Arquivo mais seguro
Pedro J. Bondaczuk
Qual o lugar mais seguro para você guardar alguma coisa a salvo de olhares indiscretos e, principalmente, da cobiça dos amigos do alheio? Algumas pessoas garantem que é no local mais óbvio possível, aquele bem à vista, em que ninguém guardaria nada e que por isso, até se duvida que esteja. Concordo, pelo menos em parte, com isso.
Se você puser seus bens preciosos em algum cofre, isso atrairá a atenção dos que pretenderem se apropriar deles. Certamente farão de tudo para descobrir seu segredo e, se não conseguirem, apelarão para recursos extremos, ou seja, para o arrombamento. E dificilmente deixarão de ter sucesso. Estão aí casos e mais casos de espetaculares assaltos para demonstrar que não existe cofre absolutamente seguro.
E caso você queira preservar algum texto, à prova de sumiços e destruição, em que lugar você o guardará? Eu guardarei em algum desses milhões de arquivos eletrônicos que há internet afora. No instante em que quiser acessá-lo, bastará clicar o mouse do meu computador no link do respectivo site para tê-lo de imediato em mãos. E caso esse espaço, por algum motivo, saia do ar? Por variar de local de postagem, não me apertarei. Consultarei o Google que, certamente, me apresentará, em fração de segundos, o local em que meu texto está arquivado.
E por que trago, hoje, esse assunto à baila? Porque não faz muito perdi dois livros, que estavam apenas datilografados, devidamente revisados e prontinhos para seguirem para a editora, um de contos e outro de poesias. Descobri a perda quando decidi digitá-los e mantê-los em meu arquivo eletrônico. Procura daqui, procura dali, e nada! “Cadê os livros!!!”, gritei, com minha sutileza paquidérmica, acompanhando o grito de um sonoro e cabeludo palavrão. Quando estou irritado, sou “proibido para menores de dezoito anos”.
Nunca mais os encontrei. Sei lá o que aconteceu. Os dois livros simplesmente desapareceram, sumiram, se evaporaram no ar. Minha esposa, tentando consolar-me, disse, em sua santa ingenuidade: “Não esquenta! Além dos quatro livros publicados, você tem ainda 14 inéditos. Para quê quer mais?”. Contei até dez para não mimoseá-la com uma série de impropérios o que, se o fizesse, certamente me custaria uma noite de sono no sofá da sala.
Ela não entende que, para nós, escritores, os livros que escrevemos são filhos, posto que espirituais. Temos com ambos os mesmos cuidados e o mesmo orgulho, se for o caso de se orgulhar. Por mais que tenhamos escrito, não abrimos mão de nenhum. A perda desses dois livros equivaleu, para mim, à saída de casa (claro que isso felizmente nunca ocorreu) de dois dos meus filhos, que sequer deixassem endereço e se perdessem nesse imenso mundão de Deus, sem que jamais soubesse notícias deles.
Para evitar que isso se repita, transcrevi tudo, absolutamente tudo o que já escrevi e salvei na memória do meu computador. Como este não é seguro e nem confiável, pois vive sendo invadido por hackers, tive o cuidado de fazer backup, atualizado todos os dias. E fui mais longe: passei a publicar tudo, tudo mesmo o que escrevo em pelo menos uma dezena de sites de grande prestígio, além do meu blog “O Escrevinhador” (e alguns dos textos, relativamente poucos, no Literário).
Como não tenho mais nada que esteja apenas em papel, não corro mais o risco de perder livro algum. Se detonarem meu computador (como já fizeram “n” vezes), restaurarei tudo o que escrevi em outra máquina, já que disponho do respectivo backup. E se por uma dessas artimanhas malignas isso não funcionar, recorrerei à bendita internet, e mais especificamente, ao preciosíssimo Google.
Pena que não tomei essas providências a tempo de evitar que dois dos meus filhos espirituais (quem sabe não seriam os que me projetariam nacionalmente como escritor? Nunca se sabe!) desaparecessem, sumissem, evaporassem no ar, sem deixarem o mínimo vestígio de pista para procurá-los.
