Duas estréias no início das férias
Pedro J. Bondaczuk
O final da Copa do Mundo do México (por sinal melancólico para nós), está sendo valorizado praticamente por apenas uma emissora, que como se diz na gíria, "não deixou a peteca cair", mesmo com a desclassificação do Brasil. Aliás, sem menosprezo a nenhum profissional, isso vem sendo feito quase que por apenas um membro da equipe de esportes de um único canal de TV, que se constituiu numa das mais gratas revelações do ano, mesmo estando no ar há muito tempo. Referimo-nos à Rede Globo e mais especificamente a Fernando Vannucci, que entrou no clima da competição e tornou mais atrativo um programa que, apresentado sem descontração, teria tudo para ser sem graça (a despeito de sua excelente edição). É o "Copa 86", que nos últimos dias precisou recorrer a todos os meios imagináveis para preencher o tempo e cumprir contrato com os patrocinadores.
Ainda assim, Vannucci encontrou ânimo para algumas tiradas bem-humoradas. Pode-se dizer, sem medo de errar, que ele foi o profissional que melhor se comunicou com o público durante esta Copa. Vibrou com a seleção, enquanto esta estava no páreo. Não escondeu sua tristeza de ninguém com a desclassificação (no sábado passado chegou a derramar algumas disfarçadas lágrimas no encerramento do Jornal Nacional) e "deu a volta por cima", como toda a torcida brasileira, passado o momento inicial da decepção causada pela maneira com que nossa equipe acabou eliminada na "loteria" dos pênaltis.
Nosso tema hoje, todavia, não é esse. Queremos lembrar o leitor, e certamente também telespectador, sobre as estréias que vão ocorrer na próxima semana, na Rede Globo. A primeira delas será na área infantil e com certeza nem é preciso avisar a criançada. Depois de muito adiamento, ocorre, segunda-feira, no período matinal, o lançamento do "Xou da Xuxa" (o título é esse mesmo, com "x" e "u" no final). Como se vê, trata-se de uma brincadeira que já começa pelo próprio nome do programa e que deverá agitar as manhãs da garotada, tentando recuperar um pouquinho do terreno que a emissora cedeu ao "Bozo", da TVS.
Quem teve a oportunidade de assistir às apresentações da Xuxa, na Rede Manchete, sabe do quanto ela é capaz. Sua comunicação com as crianças é imediata. Ela fala a linguagem infantil, inventa brincadeiras, participa e faz todo o mundo participar. É um autêntico espetáculo de alegria e de animação, embora os desenhos animados exibidos sejam aqueles de sempre, "manjadíssimos" por quem acompanha essa espécie de programação.
A outra estréia é um "enlatado", mas de excelente qualidade, ou seja, a minissérie "Pedro, o Grande", mostrando um pouco da história de um país muito comentado no noticiário internacional, mas pouco conhecido da maioria no que diz respeito aos seus costumes, à sua evolução e às suas tradições nacionais. O seriado enfoca a Rússia do século XVII, mostrando um período de grandes transformações, onde a suntuosidade da nobreza contrastava violentamente com a dolorosa miséria do povo, submetido a um regime de autêntica servidão.
O programa irá ao ar em dez capítulos, de segunda a sexta, a partir das 22h20. Conta com a direção de Marvin Chomsky (o mesmo de "Holocausto") e de Lawrence Schiller, com elenco de primeira linha, onde despontam Maximilian Shell, Vanessa Redgrave (magnífica, como sempre), Jean Niklas, Lili Palmer, Helmut Griem e Hanna Schygulla.
As duas estréias são, sem dúvida, boas opções para a emissora começar o período das férias do meio do ano com o pé direito. O que o crítico espera e o telespectador torce é que ela não volte a promover aquele autêntico festival de repetições que marcou a sua programação noturna nos meses de janeiro, fevereiro e março. Até porque, esse é o caminho mais curto para irritar qualquer um e o levar a dormir mais cedo, desligando o seu receptor.
