Reconhecimento póstumo
Pedro J. Bondaczuk
O reconhecimento do talento e, principalmente das realizações de pessoas competentes e criativas não raro chega (quando chega, óbvio), muitos anos depois de sua morte. Claro que não se trata de regra, mas de possibilidade. E isso em qualquer profissão ou atividade. Em literatura não é diferente.
Há escritores que se mostram muito adiante do seu tempo em termos de talento e criatividade. Escrevem livros à prova de reparos, que beiram à perfeição. Demonstram incrível domínio da técnica de escrever e sensibilidade imensa, dessas raras e à prova de reparos. Ou seja, preenchem todos os requisitos para o sucesso literário. Mas... Sabe-se lá por qual artimanha do acaso, esse não vem. Morrem praticamente ignorados por leitores e pela crítica. Muitos terminam a vida em condição pior: na miséria, dependendo da caridade alheia para sobreviver.
Lá um belo dia, porém, às vezes décadas após a morte, um desses “ratos de biblioteca”, garimpeiros de tesouros literários, que se proponha a compor excelente antologia, descobre, num sebo qualquer, um exemplar do livro que o tal escritor produziu com tanto entusiasmo, mas que não conseguiu esgotar sequer reles edição de mil exemplares.
Ou algum professor de Português, que esteja pesquisando aspectos diferentes do idioma para escrever um livro didático, faz o mesmo e resolve incluir um texto do nosso injustiçado (e obscuro) personagem em sua obra. E eis que se dá um milagre.
Subitamente, quem foi ignorado em vida, passa a ser admirado e, às vezes, até reverenciado muitos anos após a morte. As editoras movimentam-se junto à família do tal escritor redescoberto para obter os direitos de republicação de sua obra.
Em alguns casos, essa, legalmente, já caiu no domínio público, o que os editores acham melhor ainda, a maravilha das maravilhas, por significar lucro total e exclusivo. E, da noite para o dia, quem morreu frustrado, decepcionado, esquecido e abandonado se transforma num esfuziante best-seller, incomparável fenômeno de vendas.
Vocês pensam que isso é raro de acontecer? Pelo contrário. Há casos e mais casos desse tipo, tão comuns que sequer nos damos conta deles. Como se vê, o sucesso e o fracasso são bastante relativos.
Claro que nós, escritores, gostaríamos de ter nosso talento e criatividade reconhecidos em vida. Quem não gostaria? Isso, todavia, não é e nunca foi (e nem sei se um dia será) regra, mas rara exceção.
Por isso, devemos atentar para cada texto que produzirmos. Temos que dar o melhor de nós sempre, mesmo naquilo que pareça trivial e sem importância. Não escrevemos para o presente, mas para o tempo e a eternidade. O sucesso em vida, se vier, será mero, posto que bem vindo, acaso. Tenhamos isso em mente.
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
Pedro J. Bondaczuk
O reconhecimento do talento e, principalmente das realizações de pessoas competentes e criativas não raro chega (quando chega, óbvio), muitos anos depois de sua morte. Claro que não se trata de regra, mas de possibilidade. E isso em qualquer profissão ou atividade. Em literatura não é diferente.
Há escritores que se mostram muito adiante do seu tempo em termos de talento e criatividade. Escrevem livros à prova de reparos, que beiram à perfeição. Demonstram incrível domínio da técnica de escrever e sensibilidade imensa, dessas raras e à prova de reparos. Ou seja, preenchem todos os requisitos para o sucesso literário. Mas... Sabe-se lá por qual artimanha do acaso, esse não vem. Morrem praticamente ignorados por leitores e pela crítica. Muitos terminam a vida em condição pior: na miséria, dependendo da caridade alheia para sobreviver.
Lá um belo dia, porém, às vezes décadas após a morte, um desses “ratos de biblioteca”, garimpeiros de tesouros literários, que se proponha a compor excelente antologia, descobre, num sebo qualquer, um exemplar do livro que o tal escritor produziu com tanto entusiasmo, mas que não conseguiu esgotar sequer reles edição de mil exemplares.
Ou algum professor de Português, que esteja pesquisando aspectos diferentes do idioma para escrever um livro didático, faz o mesmo e resolve incluir um texto do nosso injustiçado (e obscuro) personagem em sua obra. E eis que se dá um milagre.
Subitamente, quem foi ignorado em vida, passa a ser admirado e, às vezes, até reverenciado muitos anos após a morte. As editoras movimentam-se junto à família do tal escritor redescoberto para obter os direitos de republicação de sua obra.
Em alguns casos, essa, legalmente, já caiu no domínio público, o que os editores acham melhor ainda, a maravilha das maravilhas, por significar lucro total e exclusivo. E, da noite para o dia, quem morreu frustrado, decepcionado, esquecido e abandonado se transforma num esfuziante best-seller, incomparável fenômeno de vendas.
Vocês pensam que isso é raro de acontecer? Pelo contrário. Há casos e mais casos desse tipo, tão comuns que sequer nos damos conta deles. Como se vê, o sucesso e o fracasso são bastante relativos.
Claro que nós, escritores, gostaríamos de ter nosso talento e criatividade reconhecidos em vida. Quem não gostaria? Isso, todavia, não é e nunca foi (e nem sei se um dia será) regra, mas rara exceção.
Por isso, devemos atentar para cada texto que produzirmos. Temos que dar o melhor de nós sempre, mesmo naquilo que pareça trivial e sem importância. Não escrevemos para o presente, mas para o tempo e a eternidade. O sucesso em vida, se vier, será mero, posto que bem vindo, acaso. Tenhamos isso em mente.
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