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
Pedro J. Bondaczuk
Qual o lugar mais seguro para você guardar alguma coisa a salvo de olhares indiscretos e, principalmente, da cobiça dos amigos do alheio? Algumas pessoas garantem que é no local mais óbvio possível, aquele bem à vista, em que ninguém guardaria nada e que por isso, até se duvida que esteja. Concordo, pelo menos em parte, com isso.
Se você puser seus bens preciosos em algum cofre, isso atrairá a atenção dos que pretenderem se apropriar deles. Certamente farão de tudo para descobrir seu segredo e, se não conseguirem, apelarão para recursos extremos, ou seja, para o arrombamento. E dificilmente deixarão de ter sucesso. Estão aí casos e mais casos de espetaculares assaltos para demonstrar que não existe cofre absolutamente seguro.
E caso você queira preservar algum texto, à prova de sumiços e destruição, em que lugar você o guardará? Eu guardarei em algum desses milhões de arquivos eletrônicos que há internet afora. No instante em que quiser acessá-lo, bastará clicar o mouse do meu computador no link do respectivo site para tê-lo de imediato em mãos. E caso esse espaço, por algum motivo, saia do ar? Por variar de local de postagem, não me apertarei. Consultarei o Google que, certamente, me apresentará, em fração de segundos, o local em que meu texto está arquivado.
E por que trago, hoje, esse assunto à baila? Porque não faz muito perdi dois livros, que estavam apenas datilografados, devidamente revisados e prontinhos para seguirem para a editora, um de contos e outro de poesias. Descobri a perda quando decidi digitá-los e mantê-los em meu arquivo eletrônico. Procura daqui, procura dali, e nada! “Cadê os livros!!!”, gritei, com minha sutileza paquidérmica, acompanhando o grito de um sonoro e cabeludo palavrão. Quando estou irritado, sou “proibido para menores de dezoito anos”.
Nunca mais os encontrei. Sei lá o que aconteceu. Os dois livros simplesmente desapareceram, sumiram, se evaporaram no ar. Minha esposa, tentando consolar-me, disse, em sua santa ingenuidade: “Não esquenta! Além dos quatro livros publicados, você tem ainda 14 inéditos. Para quê quer mais?”. Contei até dez para não mimoseá-la com uma série de impropérios o que, se o fizesse, certamente me custaria uma noite de sono no sofá da sala.
Ela não entende que, para nós, escritores, os livros que escrevemos são filhos, posto que espirituais. Temos com ambos os mesmos cuidados e o mesmo orgulho, se for o caso de se orgulhar. Por mais que tenhamos escrito, não abrimos mão de nenhum. A perda desses dois livros equivaleu, para mim, à saída de casa (claro que isso felizmente nunca ocorreu) de dois dos meus filhos, que sequer deixassem endereço e se perdessem nesse imenso mundão de Deus, sem que jamais soubesse notícias deles.
Para evitar que isso se repita, transcrevi tudo, absolutamente tudo o que já escrevi e salvei na memória do meu computador. Como este não é seguro e nem confiável, pois vive sendo invadido por hackers, tive o cuidado de fazer backup, atualizado todos os dias. E fui mais longe: passei a publicar tudo, tudo mesmo o que escrevo em pelo menos uma dezena de sites de grande prestígio, além do meu blog “O Escrevinhador” (e alguns dos textos, relativamente poucos, no Literário).
Como não tenho mais nada que esteja apenas em papel, não corro mais o risco de perder livro algum. Se detonarem meu computador (como já fizeram “n” vezes), restaurarei tudo o que escrevi em outra máquina, já que disponho do respectivo backup. E se por uma dessas artimanhas malignas isso não funcionar, recorrerei à bendita internet, e mais especificamente, ao preciosíssimo Google.
Pena que não tomei essas providências a tempo de evitar que dois dos meus filhos espirituais (quem sabe não seriam os que me projetariam nacionalmente como escritor? Nunca se sabe!) desaparecessem, sumissem, evaporassem no ar, sem deixarem o mínimo vestígio de pista para procurá-los.
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