Método de leitura
Pedro J. Bondaczuk
O leitor Paulo Quintanilha, em e-mail que me enviou, observa que ando muito mal-humorado de uns dias para cá. Engano seu, caríssimo. Meu humor continua como sempre foi, ou seja, ótimo. Sou, contudo, enfático em demasia no que escrevo e, principalmente, apaixonado, no sentido lato do termo.
Talvez exagere um pouco na minha ênfase, mas quem me acompanha, na internet e principalmente na mídia impressa há algum tempo, sabe que sou assim e até se diverte quando me manifesto, digamos, de forma um pouco mais incisiva.
Paulo me pergunta se há algum método especial de leitura, para que se possa aproveitar bem o conteúdo dos livros lidos. Claro que o amável leitor se refere àqueles de que fato o têm. Muitos, não passam de enjoativo bla-bla-blá, embora, não raro, apresentem capas atrativas e títulos pomposos.
Não gosto de ditar regras para ninguém. Mesmo sem fazê-lo, meus adversários gratuitos já me acusam de assumir postura de “dono da verdade”, pretensão que nunca tive. Este é um defeito, porém, que não me pode ser imputado e incluído na vasta série dos que de fato possuo.
Mas já que você pediu, e para não dizerem que tenho má vontade com os leitores (o que nunca tive e nunca terei), vou lhe revelar como procedo para extrair o melhor de cada livro. Por favor, não ria, é sério.
Nunca leio obra alguma sem ter uma agenda, destinada exclusivamente a anotações literárias, à mão. Antigamente, eu fazia fichas de leitura, por sugestão do meu inesquecível professor de Português dos tempos de antigo ginásio, Moisés Prates. O método que sigo agora é mais ou menos o mesmo.
Primeiro, anoto, na agenda, os dados essenciais da obra a ser lida, para facilitar posterior consulta, como o título, autor, tradutor (caso se trate de livro estrangeiro traduzido), edição, ano, editora e cidade. O segundo passo é anotar tudo o que me chame a atenção, capítulo a capítulo. Antigamente, eu grifava isso no próprio livro. Hoje, paro a leitura e copio os trechos que considero úteis, anotando, entre parênteses, o capítulo e a página.
É verdade que esse procedimento torna a leitura mais lenta e menos fluente. Isso, no entanto, é proposital, e permite que eu detecte as nuances das colocações do autor, que de outra forma, certamente escapariam. É, sobretudo, manifestação de respeito à inteligência e criatividade de quem escreveu. Ou seja, não me limito a ler um livro, estudo-o, gostando dele ou detestando-o.
Reservo duas horas diárias à leitura (roubadas do meu sono, evidentemente), seja qual dia for, faça chuva ou faça sol, esteja ou não exausto ao cabo de um dia de trabalho ou de uma jornada de lazer. É um hábito que desenvolvi desde criança e que, creio, jamais abandonarei.
A Literatura, ademais, jamais me cansa. Mesmo que me caia em mãos algum livro que não me agrade, nunca considero que ler implique em eventual “perda de tempo”. Sempre é possível aprender alguma coisa seja com qual obra for. No caso de má literatura, por exemplo, na pior das hipóteses, aprendo a como evitar de escrever com impropriedade ou incorreção.
Está vendo, amigo? Meu método de leitura provavelmente não irá ajudá-lo em nada. Aliás, nem asseguro que seja o melhor (e claro, também não o acho o pior). É, todavia, a maneira que utilizo para colher o pólen das preciosidades literárias que me caem nas mãos e, por isso, só posso falar dela e de nenhuma outra.
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
Pedro J. Bondaczuk
O leitor Paulo Quintanilha, em e-mail que me enviou, observa que ando muito mal-humorado de uns dias para cá. Engano seu, caríssimo. Meu humor continua como sempre foi, ou seja, ótimo. Sou, contudo, enfático em demasia no que escrevo e, principalmente, apaixonado, no sentido lato do termo.
Talvez exagere um pouco na minha ênfase, mas quem me acompanha, na internet e principalmente na mídia impressa há algum tempo, sabe que sou assim e até se diverte quando me manifesto, digamos, de forma um pouco mais incisiva.
Paulo me pergunta se há algum método especial de leitura, para que se possa aproveitar bem o conteúdo dos livros lidos. Claro que o amável leitor se refere àqueles de que fato o têm. Muitos, não passam de enjoativo bla-bla-blá, embora, não raro, apresentem capas atrativas e títulos pomposos.
Não gosto de ditar regras para ninguém. Mesmo sem fazê-lo, meus adversários gratuitos já me acusam de assumir postura de “dono da verdade”, pretensão que nunca tive. Este é um defeito, porém, que não me pode ser imputado e incluído na vasta série dos que de fato possuo.
Mas já que você pediu, e para não dizerem que tenho má vontade com os leitores (o que nunca tive e nunca terei), vou lhe revelar como procedo para extrair o melhor de cada livro. Por favor, não ria, é sério.
Nunca leio obra alguma sem ter uma agenda, destinada exclusivamente a anotações literárias, à mão. Antigamente, eu fazia fichas de leitura, por sugestão do meu inesquecível professor de Português dos tempos de antigo ginásio, Moisés Prates. O método que sigo agora é mais ou menos o mesmo.
Primeiro, anoto, na agenda, os dados essenciais da obra a ser lida, para facilitar posterior consulta, como o título, autor, tradutor (caso se trate de livro estrangeiro traduzido), edição, ano, editora e cidade. O segundo passo é anotar tudo o que me chame a atenção, capítulo a capítulo. Antigamente, eu grifava isso no próprio livro. Hoje, paro a leitura e copio os trechos que considero úteis, anotando, entre parênteses, o capítulo e a página.
É verdade que esse procedimento torna a leitura mais lenta e menos fluente. Isso, no entanto, é proposital, e permite que eu detecte as nuances das colocações do autor, que de outra forma, certamente escapariam. É, sobretudo, manifestação de respeito à inteligência e criatividade de quem escreveu. Ou seja, não me limito a ler um livro, estudo-o, gostando dele ou detestando-o.
Reservo duas horas diárias à leitura (roubadas do meu sono, evidentemente), seja qual dia for, faça chuva ou faça sol, esteja ou não exausto ao cabo de um dia de trabalho ou de uma jornada de lazer. É um hábito que desenvolvi desde criança e que, creio, jamais abandonarei.
A Literatura, ademais, jamais me cansa. Mesmo que me caia em mãos algum livro que não me agrade, nunca considero que ler implique em eventual “perda de tempo”. Sempre é possível aprender alguma coisa seja com qual obra for. No caso de má literatura, por exemplo, na pior das hipóteses, aprendo a como evitar de escrever com impropriedade ou incorreção.
Está vendo, amigo? Meu método de leitura provavelmente não irá ajudá-lo em nada. Aliás, nem asseguro que seja o melhor (e claro, também não o acho o pior). É, todavia, a maneira que utilizo para colher o pólen das preciosidades literárias que me caem nas mãos e, por isso, só posso falar dela e de nenhuma outra.
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
No comments:
Post a Comment