Friday, June 24, 2011







Textos, mas sem papel

Pedro J. Bondaczuk


A falta de segurança para prevenir ataques de hackers vem retardando algo que vai acontecer mais cedo ou mais tarde: a circulação de jornais e revistas única e exclusivamente em veículo eletrônico, ou seja, no computador, eliminando de vez as mídias impressas.
Quando levanto essa possibilidade, recebo, invariavelmente, dezenas de mensagens, muitas das quais insultuosas, como se isso fosse uma coisa cuja decisão me coubesse. Não tenho nada com isso! O que faço é mera previsão, até baseada na lógica, que pode se confirmar ou não.
A produção de papel é uma atividade não apenas dispendiosa, mas altamente poluente. Quem vive nas proximidades de alguma fábrica desse produto sabe do que estou falando. Ademais, a mídia eletrônica é mais limpa e o noticiário pode ser renovado em tempo real, quase na mesma hora que o fato acontece.
Por enquanto, porém, não é a mais segura (ou nem um pouco segura). Qualquer celerado, que mal saiu do cueiro, mas que domine os segredos da informática (e essa molecada de hoje é genial nesse aspecto), ou seja, qualquer hacker mirim (ou adulto, sei lá), pode, com a maior facilidade, tirar um site de notícias do ar.
Esses celerados irresponsáveis podem, até, muito mais. Já invadiram, por exemplo, os sites da CIA, do FBI e outros tantos, os mais seguros que vocês possam imaginar. Volta e meia, algum desses idiotas é preso (notadamente nos EUA e Europa) e passa anos na cadeia. Mas sempre aparecem outros bobalhões, dispostos a repetirem, a “façanha”.
Não me entra na cabeça que alguém ache “divertido” detonar o computador dos outros e até ameaçar a segurança pública. Há fortes suspeitas, inclusive, que o recente blecaute nacional, que afetou pelo menos 18 Estados, teve algum tipo de interferência de hackers. Isso não ficou comprovado, mas não duvido da possibilidade. Gente burra, inconsciente e maldosa é que não falta. E, sobretudo, irresponsável.
Livros totalmente eletrônicos já existem em profusão. Nos dois últimos anos, li algumas dezenas deles, que queria ler há tempos, mas não encontrava nem em sebos para comprar. A leitura na telinha é um tanto cansativa, admito, mas é questão de costume. Já me acostumei a ela e leio, hoje, muito mais no computador do que exemplares impressos.
Um amigo disse-me, por estes dias, que já existe no mercado um aparelhinho voltado exclusivamente para esse fim. Seria como um Ipod, mas restrito a textos. Você salvaria os livros que desejasse (isto, claro, se já estiverem disponíveis para meios eletrônicos) e acessaria o que quisesse ler. Caberia nessa engenhoca uma biblioteca inteira de razoável porte, ou seja, por volta de 500 volumes.
A tal maquininha tem, conforme esse amigo, formato pequeno, pouco maior do que um livro convencional e, por isso, você pode levá-lo para onde quiser. Não posso assegurar se essa informação é verdadeira ou não. Até porque não entendo bulhufas dessas novas tecnologias. Mas não duvido que tal equipamento de fato exista. E se não existir ainda, não tardará para alguém desenvolvê-lo.
Os que me xingam, quando prevejo que jornais, revistas e livros impressos vão desaparecer um dia (claro que é impossível precisar quando), deveriam se informar melhor e aprender a fazer extrapolações. Sustento, pois, minha previsão e tenho certeza que, mais dia menos dia, ela irá se concretizar, quando menos as pessoas esperarem. A “era Guttenberg” (não sei se feliz ou infelizmente) está chegando ao fim. Espero que seja para melhor. E que se aprenda a evitar os hackers.

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