Motivações do escritor
Pedro J. Bondaczuk
O leitor Francisco de Assis Dias faz uma pergunta cuja resposta conclusiva eu não tenho e creio que ninguém tem. Indaga qual a motivação, o que leva uma pessoa a querer ser escritora? Sinceramente? Não sei!
Creio que não exista uma única e nem que haja consenso entre os que optam por essa atividade de tamanhas exigências e frustrações e de tão pequeno retorno. Entendo, no entanto, que todos os que fazem essa opção tenham talento, notadamente o de se comunicar por escrito, nem que seja em forma bruta, carecendo de lapidação.
Como se trata de algo muito subjetivo, só posso responder por mim. Minha motivação fundamental (e elas são muitas), é a de passar um recado ao mundo, mais ou menos deste tipo: “Olá, pessoal, eu existo, penso de tal e tal maneira, sonho com isso, isso e aquilo, quero tal e tal coisa, condeno essa e essa e essa atitude”. E vai por aí adiante.
Vislumbro na Literatura uma oportunidade de revelar minha personalidade, gosto, sonhos e ambições. De expor, nem sempre explicitamente (na maioria das vezes colocando na boca de personagens-chaves), meus sentimentos, pensamentos e ideais.
Não escrevo esperando ganhar dinheiro ou conquistar notoriedade (embora se eles vierem, serão, certamente, bem-vindos). Quando estou em processo de criação, costumo dizer (para o horror das mulheres aqui de casa e principalmente das tias beatas) que se trata de “sessão de exorcismo” dos meus demônios interiores. Ou seja, dos instintos ruins e dos pensamentos interditos, que vivem em nosso interior, posto que à nossa revelia.
Faço da Literatura uma espécie de catarse. É uma válvula de escape do que me aborrece, entristece e atormenta. Por isso exalto, quase sempre, o que me entusiasma, alegra e faz feliz. Invariavelmente, quando acabo de escrever (não importa se uma crônica, conto, poema, ensaio ou capítulo de romance), sinto-me leve, desoprimido, com a sensação de quem tira um peso imenso e esmagador das costas.
O resultado prático que advém desse processo é o que menos importa. Claro que me preocupo com os eventuais saldos positivos desse esforço, pois sou obcecado por qualidade. Daí despender dois terços do meu tempo na revisão e apenas um na produção.
Claro que elogios são bem-vindos, mas não por massagearem meu ego (pelo menos não apenas por isso), mas por me indicarem que fui feliz na comunicação e me fiz entendido pelo personagem central da minha atividade, o leitor.
Claro que críticas pertinentes e inteligentes são desejáveis, mas não porque eu seja humilde (não sou) e me submeta docilmente à opinião alheia (não me submeto), mas por ajudarem a guiar meus passos, suprimindo deficiências que não consigo enxergar sozinho e reforçando a insistência nos meus pontos fortes.
Publico tudo o que escrevo, não por vaidade (embora este ingrediente sempre esteja presente) e muito menos para faturar um dinheirinho (apesar de não recusar esse tipo de recompensa de quem se disponha a me pagar), mas para dar sentido prático ao meu esforço e impedir que se torne mero desperdício de tempo.
A intuição me diz que serei, um dia, um escritor muito conhecido e bem-sucedido. Quem não me conhece, interpreta esta convicção não no seu real sentido. Distorce-a e a classifica de “convencimento”, de “mania de grandeza” e de outros tantos adjetivos desairosos, desses tão freqüentes e fartos na boca dos incompetentes, invejosos e dos que só se sentem bem quando conseguem diminuir os outros.
Caso eu não estivesse convicto do sucesso, seria até incoerente. Fosse esse meu sentimento, sequer despenderia tanto tempo e tanto esforço em uma atividade em que não tivesse a menor chance de me sair bem. Todavia, não fico sentado, esperando que a vitória me caia de graça no colo. Empenho-me, da manhã até a noite, do despertar ao adormecer de novo, todos os dias do ano, há já dezenas de anos, para concretizar o que quero.
Você viu o que fez comigo, caro Francisco de Assis? Fez-me falar, de novo, a meu próprio respeito, estimulando a antipatia dos falsamente modestos e dos fracassados de carteirinha, que adoram ostentar seu fracasso sob o disfarce da humildade.
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
Pedro J. Bondaczuk
O leitor Francisco de Assis Dias faz uma pergunta cuja resposta conclusiva eu não tenho e creio que ninguém tem. Indaga qual a motivação, o que leva uma pessoa a querer ser escritora? Sinceramente? Não sei!