(Artigo publicado na página 10, Arte & Variedades do Correio Popular, em 28 de junho de 1986)
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
Pedro J. Bondaczuk
O final da Copa do Mundo do México (por sinal melancólico para nós), está sendo valorizado praticamente por apenas uma emissora, que como se diz na gíria, "não deixou a peteca cair", mesmo com a desclassificação do Brasil. Aliás, sem menosprezo a nenhum profissional, isso vem sendo feito quase que por apenas um membro da equipe de esportes de um único canal de TV, que se constituiu numa das mais gratas revelações do ano, mesmo estando no ar há muito tempo. Referimo-nos à Rede Globo e mais especificamente a Fernando Vannucci, que entrou no clima da competição e tornou mais atrativo um programa que, apresentado sem descontração, teria tudo para ser sem graça (a despeito de sua excelente edição). É o "Copa 86", que nos últimos dias precisou recorrer a todos os meios imagináveis para preencher o tempo e cumprir contrato com os patrocinadores.
Ainda assim, Vannucci encontrou ânimo para algumas tiradas bem-humoradas. Pode-se dizer, sem medo de errar, que ele foi o profissional que melhor se comunicou com o público durante esta Copa. Vibrou com a seleção, enquanto esta estava no páreo. Não escondeu sua tristeza de ninguém com a desclassificação (no sábado passado chegou a derramar algumas disfarçadas lágrimas no encerramento do Jornal Nacional) e "deu a volta por cima", como toda a torcida brasileira, passado o momento inicial da decepção causada pela maneira com que nossa equipe acabou eliminada na "loteria" dos pênaltis.
Nosso tema hoje, todavia, não é esse. Queremos lembrar o leitor, e certamente também telespectador, sobre as estréias que vão ocorrer na próxima semana, na Rede Globo. A primeira delas será na área infantil e com certeza nem é preciso avisar a criançada. Depois de muito adiamento, ocorre, segunda-feira, no período matinal, o lançamento do "Xou da Xuxa" (o título é esse mesmo, com "x" e "u" no final). Como se vê, trata-se de uma brincadeira que já começa pelo próprio nome do programa e que deverá agitar as manhãs da garotada, tentando recuperar um pouquinho do terreno que a emissora cedeu ao "Bozo", da TVS.
Quem teve a oportunidade de assistir às apresentações da Xuxa, na Rede Manchete, sabe do quanto ela é capaz. Sua comunicação com as crianças é imediata. Ela fala a linguagem infantil, inventa brincadeiras, participa e faz todo o mundo participar. É um autêntico espetáculo de alegria e de animação, embora os desenhos animados exibidos sejam aqueles de sempre, "manjadíssimos" por quem acompanha essa espécie de programação.
A outra estréia é um "enlatado", mas de excelente qualidade, ou seja, a minissérie "Pedro, o Grande", mostrando um pouco da história de um país muito comentado no noticiário internacional, mas pouco conhecido da maioria no que diz respeito aos seus costumes, à sua evolução e às suas tradições nacionais. O seriado enfoca a Rússia do século XVII, mostrando um período de grandes transformações, onde a suntuosidade da nobreza contrastava violentamente com a dolorosa miséria do povo, submetido a um regime de autêntica servidão.
O programa irá ao ar em dez capítulos, de segunda a sexta, a partir das 22h20. Conta com a direção de Marvin Chomsky (o mesmo de "Holocausto") e de Lawrence Schiller, com elenco de primeira linha, onde despontam Maximilian Shell, Vanessa Redgrave (magnífica, como sempre), Jean Niklas, Lili Palmer, Helmut Griem e Hanna Schygulla.
As duas estréias são, sem dúvida, boas opções para a emissora começar o período das férias do meio do ano com o pé direito. O que o crítico espera e o telespectador torce é que ela não volte a promover aquele autêntico festival de repetições que marcou a sua programação noturna nos meses de janeiro, fevereiro e março. Até porque, esse é o caminho mais curto para irritar qualquer um e o levar a dormir mais cedo, desligando o seu receptor.
(Artigo publicado na página 10, Arte & Variedades do Correio Popular, em 28 de junho de 1986)
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