadas nos países que já estão numa etapa mais avançada de desenvolvimento, são recebidas de braços abertos por este séqüito de enforcados, sempre com o mesmo objetivo, com uma idéia fixa: gerar superávits, para honrar o compromisso assumido.
O pior de tudo, é que os verdadeiros responsáveis pela depredação ambiental – e o assunto já foi levantado, nestes exatos termos, nas Nações Unidas – são os primeiros a atirar pedras nos terceiromundistas. Arrogam-se em protetores do Planeta e vêm ditar lições de moral nos países atolados em seus problemas e que estes mesmos “moralistas” ajudam a afundar ainda mais.
O tema é bastante extenso para ser esgotado em ligeiras considerações como estas. Todavia, não é nada difícil o estabelecimento de uma íntima relação entre a crise moral da humanidade e a agressão ao meio ambiente. É indispensável um pouco de sinceridade no trato dessa questão pois, quando a Terra virar um deserto, todos, absolutamente todos, ricos, pobres e remediados, estarão no mesmo barco.
(Artigo publicado na página 12, Internacional, do Correio Popular, em 6 de dezembro de 1989).
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
No comments:
Post a Comment