Creio que não exista uma única e nem que haja consenso entre os que optam por essa atividade de tamanhas exigências e frustrações e de tão pequeno retorno. Entendo, no entanto, que todos os que fazem essa opção tenham talento, notadamente o de se comunicar por escrito, nem que seja em forma bruta, carecendo de lapidação.
Como se trata de algo muito subjetivo, só posso responder por mim. Minha motivação fundamental (e elas são muitas), é a de passar um recado ao mundo, mais ou menos deste tipo: “Olá, pessoal, eu existo, penso de tal e tal maneira, sonho com isso, isso e aquilo, quero tal e tal coisa, condeno essa e essa e essa atitude”. E vai por aí adiante.
Vislumbro na Literatura uma oportunidade de revelar minha personalidade, gosto, sonhos e ambições. De expor, nem sempre explicitamente (na maioria das vezes colocando na boca de personagens-chaves), meus sentimentos, pensamentos e ideais.
Não escrevo esperando ganhar dinheiro ou conquistar notoriedade (embora se eles vierem, serão, certamente, bem-vindos). Quando estou em processo de criação, costumo dizer (para o horror das mulheres aqui de casa e principalmente das tias beatas) que se trata de “sessão de exorcismo” dos meus demônios interiores. Ou seja, dos instintos ruins e dos pensamentos interditos, que vivem em nosso interior, posto que à nossa revelia.
Faço da Literatura uma espécie de catarse. É uma válvula de escape do que me aborrece, entristece e atormenta. Por isso exalto, quase sempre, o que me entusiasma, alegra e faz feliz. Invariavelmente, quando acabo de escrever (não importa se uma crônica, conto, poema, ensaio ou capítulo de romance), sinto-me leve, desoprimido, com a sensação de quem tira um peso imenso e esmagador das costas.
O resultado prático que advém desse processo é o que menos importa. Claro que me preocupo com os eventuais saldos positivos desse esforço, pois sou obcecado por qualidade. Daí despender dois terços do meu tempo na revisão e apenas um na produção.
Claro que elogios são bem-vindos, mas não por massagearem meu ego (pelo menos não apenas por isso), mas por me indicarem que fui feliz na comunicação e me fiz entendido pelo personagem central da minha atividade, o leitor.
Claro que críticas pertinentes e inteligentes são desejáveis, mas não porque eu seja humilde (não sou) e me submeta docilmente à opinião alheia (não me submeto), mas por ajudarem a guiar meus passos, suprimindo deficiências que não consigo enxergar sozinho e reforçando a insistência nos meus pontos fortes.
Publico tudo o que escrevo, não por vaidade (embora este ingrediente sempre esteja presente) e muito menos para faturar um dinheirinho (apesar de não recusar esse tipo de recompensa de quem se disponha a me pagar), mas para dar sentido prático ao meu esforço e impedir que se torne mero desperdício de tempo.
A intuição me diz que serei, um dia, um escritor muito conhecido e bem-sucedido. Quem não me conhece, interpreta esta convicção não no seu real sentido. Distorce-a e a classifica de “convencimento”, de “mania de grandeza” e de outros tantos adjetivos desairosos, desses tão freqüentes e fartos na boca dos incompetentes, invejosos e dos que só se sentem bem quando conseguem diminuir os outros.
Caso eu não estivesse convicto do sucesso, seria até incoerente. Fosse esse meu sentimento, sequer despenderia tanto tempo e tanto esforço em uma atividade em que não tivesse a menor chance de me sair bem. Todavia, não fico sentado, esperando que a vitória me caia de graça no colo. Empenho-me, da manhã até a noite, do despertar ao adormecer de novo, todos os dias do ano, há já dezenas de anos, para concretizar o que quero.
Você viu o que fez comigo, caro Francisco de Assis? Fez-me falar, de novo, a meu próprio respeito, estimulando a antipatia dos falsamente modestos e dos fracassados de carteirinha, que adoram ostentar seu fracasso sob o disfarce da humildade.
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1 comment:
Como eu leio você há uns dois pares de anos, já conheço parte dos seus pensamentos em relação ao motivo pelo qual escreve. Estranho é que parece que você pensa por mim. Alguns dos seus motivos não são os meus, mas até que poderiam sê-los. Acabo sorrindo da sua sinceridade sobre fama, notoriedade e dinheiro. Pelo que vejo, escrever literatura, muito dificilmente rende independência financeira. Quanto a notoriedade, ser conhecido na nossa família, pelo menos, já é alguma coisa, embora muito pouco para as nossas prentensões.
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