Outra vez
Pedro J. Bondaczuk
E outra vez os meus fantasmas
dançam ciranda, em roda,
marcam, com dor, o compasso
e me ensinam lições de angústia...
E outra vez o desamparo do só,
a inconveniência da perda,
os braços que restam vazios
os olhos fixos, vidrados,
os sentimentos vestidos de gris.
E outra vez o pensamento distante,
a solidão vazia do quarto,
a imensa saudade do ontem
que se soma à tristeza de hoje
e à velada incógnita do amanhã...
E outra vez a síntese impossível
dos egos buscando a unidade,
na disparidade de anseios,
na antonímia dos gestos
formando a antítese de mim.
E outra vez a luz da manhã,
tesoura afiada e implacável,
recorta a minha sombra projetada,
em infinitesimal policotomia,
excertos e reflexos de vida...
E outra vez me vejo no labirinto
intrincadíssimo da vida
fugindo da fera assassina
que teima em me barrar a saída,
com uma foice afiada nas mãos,
com olhar opaco, homicida,
da qual procuro escapar
em cega, desabalada corrida,
recusando-me a reconhecer
que a batalha está perdida...
E outra vez o desespero do só,
voz se perdendo em vazios,
mãos não tocando em nada,
pés com sapatos de chumbo
pisoteando pétalas de ideais...
Convívio! Quero o amplo convívio,
lauto banquete, gigante, de idéias,
pois, novamente, meus fantasmas
ensinam-me lições de angústia...
(Soneto composto em Campinas, em 20 de setembro de 1978).
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
Pedro J. Bondaczuk
E outra vez os meus fantasmas
dançam ciranda, em roda,
marcam, com dor, o compasso
e me ensinam lições de angústia...
E outra vez o desamparo do só,
a inconveniência da perda,
os braços que restam vazios
os olhos fixos, vidrados,
os sentimentos vestidos de gris.
E outra vez o pensamento distante,
a solidão vazia do quarto,
a imensa saudade do ontem
que se soma à tristeza de hoje
e à velada incógnita do amanhã...
E outra vez a síntese impossível
dos egos buscando a unidade,
na disparidade de anseios,
na antonímia dos gestos
formando a antítese de mim.
E outra vez a luz da manhã,
tesoura afiada e implacável,
recorta a minha sombra projetada,
em infinitesimal policotomia,
excertos e reflexos de vida...
E outra vez me vejo no labirinto
intrincadíssimo da vida
fugindo da fera assassina
que teima em me barrar a saída,
com uma foice afiada nas mãos,
com olhar opaco, homicida,
da qual procuro escapar
em cega, desabalada corrida,
recusando-me a reconhecer
que a batalha está perdida...
E outra vez o desespero do só,
voz se perdendo em vazios,
mãos não tocando em nada,
pés com sapatos de chumbo
pisoteando pétalas de ideais...
Convívio! Quero o amplo convívio,
lauto banquete, gigante, de idéias,
pois, novamente, meus fantasmas
ensinam-me lições de angústia...
(Soneto composto em Campinas, em 20 de setembro de 1978).
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